A Verdade reproduz entrevista realizada pelo jornal En Marcha, do Equador, com Sebastián Cevallos, diretor nacional da Unidad Popular. Os partidos Unidad Popular, Democracia Sí, Partido Socialista Equatoriano e o movimento Somos Água se uniram na aliança de esquerda “Claro que se puede” (Claro que é possível), para lançar a candidatura do líder indígena Yaku Pérez à Presidência da República.
Redação
En Marcha – O que é o movimento “Claro que se puede”?
Sebastián Cevallos – É uma aliança de esquerda que busca enfrentar o neoliberalismo e a direita. É um projeto de unidade político-eleitoral, formado pelas listas 2 (Unidad Popular), 17 (Partido Socialista Popular), 17 (Partido Socialista Equatoriano) e 20 (Democracia Sí), movimentos progressistas democráticos e movimentos de caráter local, que buscam incorporar outros setores sociais organizados. Acreditamos que o trabalho político não é apenas responsabilidade dos partidos, mas dos trabalhadores e do povo.
Decidimos formar essa aliança que representa os interesses dos trabalhadores da cidade e do campo, da juventude, das mulheres e dos povos originários do Equador. Teremos nas eleições uma pessoa nascida do movimento indígena, que sempre defendeu o meio ambiente, a terra, a vida, que é forjada no movimento social e popular. Estamos promovendo a candidatura de Yaku Pérez.
Quais são as características dessa aliança?
A aliança reúne forças que vêm lutando há vários anos contra o correísmo, por causa de seu caráter autoritário, extrativista e corrupto; contra os governos de direita, que deixaram nosso país na grave crise que atravessa e que foram incapazes de resolvê-la; lutamos para defender a soberania, os recursos naturais e os direitos dos trabalhadores rurais e urbanos.
Nossa carta de apresentação é esta defesa dos interesses populares, que será a parte principal de nosso plano de governo, construído com a participação democrática das organizações membros da aliança, e que levará em conta, como eixos programáticos, as necessidades do povo equatoriano: segurança, educação, estradas, reativação econômica, saúde, entre outras.
Como as listas serão estruturadas?
A formação da aliança implica que, para obter resultados positivos que trarão mudanças, devemos apresentar listas unidas para membros da Assembleia Nacional e Provinciais. Além disso, representa a plurinacionalidade, um elemento fundamental para a formação de um governo. “Claro que se puede” demonstra uma renovação de quadros, com candidatos que nasceram nas lutas do povo e que têm uma profunda convicção patriótica e democrática.
Como vocês trabalharão durante a campanha para levar a proposta aos setores organizados e aos povos do Equador?
A candidatura de Yaku Pérez é a única que conta com a participação real do movimento social e popular equatoriano. Não há nenhuma outra candidatura que tenha o ímpeto do povo e que seja fortalecida pelo trabalho e pela experiência dos trabalhadores, dos camponeses. Essa é uma campanha de relações diretas com os setores populares, nas ruas, em assembleias de bairro, em comícios e reuniões. Por esse motivo, estamos formando núcleos de apoio a Yaku Pérez em cada um dos bairros, comunidades e cidades, além de comitês itinerantes, a fim de realizar visitas permanentes para transmitir e levar a proposta da esquerda a todas as regiões do país.
Quais são as orientações que devem ser cumpridas para alcançar o sucesso com Yaku como presidente e as candidaturas nacionais?
Temos diante de nós uma oportunidade histórica de transformar a esquerda na única alternativa político-eleitoral para deixar para trás o passado sombrio de corrupção, fraude, manobras e clientelismo. Cabe aos revolucionários alcançar a vitória em cada uma das comunidades e territórios, demonstrando que existe uma alternativa ao Governo Lasso e ao correísmo, uma alternativa popular para mudar nosso país.
Entrevista publicada na edição nº 273 do Jornal A Verdade.