Na última semana, trabalhadores das três maiores montadoras de carros dos Estados Unidos entraram em greve simultaneamente. As reivindicações são de melhores condições de trabalho e reajuste salariais.
Thais Lugoboni | Nevada, EUA
INTERNACIONAL -Pela primeira vez na história, trabalhadores das três maiores montadoras dos EUA (Ford, General Motors, Stellantis) entraram em greve simultaneamente. No dia 15/09 foi decretada greve em busca de melhores condições de trabalho, reajustes de 40% nos salários e redução da jornada de trabalho para 32 horas semanais.
Trabalhadores representados pela UAW, Sindicato dos Trabalhadores Automotivos (tradução livre) – que conta com 146.000 membros no país – votaram por dar início a uma paralisação em três fábricas nos arredores de Michigan, região que concentra diversas fábricas do setor.
CEOs ganham cada vez mais enquanto trabalhadores são explorados
Mary Barras, CEO da General Motors, recebeu um aumento de 34% de seu salário só este ano. Quando questionada pela CNN se esse aumento também incluiria os trabalhadores da GM, Mary disse crer que o “o pacote beneficios” oferecido aos trabalhadores é justo e compatível com o mercado. O salário anual de Mary é estimado em 30 milhões de dólares.
O CEO da Ford, Jim Farley, declarou que o aumento demandado pelos trabalhadores “levaria a empresa à falência”. Os CEOs das montadoras em questão empresas faturam, em média, 300 a 400 vezes mais que um trabalhador no chão de fábrica. Trabalhadores que receberam aumento de apenas 6% nos últimos quatro anos, menor que a inflação registrada nos EUA.
Montadoras não aceitam exigências dos trabalhadores
Representantes das montadoras propuseram aumento real de até 20%, proposta recusada pelo sindicato. Dessa forma, o UAW se mobilizou em prol da greve e se prepara para resistir. O sindicato possui um caixa de 875 milhões de dólares e prometeu aos trabalhadores que aderirem à paralisação o pagamento contínuo de 500 dólares semanais enquanto a greve se estender.
A escolha de uma paralisação parcial conta com 12.700 trabalhadores, quantidade suficiente de trabalhadores para impactar a produção de automóveis sem a necessidade de paralisação total. A estratégia se baseia também em surpreender a diretoria ao escolher fábricas aleatórias para levar os manifestantes, permitindo que os protestos/piquetes ocorram antes que possa ocorrer algum tipo de preparo ou tentativa de minar os trabalhadores em greve de protestarem em frente aos seus locais de trabalho. Além disso, diversos trabalhadores foram incentivados a recusar horas extras, que até o momento não são remuneradas, a fim de impactar a produtividade das fábricas e fortalecer a greve.