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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Jundiaí e região se unem na luta pela revogação do Novo Ensino Médio.

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Estudantes, professores, artistas e militantes se reuniram em atos contra o Novo Ensino Médio, rodas de debates, saraus e brigadas do jornal A Verdade.

Sophia Soares* e Raul Gondim* | Jundiaí e região


EDUCAÇÃO – O 2⁰ ato pela revogação do Novo Ensino Médio (NEM) em Jundiaí e região aconteceu três dias após o dia nacional decretado pela UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) que uniu secundaristas, professores e pais na luta pelo fim do sucateamento da educação pública.

Tal ato foi organizado pela UJC (União da Juventude Comunista) e contou com a presença da UP (Unidade Popular pelo Socialismo) e do CS (Centro Socialista), unidos na Praça da Matriz, região central de Jundiaí.

Contando com secundaristas de diversas regiões da cidade os manifestantes empunhavam cartazes e repetiam palavras de ordem que demonstravam toda sua insatisfação com o sistema vigente. Houve espaço para falas e todos tiveram a oportunidade de denunciar e relatar o quanto a reforma prejudicou a todos.

O assunto mais relatado em discursos foi como a burguesia ataca a educação em busca do lucro e como isto acaba por priorizar o ensino elitista privado, enquanto escolas públicas periféricas sofrem cada vez mais desigualdade.

Jade, representando a juventude da Unidade Popular, discursou: “Devemos lutar todos os dias, não apenas em atos e datas simbólicas, não só contra a reforma do novo ensino médio, porque se depender da boa vontade do Estado, eles vão aprovar e botar em prática todas estas reformas”.

Ao final do ato todos presentes se juntaram a um só coro trazendo o já conhecido: “Lutar! Criar! Poder popular!”.

A brigada do jornal A Verdade ocorreu após a manifestação, sendo de importância ressaltar a aderência e interesse dos jovens ao jornal, com a conscientização que veio através da juventude.

2⁰ ato pela revogação do Novo Ensino Médio em Jundiaí e região (Foto: Sophia Soares/ UJR. Jundiaí.)

Ato em Caieiras pela revogação do NEM

Onze dias após o ato nacional organizado pela UBES sacudir o país apontando as contradições da reforma do Novo Ensino Médio, o JEM (Juventude em Movimento) organizou um ato em Caieiras com participação de militantes da Unidade Popular, da Esquerda Marxista e de coletivos de hip-hop da cidade.

Assim como o ato da UBES, a pauta deste foi pela revogação da excludente reforma do NEM. Foi realizada por jovens da cidade que, inclusive, participaram dos atos em São Paulo e sentiram a necessidade de fortalecer a organização estudantil na própria cidade e região.

O JEM se uniu aos coletivos de Hip-Hop para mobilizar a juventude da cidade para o enfrentamento travado por aqueles e aquelas que defendem não só uma educação de qualidade, mas também uma nova sociedade.

Estiveram presentes o Coletivo Prelúdio, o Mangueio Filmes e o Deliricamente. A UP também esteve presente, com a participação de militantes de Caieiras e da região que apontavam nas suas falas de maneira crítica e radical as causas e os efeitos das desigualdades que estruturam o nosso país, expondo quem, de fato, são os verdadeiros catalisadores das desgraças que assolam a juventude e a classe trabalhadora.

A manifestação começou com a confecção de cartazes, onde expressaram neles sua revolta com o sistema educacional, político e socioeconômico vigentes. Dois deles são os cartazes que diziam: “Pobre formado derruba o Estado” e “Não estamos aprendendo”. Neste momento se estabeleceu uma troca muito rica de experiências e pensamentos entre os jovens, de construção coletiva de uma consciência comum de revolta e conhecimento.

Depois, foi organizada uma roda de debate democrático sobre o Novo Ensino Médio, em que todos tiveram abertura para expor seus pensamentos, vivências, questionamentos. Alunos e professores fizeram falas para expor a realidade imposta pela reforma. Um deles foi o professor de filosofia Miguel Oliveira, que deu o seguinte depoimento da sua experiência no NEM:

“Sou professor de filosofia e estou dando aulas de matemática nos itinerários. Como posso dar aulas de algo que não sou formado? Me formei em filosofia, não em matemática. Somos obrigados a ensinar sobre temas que nunca vimos e que não servem de nada para os alunos.”

A insegurança e a inconformidade transmitida nessas falas revelam concretamente os efeitos que a medida do ex-presidente golpista, Michel Temer (MDB), e da direita, que criaram e aprovaram o NEM, causam na realidade dos docentes e discentes.

A UP contribuiu ativamente com o debate. Além de denunciar com afinco o Novo Ensino Médio, apontou como horizonte de suas lutas a construção de uma nova sociedade, de um novo sistema educacional que somente com a superação do capitalismo pode ser alcançada, e defenderam a extinção dos vestibulares, que apenas servem como filtro social, racial e de gênero.

