Durante culto, o pastor evangélico André Valadão incentivou seus fiéis ao
assassinato de pessoas LGBTIA+, utilizando da frase “se eu pudesse, matava
tudo e começava de novo”, se aproveitando da fé cristã para argumentar
a favor de um extermínio.
Alice de Paula e Taís Canel* | Mogi das Cruzes
BRASIL – Apesar de ainda ser defendido pelas alas e personalidades fascistas dentro do governo, a resposta geral da sociedade brasileira está sendo positiva, mas ao mesmo tempo nos mostra explicitamente as falhas existentes na “democracia” burguesa.
A mais óbvia é a vagareza do procedimento legal e a quantidade de processos necessários para incriminar tal atitude tão obviamente imoral e ilegal. Mas após essa primeira análise, o povo pode, num raro momento, observar algo que nós da comunidade vivenciamos todo dia: a violência diária que tem pouca, ou nenhuma repercussão.
Tal pastor fascista e LGBTIA+fóbico pode, um dia, até ser preso, mas o que se faz em relação à violência que trouxe às lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, travestis, intersexo, assexuais, pansexuais, não-bináries, dentre outres, com suas palavras?
O que se faz em relação às pessoas assassinadas não apenas pelas ações do pastor, mas as ações de todos os outros propagandistas financiados pelo sistema burguês para trazer violência ao nosso povo? O que pode a tal “democracia capitalista” fazer para defender o povo brasileiro, quando o nosso sofrimento beneficia a classe dominante?
O que se fez em relação ao peso fascista imenso que o povo ainda carrega do legado da ditadura militar sanguinária, racista, homofóbica, transfóbica, que tais propagandistas do capitalismo defendem tão religiosamente?
A resposta desse sistema capitalista que nós vivemos é: nada.
Nada se faz a respeito, porque o sofrimento do nosso povo é o lucro da classe dominante. Toda vez que nosso povo é oprimido, seja pela polícia por questões raciais, seja num caso de violência doméstica pelo machismo estrutural, seja numa agressão ou assassinato
por questões de sexualidade ou gênero, isso enriquece a classe dominante, nos forçando a trabalhar mais por menores salários, a pagar por um sistema de saúde privado, nos forçando a nos distrair dos sofrimentos diários da nossa classe através do uso de redes sociais, dentre outros meios de manipulação de massas.
Ao utilizar de datas históricas e momentos de vitória da nossa classe, como o dia da mulher trabalhadora e o dia do orgulho LGBTIA+, para promover um apoio dissimulado às nossas causas e nos vender lixo, produzido em massa, pelas próprias mãos dos oprimidos que os capitalistas dizem estar ao lado.
Não existe saída, ou solução para a transfobia, a homofobia, o racismo, o machismo, se não a derrubada desse sistema capitalista podre, e a tomada de poder pela classe trabalhadora e organização de um sistema socialista onde o lucro sobre nossas vidas não existe.
*Casal de mulheres trans.