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domingo, 5 de maio de 2024

Greve dos metroviários de Recife

Paralização dos metroviários nos dias 12 e 13 de Julho na estação central em Recife. Foto: Anderson Nascimento

“… A principal arma dos metroviários, assim como os demais trabalhadores, é a GREVE. Quando se faz essa opção, não é só uma luta pelo seu trabalho, é uma luta pelos passageiros e pelo Brasil.”

Jesse Lisboa – UJR PE


Os metroviários da Região Metropolitana do Recife estão avaliando a possibilidade de realizar uma greve em meio a um impasse nas negociações salariais e condições de trabalho com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). A categoria busca melhorias em suas condições de trabalho e a preservação de direitos conquistados, mas até o momento não chegou a um acordo com a empresa.

A situação tem gerado apreensão entre o povo, que depende diariamente do transporte público para se deslocar pela cidade. A paralisação de 24 horas ocorrida anteriormente, que afetou a operação do metrô entre a quarta-feira (12) e a quinta-feira (13), já demonstrou o potencial impacto da greve nas atividades da cidade.

O Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro) tem liderado as negociações em nome dos trabalhadores, buscando garantir melhores condições salariais e benefícios, além de garantias trabalhistas em caso de concessão pública ou privatização do Metrô do Recife. A proposta apresentada anteriormente incluía um aumento de 15% no salário-base, entre outros pontos de interesse da categoria, mas não obteve a aprovação do governo federal.

O presidente do Sindmetro, Luiz Soares, destaca que a categoria aceitou ceder em algumas das reivindicações, validando uma proposta de acordo coletivo que foi enviada à Companhia, mas que foi rejeitada pelo governo federal. Essa recusa gerou insatisfação entre os trabalhadores, que se sentem prejudicados diante da falta de avanços nas negociações.

A falta de resposta e de avanços nas negociações tem gerado tensões e adiamentos das reuniões previstas entre o sindicato e a CBTU Recife. A categoria está preocupada com a possibilidade de que seus direitos sejam comprometidos e que as condições de trabalho se deteriorem ainda mais. Os metroviários de Recife têm demonstrado sua força durante todo o processo de negociação, e a greve é considerada uma possibilidade real caso não haja avanços significativos nas próximas rodadas de negociação.

A situação dos metroviários do Recife destaca a importância de se valorizar o trabalho e os direitos da classe trabalhadora. No texto Sobre as Greves, Lênin ressalta a importância das greves como uma “escola de guerra”, onde os trabalhadores aprendem a se unir, apresentar reivindicações e lutar coletivamente pelos seus direitos. Da mesma forma, os metroviários do Recife têm encontrado na greve uma forma de demonstrar a indignação e resistir à exploração do capitalismo, que visa reduzir custos em detrimento do bem-estar da classe trabalhadora.

A união e organização desses trabalhadores são fundamentais para fazer frente ao poder do capital e do governo, que muitas vezes não garantem seus direitos e asseguram a manutenção do status quo. Através da união e da luta coletiva, a classe trabalhadora pode fortalecer sua posição na busca por melhores condições de trabalho e remuneração justa. A conscientização, a organização e a solidariedade são instrumentos fundamentais para enfrentar os desafios impostos pelo sistema capitalista.

Em recente assembleia, o jornal A VERDADE esteve presente e aproveitou para entrevistar um trabalhador da categoria, Igor Melo que trabalha na CBTU desde 2015. Segue abaixo a entrevista.

A VERDADE – Como você vê a expansão do metrô de Recife?

Igor Melo – Em 2009, durante o segundo mandato do governo de Lula, último trecho da Linha Sul do Metrô da RMR foi inaugurado e desde então, não foram feitos investimentos de ampliação do metrô e os repassem para manutenção sempre foram cortados todos os anos para valores insuficientes. Por isso tivemos a queda na qualidade do serviço prestado para a população e a diminuição das condições dos trabalhadores em jornadas de trabalhos exaltantes, sem os equipamentos necessários para a execução das suas atividades.

A sua expansão é necessária, pois a RMR não é a mesma de 2009. Temos que fazer estudos de longo prazo que incluam, de forma direta, as outras cidades da Região Metropolitana dentro do sistema, hoje o metrô só está presente em 4 das 14 cidades da região.

A dedicação dos trabalhadores para que o sistema continue funcionando demonstra o reconhecimento que a operação do metrô no direito de ir e vir dos passageiros e, indiretamente, na mobilidade de toda a região. O metrô, além de ser o único transporte para diversas pessoas, diminui a quantidade de ônibus, carros e motos das vias, com isso também se tem a redução na emissão de gases poluentes, poluição sonora, acidentes de trânsito e degradação das ruas.

Uma das 29 estações do metrô de Recife. Foto: Igor Melo

O que visa a tentativa de privatização do metrô?

As empresas privadas, que tem o lucro como objetivo principal, diminuirão as despesas fazendo cortes nos gastos de manutenção, isso impacta na segurança da operação como se vê nas reportagens das linhas do Rio de Janeiro e de São Paulo que foram privatizadas, e reduzindo as condições de trabalho dos empregados incluindo demissões, diminuição salarial e a receita será com o aumento da passagem, essas ações que vão gerar o seu lucro da empresa privada.

Os valores arrecadados pelas passagens não cobrem a atual despesa do metrô e se pensarmos em um sistema ampliado, com mais linhas, esta despesa aumentará bastante. Como empresa pública, a atual diferença entre a despesa e a receita é feita pelo Governo Federal, se fosse privada teria que se repassar totalmente aos passageiros através da tarifa. Ao invés de estudar maneiras de se aumentar o repasse do Governo que possibilite uma passagem mais barata, ou até uma tarifa zero, estaríamos assim transformando o direito de ir e vir pelo transporte público exclusivo de quem poderá pagar as altas passagens.

Quais a lutas desenvolvidas hoje pela categoria dos metroviários?

Os metroviários lutam para que se tenha um serviço de qualidade para a população, que os empregados tenham um ambiente de trabalho adequado, que a empresa cresça para se tornar uma referência técnica no Brasil. A principal arma dos metroviários, assim como os demais trabalhadores, é a GREVE. Quando se faz essa opção, não é só uma luta pelo seu trabalho, é uma luta pelos passageiros e pelo Brasil.

A atual luta é motivada para que o Governo atenda a exigência da categoria no Acordo Coletivo, retire o metrô do plano de desestatização, faça investimentos na recuperação do sistema, e envie verbas para a sua ampliação. O metrô foi sucateado pelas gestões anteriores, principalmente após 2016, que o fez intencionalmente para colocar a população contra os empregados e para iludir que uma privatização seria uma solução.

Assim, é fundamental unir a população à luta dos metroviários, pois o fruto principal desta luta é para um transporte de qualidade executado por profissionais reconhecidos por seu trabalho. Sabemos que é uma luta difícil e que as pessoas são impactadas nos dias de greve, mas temos que ter como horizonte a melhoria do metrô PÚBLICO e para TODOS!

 

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1 COMENTÁRIO

  1. Pernambuco está fervendo! A governadora do Raquel Lyra do PSDB vem atacando toda classe trabalhadora, várias categorias estão lutando, e algumas já anunciaram greve para a próxima semana: profissionais de educação, motoristas de ônibus e os metroviários.
    “A cidade não para
    A cidade só cresce
    O de cima sobe
    E o de baixo desce”

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