Argumentaram que todos devem ter acesso gratuito ao conhecimento e à formação profissional. Que, embora a revogação do NEM seja a pauta imediata, não é a única. Se posicionaram firmemente contra os vestibulares e monopólios privados da educação ao afirmarem nas suas falas que eles têm que acabar pelo futuro da juventude trabalhadora.

Após o debate se iniciou o momento Hip-Hop. Os coletivos, antes da apresentação, falaram sobre as dificuldades que enfrentam diariamente como jovens periféricos e artistas independentes. Falaram sobre a cena cultural da cidade sob o mandato do prefeito bolsonarista Gilmar Lagoinha (MDB), e o abandono de importantíssimos espaços culturais do município no pós-pandemia.

Fizeram questão, também, de destacar a necessidade da revolução socialista. De que não há atadura que cure e nem reforma que conserte o sistema capitalista. E colocaram como ponto essencial a união e a coletividade, características estruturantes do Hip-Hop.

O ato continuou com um sarau de exposição livre de poemas autorais. Rappers da cidade também cantaram suas músicas e, no final, uma roda de break se formou e todos aproveitaram o resto da noite.

Roda de debate democrático sobre o NEM, com participação ativa da UP (Foto: Jean Siqueira/UP. Caieiras)

Por que exigimos a revogação do Novo Ensino Médio

O jornal A Verdade tem matérias fundamentais para compreender o que é o NEM e porque devemos enfrentá-lo, por exemplo “A farsa do Novo Ensino Médio”, escrita pela camarada Carolina Carneiro e pelo camarada Eduardo Doege.

É extremamente importante compreender o NEM como uma reforma que não foi feita para aprofundar a criticidade da juventude, mas sim as desigualdades sociais. Que foi feita propositalmente para aprofundar o abismo entre a realidade das escolas públicas e as escolas particulares, entre as periferias e os centros; entre as condições de vida dos trabalhadores e da burguesia.

A Lei 13.415/2017, criada e aprovada pelo governo Temer (MDB), e implementada na pandemia em 2022 pelo ex-presidente fascista Jair Bolsonaro (PL), busca atender aos interesses de bancos e empresas (como a Fundação Lemann e o Itaú) que lucram com a comercialização do ensino no Brasil. Que endividam a população com financiamentos estudantis de juros altíssimos, e lucram com a destruição do ensino público.

A proposta foi imposta pelo ex-presidente sem estabelecer diálogo com a comunidade escolar nem proporcionar suporte material para as escolas. Camuflaram como “novo” um modelo retrógrado de ensino que atrasa o aprendizado e não coloca o conhecimento crítico como elemento central. Que aumenta a carga horária geral superficialmente, pois reduz o tempo de estudo com as matérias regulares, substituindo-as por “itinerários”.

Apesar das propagandas que velam as verdadeiras intenções daqueles que defendem o NEM, o sucateamento da educação pública segue e se aprofunda graças ao Teto de Gastos, também de Michel Temer, que impõe limite nos investimentos públicos com educação, saúde, moradia. Impor a escola integral sem oferecer base material para sustentá-las, que, inclusive, já precisavam de investimento no tempo regular, é um descaso sem tamanho.

E agora?

Hoje, assim como na história da luta de classes, sobra a nós, os explorados, reagir e encarar nossos algozes. A única opção que o povo encontra é se organizar e lutar pelos seus direitos. Luta essa que não é abstrata, mas que tem caráter de classe e de disputa por um futuro novo entre revolucionários e conservadores.

Isso se reflete no movimento estudantil. Com isso, é necessário lembrar das mais de 200 ocupações secundaristas em 2015 no estado de São Paulo que frearam o ex-governador Geraldo Alckmin e a “reorganização das escolas públicas” que fecharia 93 escolas.

Recordar também de 2016, quando em todo o Brasil tiveram mais de mil ocupações estudantis justamente contra a MP 746 que serviu de base para a lei N° 13.415/2017, o Novo Ensino Médio.

Precisamos urgentemente recuperar essa disposição revolucionária da juventude. Retomar as mobilizações e ocupações é tarefa da juventude revolucionária, que deve utilizá-las como ferramentas de luta pelo poder popular.

Não se deve esperar da democracia burguesa que algo caia do céu como uma dádiva de governos reformistas que, às vezes, olham para nós. É justamente a pressão popular nas ruas, bairros, vilas e favelas que é capaz de pautar suas políticas.

Apenas a luta radical, concreta e coletiva daqueles e daquelas que se dispõem a fundar um novo país, longe das garras das explorações e opressões, pode conquistar algo sólido.

*Militantes da UJR

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