O presidente da Câmara dos Deputados já foi condenado pela Justiça Alagoana por improbidade administrativa em 2012. Hoje, vários assessores aliados alvos de investigação da PF sobre esquemas de corrupção envolvendo kits de robótica para escolas públicas.
Lenilda Luna | Maceió
BRASIL – Arthur Lira, atualmente deputado federal por Alagoas, possui uma trajetória política repleta de controvérsias e acusações de corrupção. Sua carreira política começou como deputado estadual no estado, onde seu nome ficou associado a um dos escândalos mais emblemáticos, a Operação Taturana.
A Operação Taturana, deflagrada em 2007, revelou um esquema de desvio de recursos públicos por parte de parlamentares alagoanos, incluindo Arthur Lira. O objetivo do esquema era apropriação indébita de verbas destinadas ao pagamento de salários de assessores parlamentares, através da contratação de funcionários fantasmas. Arthur Lira foi denunciado por participação nesse esquema, sendo acusado de peculato e lavagem de dinheiro.
Ainda como resultado da operação Taturana, Lira foi condenado pela Justiça de Alagoas, em 2012, a devolver recursos de empréstimos fraudulentos. No processo aberto em 2006, ficou constatado que parlamentares fizeram empréstimos em dois Bancos conveniados, mas quem pagava a dívida era a Assembleia Legislativa, com dinheiro dos cofres públicos.
Ao longo dos anos, Lira acumulou uma série de denúncias e investigações, sempre relacionadas a casos de corrupção. Ainda em 2012, ele foi alvo de uma denúncia do Ministério Público Federal por suposta participação em um esquema de desvio de recursos da Petrobras. No entanto, o Supremo Tribunal Federal arquivou o processo por falta de provas.
Em 2016, durante o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, Arthur Lira votou a favor, mesmo sabendo que as supostas pedaladas que foram usadas para justificar o golpe não chegassem nem perto do que ele já aprontou na vida pública. Evidente que essa postura serviu para deixar mais clara as motivações políticas e possíveis acordos nos bastidores. Essas suspeitas foram agravadas pelo fato de que Lira era líder do PP na Câmara dos Deputados na época e seu partido estava envolvido em casos de corrupção investigados pela Operação Lava Jato.
Além disso, Lira também foi mencionado nas delações premiadas de executivos da empreiteira Odebrecht, sendo acusado de receber propina em troca de favorecimento em contratos públicos. Como aconteceu em outras ocasiões, as denúncias não resultaram em processos formais contra ele até o momento.
No dia 13 de junho, foi denunciado pela Agência Sportlight que um policial civil aliado de Lira comprou uma fazenda de 1 milhão de metros quadrados e fez contratos que somam mais de 1 bilhão de reais em todo país com governos locais e federal. De acordo com a reportagem, o policial Murilo Sérgio Jucá Nogueira Junior recebe um salário de 10 mil reais e ainda assim é dono de sete empresas com um capital de R$ 23 milhões. A suspeita da investigação é de que Nogueira seja algum tipo de laranja no esquema de corrupção dos kits de robótica.
A quantidade de vezes em que o presidente da Câmara foi denunciado em casos de corrupção é um indicativo alarmante de sua conduta política. Embora alguns processos tenham sido arquivados ou não tenham resultado em condenação, as denúncias constantes indicam o caráter da vida política de Lira.
A sociedade não pode mais tolerar que políticos com esse histórico tenham poder para liberar verbas sem transparência, como aconteceu no chamado Orçamento Secreto. Não é surpresa ver o nome do político alagoano mais uma vez envolvido em investigações como a do superfaturamento de Kits de Robótica. As evidências indicam participação de assessores ligados a Arthur Lira em distribuição de maletas de dinheiro em Alagoas e Brasília. A própria ex-esposa do deputado o acusa de corrupção.
Como vemos, o Estado capitalista não é capaz de combater a corrupção, porque nesse sistema, o lucro está acima da vida, da ética e das leis. Ou nos organizamos para mudar a sociedade e toda essa estrutura apodrecida ou vamos continuar vendo o enriquecimento ilícito ser admitido com a mesma naturalização criminosa com que são ignoradas as 33 milhões de pessoas esfomeadas nesse país.
O grande problema desse País está na cadeia de amizades organizadas por políticos envolvidos e/ou acusados de corrupção.
Eles procuram ao máximo de relacionarem com membros do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Controladoria, e até com delegados.
Mas, porque isso?
Claro que só tem um objetivo. Interesse em serem blindados quando da persecução penal.