Estudantes lançam campanha de arrecadação de alimentos e de apoio irrestrito contra a violação de direitos que o corpo estudantil de outra universidade localizada no Recôncavo baiano tem sofrido.
Jéssica de Souza, Ominjaré e Lúcio Franco* | Cachoeira, Santo Amaro e Santo Antônio de Jesus – BA
LUTA POPULAR – Estudantes da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) se manifestam em solidariedade aos estudantes da Universidade da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira – Campus Malês (UNILAB) localizada na cidade de São Francisco do Conde (BA). Repudiamos o descaso e violação da dignidade dos discentes da UNILAB que são em quase toda sua totalidade negros (98% do corpo estudantil) vindos de África, afro-brasileiros, quilombolas e indígenas. Destacamos que não ignoramos a prática racista da violação de direitos básicos à subsistência dos estudantes negros e negras da universidade.
Diante do projeto de sucateamento progressivo, e, consequente, encerramento das atividades do restaurante universitário (RU) na UNILAB a situação de insegurança alimentar vivida pelos discentes em situação de vulnerabilidades socioeconômica foram potencializados. O momento exige que que entidades de base do movimento estudantil e movimentos sociais que atuam na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) se mobilizassem, a citar: DARERE – Diretório Acadêmico Recôncavo e Resistência (CECULT); MNU BAHIA – Movimento Negro Unificado da seção estadual da Bahia; Coletivo de alunos trabalhadores (CCS); Diretório Acadêmico de Psicologia (CCS); Movimento Correnteza (com atuação nos campis de Cachoeira, Santo Antônio de Jesus e Amargosa); Coletivo Acadêmico de Gestão de Cooperativas (CCAAB); CAJ – Centro Acadêmico de Jornalismo (CAHL); Diretório Acadêmico de Filosofia (CFP). Assim, organizaram-se em caráter emergencial, para arrecadação de alimentos e apoio irrestrito ao pedido de socorro desses estudantes.
Cobramos que a administração do campus dos Malês assuma a responsabilidade imediata da oferta de alimentação para os discentes. Não deveria ser necessário frisar que quem tem fome tem pressa. Além disso, exigimos a retratação pública por parte da administração para explicar à comunidade acadêmica os fracassos administrativos que levaram a uma situação de tamanha violência. Prezamos pela reabertura do Restaurante Universitário, pois as bolsas oferecidas no valor de R$450 são incapazes de abarcar toda a comunidade.
Enquanto o governo não solucionar, ocuparemos!
Apesar do enorme prazer que temos, enquanto classe estudantil, de apoiar nossos irmãos e irmãs, nos solidarizamos em dividir as responsabilidades imediatas para garantia de alimentação. Não aceitaremos ficar à mercê da caridade e filantropia. Entendemos esse episódio como prática de racismo institucional, xenofobia e irresponsabilidade diplomática com o continente Africano, por parte do governo Brasileiro. Exigimos que providências institucionais e políticas sejam adotadas pelo Ministério da Educação (MEC) , além dos governos Federal e Estadual da Bahia, a fim de fiscalizar e garantir a prioridade na gestão de recursos das Universidades para os direitos básicos de permanência estudantil.
É oportuno destacar que a atual gestão do Governo Federal e do Governo do Estado da Bahia foram eleitos com o apoio absoluto das instituições públicas de ensino, movimentos estudantis e sociais. É desonesto, que após eleitos, ignorem uma demanda dessa natureza, como também, corrompam as principais diretrizes descritas em programas de governo, como o combate à fome e as desigualdades raciais e econômicas. Não aceitaremos ficções de discursos descomprometidos com a prática. Não recuaremos e seguiremos fiscalizando, cobrando e denunciando técnicas coloniais de violência da democracia burguesa no Brasil.
Repudiamos também o fato da União dos Estudantes da Bahia (UEB) e da União Nacional dos Estudantes (UNE) não terem se manifestado concretamente em apoio ao caso, com exceção de uma breve menção no final do 10° Congresso da UEB. Este conjunto de fatos levou o Campus Malês a criar uma união independente às entidades estudantis de nível estadual e federal mencionadas, a União dos Malês. Para nós, isto destaca que a dependência dessas entidades aos governos da Bahia e do Brasil apenas prejudica a luta dos estudantes.
As doações para a ação pode ser realizada através do pix [email protected]. A coleta de doação de alimentos é feita presencialmente todos os dias no Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL) da UFRB em Cachoeira (BA).
*Estudantes da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB).