Diretor da Celesc, empresa de geração e distribuição de energia do estado de Santa Catarina, indicado pelo atual governador, Jorginho Mello (PL), tem histórico de privatização da Amazonas Energia, ataca trabalhadores e busca por privatização da empresa.
João Paulo TIZ | Florianópolis
TRABALHADORES – A CELESC (Centrais Elétricas de Santa Catarina), empresa de geração e distribuição de energia de Santa Catarina, frequentemente ganha prêmios de melhor atendimento e oferece um serviço essencial de qualidade a todo o estado, conseguindo, por exemplo, retornar a energia em tempo recorde após apagão devido ao último ciclone extratropical que atingiu a região. Os seus trabalhadores, porém, têm sido alvo de ataques do governo de Jorginho Mello (PL) e do atual diretor da empresa, Tarcísio Rosa.
Há meses as negociações do Acordo Coletivo de Trabalho sofrem dificuldade de avançar, uma vez que a diretoria se recusa a ceder às pautas dos trabalhadores. A resposta dos trabalhadores a isso foi a paralisação de suas atividades em 1º de Julho, que garantiu um plano de Saúde mais acessível aos trabalhadores com menores salários, e uma segunda paralisação em 13 de Setembro para finalmente avançar nas negociações com a atual diretoria da CELESC.
O Jornal A Verdade conversou com Caroline Camargo Borba, da diretoria do SINERGIA (Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Energia da de Florianópolis e Região), para saber mais a respeito dessas paralisações e da situação dos trabalhadores.
Segundo ela, para os novos funcionários “há uma progressiva retirada de direitos, pois já nos editais de contratação não é garantido a eles o anuênio e ainda há redução nas gratificações de férias”. Existe também a tentativa de enfraquecimento dos sindicatos, com a redução do número de diretores de sindicatos com liberação para atividades sindicais, o que já havia sido feito em 2019, como forma também de desmobilizar e desarticular os trabalhadores.
A direção da CELESC também se recusa a dar um aumento salarial acima da inflação a seus funcionários e, como se não bastasse, fez uma clara represália aos funcionários, não lhes dando liberação das horas de trabalho pelas últimas paralisações, punindo aqueles que lutam pelos seus direitos.
Por que a direção de uma empresa pública estaria tão comprometida a atacar seus trabalhadores, em vez de melhorar seus serviços? A resposta está nos mais interessados nessa obra: a direção escolhe ficar do lado de acionistas privados que vem pressionando por aumento dos dividendos. Em outras palavras, querem que uma parte cada vez maior da renda gerada pela CELESC vá para eles em vez de serem investidos na empresa.
O avanço do desmonte das empresas públicas em Santa Catarina
A indicação do diretor por parte de Jorginho Mello também não é à toa: tanto ele quanto o prefeito de Florianópolis tem avançado com o projeto de desmonte dos serviços mais essenciais no estado de Santa Catarina. Assim como a CELESC, ataques têm sido feitos contra a COMCAP, empresa de melhoramentos de Florianópolis responsável também pela limpeza urbana e que teve sua greve recente criminalizada, e a CASAN (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento), tão debilitada que no dia 6 de setembro houve o rompimento de um de seus reservatórios de água no Monte Cristo, bairro da capital.
Ou seja, é apenas o tradicional processo de privatização dos setores públicos: atacar o trabalhador até tornar o trabalho impossível e apresentar a privatização como “solução” para os problemas que ela mesma criou. Mas quem trabalha sabe: não há como melhorar a qualidade dos serviços ofertados pelas empresas piorando as condições de trabalho, desvalorizando seus trabalhadores e transferindo a receita gerada por eles para uma minoria de pessoas que nem mesmo moram no estado e tampouco tem compromisso com a sociedade, vivendo apenas pelo lucro e benefício próprio.
Fica claro que as privatizações servem única e exclusivamente a esses grandes empresários. Muitas vezes eles se aproveitam de recursos que são essenciais para nossa sobrevivência como a energia elétrica que abastece nossas casas, hospitais, escolas, locais de trabalho, confiantes de que os trabalhadores estarão dispostos a pagar qualquer preço para ter acesso a esses recursos, o que torna a privatização da CELESC também um ato de profunda crueldade. É dever então da classe trabalhadora se mobilizar para que isso não aconteça e ainda conseguir fortalecer os serviços públicos de nosso estado.