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segunda-feira, 13 de maio de 2024

A saúde das mulheres além do Outubro Rosa

Millene Rosa | Movimento Olga Benario – RS


MULHERES – O câncer de mama é o tipo de câncer de maior mortalidade entre as mulheres. De acordo com o relatório anual do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a taxa de incidência é de 41,89 casos a cada 100 mil mulheres, com taxa de mortalidade de 11,71 óbitos para 100 mil diagnósticos. “As taxas de mortalidade por câncer de mama são mais elevadas entre as mulheres de idade mais avançada, porém a mortalidade proporcional é maior no grupo de 50 a 69 anos, que responde por cerca de 45% do total de óbitos por esse tipo de câncer”, informa o relatório de 2023.

A seriedade da doença revelada nos números explica por que há um mês específico do ano tradicionalmente reservado à prevenção desse tipo de câncer. A organização para tratamento e principalmente prevenção, porém, devem ocorrer no ano inteiro, não somente em outubro.

Falar de saúde não é falar puramente de fatores biológicos. O estresse e, por consequência, a saúde mental, a falta de saneamento, a dupla jornada de trabalho, a precária educação sexual, a violência obstétrica são alguns exemplos de fatores que afetam diretamente a vida das mulheres e que se conectam entre si.

Deve-se levar em conta também como diferentes pessoas são muito mais afetadas que outras: mulheres negras recebem menos analgesia e anestesia do que as mulheres brancas na hora do parto, a precariedade do atendimento para prevenção e tratamento do câncer de mama e de colo de útero para homens trans, a exposição muito maior de mulheres trans à violência de gênero e a sua marginalização em comparação com mulheres cis.

Problemas estruturais também devem ser denunciados neste mês de conscientização e em todos os demais: existem imensas filas de espera para marcar exames de mamografia e o Brasil tem mamógrafos ociosos e mal distribuídos pelo território nacional. Em áreas de escasso atendimento especializado pelo SUS sobre o câncer de mama, o que permite o diagnóstico precoce desse tipo de câncer são os programas de saúde da família.

Políticas de saúde públicas devem ser integrais para serem eficazes. Portanto, quando se trata de saúde da mulher, mesmo em um mês tradicionalmente focado em apenas um aspecto, é incontornável tratar também de direitos sociais, justiça reprodutiva, seguridade social, autonomia econômica e planejamento familiar.

Recentemente, por exemplo, a ex-ministra Rosa Weber, do STF, emitiu o primeiro voto na ADPF sobre a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação e o dia 10 de outubro é o dia nacional de luta contra violência à mulher. Ambos eventos trouxeram consigo grande conscientização e debate político sobre as várias relações que ocorrem quando se trata da saúde da mulher.

Matéria publicada na edição nº 281 do Jornal A Verdade.

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