Militantes e apoiadores organizam ato em apoio ao povo palestino, denunciando as décadas de violência do Estado de Israel.
Deborah Fávero e Ricardo Domenighetti | São Paulo
DESTAQUES – Na terça-feira, dia 10, o Al Janiah, bar e restaurante de refugiados palestinos na capital de São Paulo, convocou militantes e apoiadores para um ato de resistência e solidariedade à luta da Palestina. As três faixas de um dos sentidos da rua Ruy Barbosa, no bairro do Bixiga, foram fechadas para carros a fim dar lugar a cerca de 500 pessoas que se revoltam com a agressão do Estado sionista de Israel.
Movimentos sociais e partidos apresentaram seu apoio e deram voz ao ato, reforçando a violência de Israel e as condições desumanas a que submetem o povo palestino.
A Unidade Popular esteve presente na manifestação e foi representada pelo Lucas Marcelino, do diretório estadual do Partido, que iniciou sua fala prestando solidariedade irrestrita ao povo palestino e lamentando as mortes, principalmente, daqueleas que estão sendo assassinados nas escolas, hospitais e até nos refúgios da ONU.
Marcelino destacou, ainda, a importância de se fazer uma luta ideológica em relação ao tema, visto que, hoje, milhares de estudantes se deparam com uma história deturpada sobre a guerra, ignorando a presença de séculos dos palestinos na região. Além disso, a grande mídia, em conluio com o imperialismo, insere em suas matérias a Faixa de Gaza como sendo “um enclave no território israelense”, quando, na verdade, esse território vem sendo regado pelo sangue e suor do povo palestino há décadas. Logo, é correto afirmar que Israel é um invasor no território palestino.
“Nós não podemos ficar só no discurso, muito menos em um discurso vago e abandonado após as eleições, porque a luta do povo palestino e dos povos árabes é uma luta cotidiana. Assim como é cotidiano o sofrimento, a resistência e a alegria do povo, que combate dia após dia pela sua existência. E acho que essa luta, assim como a de todos os povos oprimidos, é uma luta ligada à luta pelo socialismo, uma luta pela autodeterminação dos povos, porque só assim a gente vai conseguir derrotar Israel e o sionismo, que são ferramentas do imperialismo dos EUA e das grandes potências para dividir e atacar os povos árabes. Por isso, a gente precisa continuar essa luta hoje, amanhã e até a vitória, até que a Palestina seja livre do rio ao mar”, assim Marcelino finaliza seu forte discurso.
Essa fala reforça que somente com a organização dos trabalhadores é que podemos resistir contra a violência dos poderosos e nos libertarmos da opressão que os estados burgueses dirigem à população. Eles podem ter o poder, hoje, mas nós somos muitos e, juntos, somos mais fortes.
Violência do Estado de Israel
O exército de Israel é sionista e isso significa dizer que está em curso um projeto político de colonização e extermínio do povo palestino. O governo de Netanyahu reafirma a constante mentira de lutar pelo povo judeu. Porém, defender o sionismo não é garantir a “emancipação dos judeus” e, sim, usar uma divisão histórica de credo para dizimar os palestinos, que já ocupavam a região por séculos.
Para confirmar nossa acusação, basta observar o quanto o território palestino encolheu de maneira intensificada nos últimos anos, mesmo em relação à proposta inicial – já ruim – da ONU, que na Resolução 181, em novembro de 1947, designou 56% do território para os judeus e apenas 44% para os árabes que viviam na Palestina.
Além da perda de território, é evidente e descarada a violência que o povo palestino sofre há décadas, sendo submetido a um regime de colonização e apartheid em seu território. De acordo com o Instituto Brasil Palestina, a pobreza na Faixa de Gaza (o epicentro dos conflitos de 2023) saltou de 40% para 56%, entre 2007 e 2018.
Resistência do povo palestino
A reação do oprimido não pode se confundir com a violência do opressor, como nos ensinou Malcom X. Mas a mídia hegemônica, injustamente, rotula o Hamas como “organização terrorista”, ignorando uma longa lista de atrocidades realizadas por Israel contra os palestinos com o objetivo de dizimá-los. Energia elétrica por apenas um terço do dia, acesso à água a cada cinco dias, poços cimentados, esses são apenas alguns exemplos de como é a vida para o povo palestino.
Sem cidadania nem voz no Cnesset (Parlamento), os palestinos de Gaza precisam de permissão para deixarem a área e se deslocarem pelo país, sempre sob rígida vigilância do Estado de Israel. Utilizam-se mecanismos de reconhecimento facial para controlar o fluxo palestino, viabilizando o extermínio da população e saciando o apetite por lucro da indústria bélica local.
Esse “Vale do Sicilio bélico” oriental desenvolve tecnologia de controle de massas e faz da Palestina o seu laboratório. É uma rede de espionagem digital que viola direitos e camufla os atritos do poder imperialista perante os colonizados.