Em 28 de junho de 1969, o povo revidou à batida policial e o evento ficou conhecido como a Revolta de Stonewall, considerado o estopim para o movimento LGBTIA+ moderno. Torna-se também necessária a oficialização de um movimento LGBTIA+ que esteja nas ruas todos os meses do ano, lutando para que as pessoas não precisem mais andar nas ruas com medo.
Yan Gurgel | Olinda (PE)
LUTA POPULAR – Em 28 de junho de 1969, uma batida policial ocorreu no bar Stonewall Inn. em Nova Iorque, nos Estados Unidos, num bairro chamado Greenwich Village. Durante os próximos seis dias, os frequentadores do bar iniciaram uma revolta contra a violência e a repressão pelas quais passavam frequentemente. Nesse período, ser uma pessoa LGBTIA+ era crime e patologia, e a comunidade estava exausta e revoltada por ter que viver escondida, marginalizada.
Com base em desculpas como a falta da licença para vender bebidas alcoólicas – necessária por conta da Lei Seca dos Estados Unidos na época – o controle da máfia sobre o bar, a proibição da venda de bebidas alcoólicas para estabelecimentos “considerados gays” autoridade estatal, entre outras, policiais criminosamente costumavam invadir Stonewall para atacar, reprimir e humilhar pessoas queer.
Fato é que, em 28 de junho de 1969, o povo revidou à batida policial e o evento ficou conhecido como a Revolta de Stonewall, considerado o estopim para o movimento LGBTIA+ moderno.
Atualmente, no mês de junho comemora-se o orgulho LGBTIA+ devido aos heróis que defenderam suas vidas em Stonewall contra a tirania elitista policial. Por conta disso, uma das atividades que ocorre anualmente, em São Paulo, é a Parada do Orgulho LGBTIA+, considerada a maior do mundo. Entretanto, a parada ocorre no país que mais mata pessoas da comunidade no planeta, de acordo com dados apresentados no 19º Seminário LGBTIA+ do Congresso Nacional, aprovado pela Comissão de Legislação Participativa.
A expectativa de vida de uma pessoa trans no Brasil é de 35 anos, dado que continua sendo sustentado pela ameaça fascista alimentada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. É necessária a reflexão, principalmente para a juventude revolucionária, sobre o motivo pelo qual esse paradoxo continua existindo.
O movimento LGBTIA+ no Brasil e no mundo alcançou conquistas importantes, ao longo de muitos anos de luta. Uma das principais e primeiras conquistas ocorre em 1985, quando o Conselho Federal de Medicina retira a homossexualidade do catálogo de doenças. Só em 2018, o Conselho Federal de Psicologia passou a orientar os profissionais da área para que a transexualidade e a travestilidade não fossem mais consideradas patologias.
Em 2019, a 72ª Assembleia Mundial da Saúde decidiu que a Organização Mundial de Saúde finalmente retirasse a identidade de várias pessoas ao redor do mundo da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, o famoso CID.
Mas a vida de gays, lésbicas, transexuais, travestis, assexuais, bissexuais, pansexuais e não-bináries continua sendo invalidada e assassinada todos os dias por conservadores, traidores de classe, fascistas e neonazistas, que fomentam ódio baseado em interesses próprios. Não há como falar sobre o mês do orgulho sem falar sobre essa contradição.
Ressalta-se a importância de comemorar as conquistas do movimento, como a Parada do Orgulho LGBTIA+, que também é uma conquista importantíssima e que luta todos os anos para continuar reivindicando mais e mais direitos.
Mas a crítica deve ser sempre utilizada e torna-se necessário que essas comemorações sejam consideradas pelo povo trabalhador, principalmente LGBTIA+, como manifestações de luta contra a lgbtfobia no mundo. Portanto, torna-se também necessária a oficialização de um movimento LGBTIA+ que esteja nas ruas todos os meses do ano, lutando para que as pessoas não precisem mais andar nas ruas com medo.