Privatização da água e corrupção em Jundiaí

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A sede privatista da gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos) em relação a SABESP, acende alerta à população de Jundiaí. 

Bruno Galiego, Taís Pardo e Alice Wakai | Jundiaí


BRASIL – A tentativa de desmonte do DAE, Departamento de Água e Esgoto, em Jundiaí, empresa de capital misto, vem se arrastando por vários anos e é digna de revolta.

Em 2000, o Ministério Público de Jundiaí havia iniciado a investigação que apontou um possível beneficiamento de cinco secretários que se tornaram sócios do DAE S/A com apenas R$ 20, segundo publicado na Folha de São Paulo.

Estes secretários teriam adquirido 20 ações no valor unitário de R$ 1 e a prefeitura, ficado com as 19.900 ações restantes, avaliadas em R$ 19.900. Em dezembro do mesmo ano, a própria Folha conta que a gestão de Miguel Haddad (PSDB) recebeu 52 denúncias de irregularidades administrativas.

Em agosto de 2014, após o MP iniciar investigação de denúncias de que quase metade da água captada pela DAE seria transferida para a Coca-Cola, foi revelado que a multinacional teria retirado da internet documentos que poderiam comprovar o uso de água bruta pela planta industrial.

Transferida do Rio Atibaia para o Rio Jundiaí Mirim, essa água só poderia ser usada para o abastecimento público da cidade. Uma transferência de água bruta a uma indústria configura ilegalidade. À época, o MP apontou que se uma empresa deseja usar água bruta, ela precisa da autorização do DAEE, que é o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado.

Tal histórico releva a necessidade de defender a gestão pública da água e combater sua privatização, debatendo o tema nos bairros, escolas e fábricas. A água deve ser defendida, principalmente pelo povo organizado, pela classe trabalhadora, a única capaz de garantir que os direitos básicos de todo ser humano não sejam roubados.

Para o atual governador de São Paulo, o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), privatizar a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), ou seja, tirar a água do povo para matar a sede de lucro de alguns poucos, mas poderosos empresários é prioridade.

Esta política fascista, que funcionou a pleno vapor no governo de Fernando Henrique Cardoso, se intensificou durante o governo Bolsonaro com o objetivo de promover o desmonte das empresas públicas e justificar a venda do patrimônio público construído e financiado pelo povo, à corja exploradora de capitalistas.

Vale lembrar que um dos pilares centrais da Reforma Trabalhista era a abertura total da gestão de órgãos e serviços públicos para o grande capital, por via de Organizações Sociais (OSs), gestoras em áreas ainda não permitidas.

Esse projeto de destruição de direitos acende um alerta para Jundiaí, município com forte relevância econômica no interior do estado paulista.

Assim como a cidade vizinha, Valinhos, que viu seu Departamento de Água e Esgoto (DAEV) ser entregue à iniciativa privada, proibindo a própria população de se manifestar durante a Sessão da Câmara de Vereadores, Jundiaí atrai as aves de rapina (grandes empresas).

Já no Uruguai, a precarização do serviço público aliado ao modelo de agronegócio explorador baseado no uso de insumos de fertilizantes e biocidas no Uruguai também está por trás do problema de escassez da água e serve como desculpa para a venda da água a uma empresa isralense (Projeto Neptuno).

É preciso lutar contra a privatização

É preciso conscientizar a população jundiaiense de que a privatização encarece seu acesso, reduz a qualidade do serviço e corta empregos. Um estudo da Unicamp que analisou 490 empresas e autarquias do setor público, mostrou que as privatizações  já eliminaram mais de 546 mil postos de trabalho de 1989 a 1999 no Brasil.

Não é à toa que a privatização da água já fracassou em mais de 35 países, conforme denunciado pelo Jornal A Verdade. Alemanha, Argentina, Hungria, Bolívia, Moçambique e França já chegaram à conclusão de que houve piora no serviço e já iniciaram sua reestatização.

Outro exemplo de fracasso foi a privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) ocorrida em 2021 que, além de elevar a tarifa, deixou a periferia de várias cidades sem abastecimento.

Por fim, a tentativa de entregar um serviço público fundamental constatada na capital São Paulo e nas cidades do interior paulista vai na contramão do mundo, mas a favor do capital. Tratar a água como mercadoria aprofunda ainda mais as misérias do nosso povo, que corre o risco de pagar por um serviço mais caro e menos acessível.

Por isso lutamos contra a privatização em Jundiaí e dizemos NÃO às políticas fascistas que excluem os pobres para enriquecer os bilionários. Por uma sociedade justa e que garanta o acesso da água a todos, a sociedade socialista!