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quarta-feira, 1 de maio de 2024

A luta pela prisão de Bolsonaro e seus cúmplices

A derrota dos setores fascistas passa, centralmente, por um amplo trabalho de base que dê condições de desenvolvermos um combativo e forte movimento popular que articule o conjunto das forças políticas e movimentos sociais de esquerda e os milhões de pessoas antifascistas que foram as ruas nas jornadas de luta de 2021 e no segundo turno das eleições presidenciais.

Leonardo Péricles | Presidente Nacional da UP


BRASIL – No dia 30 de junho de 2023, após julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro foi condenado a ficar inelegível por oito anos por abuso de poder político, uso indevido dos meios de comunicação e críticas infundadas sobre a segurança do processo eleitoral. Foi um capítulo importante no sentido da responsabilização do ex-capitão fascista que tudo fez para atacar a limitada democracia burguesa e as urnas eletrônicas e promover um golpe militar no Brasil. No entanto, embora a inelegibilidade seja um avanço importante, o TSE não puniu o General Braga Neto (vice na chapa de Bolsonaro em 2022), não cassou o mandato dos parlamentares envolvidos diretamente com as tentativas de golpe. Lembremos também que, tornar Bolsonaro inelegível é somente uma parte da luta pela punição aos diversos crimes cometidos por ele. A luta pela responsabilização e prisão de Bolsonaro deve continuar e ser estendida aos seus cúmplices responsáveis pelo fracassado Golpe Fascista de 08 de janeiro de 2023. 

Outros crimes

Cabe ainda julgar o ex-capitão fascista cível e criminalmente pelo genocídio em relação aos povos indígenas e as negligências, negacionismo e ações promovidas durante o momento de pandemia da Covid-19 e que resultou na morte de milhares de brasileiros. Também há os casos de corrupção (rachadinhas, joias das arábias, dentre outros) e a prevaricação e improbidades administrativas cometidas por sua gestão e por seus cúmplices e aliados. O alto comando das Forças Armadas não pode também ficar impune na história, pois vários generais estiveram presentes e incentivaram pela internet o desrespeito às eleições e à vontade soberana do povo. Além disso, tiveram papel determinante no Golpe Institucional de 2016, na eleição de Bolsonaro e nos diversos intentos golpistas. Traíram o povo e devem ir a julgamento pelos crimes de lesa-pátria que cometeram.

Defender a memória, verdade, justiça e reparação

A luta pela prisão de Bolsonaro e seus cúmplices deve ser encarada ainda para abrir uma fenda que permita o início de um rompimento com a impunidade dos de cima, para que nosso povo possa acertar contas com seu passado e presente. Trata-se de abrir as portas da história do Brasil a fim de combater a cultura de violência, originada no processo de genocídio e escravidão contra povos indígenas e negros, aprofundados nas ditaduras no século 20. Processo este que moldou as classes dominantes brasileiras (autoritárias, violentas, racistas, patriarcais, entreguistas e antipovo), que em nossa história sempre impediram que políticas de reparação e independência, como a realização de uma profunda reforma agrária e de demais mudanças estruturais que melhorariam a vida da classe trabalhadora e do povo, pudessem acontecer em nosso país. 

Outro acerto de contas fundamental é trazer à tona o envolvimento das forças armadas com a ideologia fascista e como agem de forma violenta para defender os interesses das classes dominantes. Sem dúvida, na prática, as Forças Armadas foram formadas reprimindo e sufocando quilombos e revoltas populares, assassinando patriotas e revolucionários, promovendo golpes militares de acordo com os interesses norte-americanos. Responsabilizar estes assassinos, torturadores e estupradores do passado, significa resolver um processo histórico que pode permitir que acertemos conta com a impunidade do presente vivida pelos algozes da população negra das periferias e dos povos tradicionais e indígenas. 

Derrotar o fascismo com a luta de massas 

Generais fascistas que desenvolveram a tentativa de golpe no dia 08 de janeiro, seguem nos altos postos de comando e de poder, mesmo no atual governo. O Congresso Nacional tem maioria da extrema direita que trabalha para atender aos interesses da classe dominante. A derrota destes setores passa, centralmente, por um amplo trabalho de base que dê condições de desenvolvermos um combativo e forte movimento popular que articule o conjunto das forças políticas e movimentos sociais de esquerda e os milhões de pessoas antifascistas que foram as ruas nas jornadas de luta de 2021 e no segundo turno das eleições presidenciais. 

O fascismo não é, portanto, algo passageiro, é uma política internacional desenvolvida pela aristocracia financeira, o agronegócio e o grande empresariado, com o intuito de garantir a superexploração da classe trabalhadora e impedir a liberdade de greve, de organização e de expressão. É necessário mobilizar e ocupar as ruas de todo o Brasil. Este processo deve retomar um movimento popular que consiga articular diversas lutas sociais, manifestações, ocupações urbanas, rurais, retomadas, paralizações e, principalmente, as greves, colocando a classe trabalhadora como protagonista dos enfrentamentos, combinando as reivindicações do povo por melhorias imediatas de sua vida com pautas políticas gerais, sendo a principal a prisão de Bolsonaro e dos golpistas de 08 de janeiro. Lutemos!

Matéria publicada na edição nº 275 do Jornal A Verdade.

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