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quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Estudantes do IFCS-IH/UFRJ mobilizam pela reforma estrutural do prédio

O campus do IFCS-IH/UFRJ sofre, há anos, com péssimas condições estruturais. Nas últimas semanas, os estudantes do campus mobilizam a luta por uma reforma estrutural e elétrica no prédio

Igor Marques | Redação RJ*


JUVENTUDE – O campus do IFCS-IH, localizado em um prédio histórico no Largo São Francisco de Paula, centro do Rio de Janeiro, sofre com anos de descaso e de abandono, sendo incluído, até mesmo pela própria reitoria, em listas de prédios da universidade que sofrem com risco de incêndio.

Nesse último período, com o avanço das políticas de cortes no orçamento da educação, a verba para manutenção do prédio caiu ainda mais. Essa realidade evidenciou os antigos problemas estruturais do prédio e impulsionou a necessidade de intensificar uma luta pela reforma estrutural do prédio do IFCS-IH, unindo todos os setores da comunidade acadêmica.

Foram realizadas diversas assembleias e atividades de mobilização e conscientização dos estudantes, técnicos-administrativos, professores e trabalhadores terceirizados do IFCS-IH. Os Centros Acadêmicos do campus, em conjunto com o DCE da UFRJ, construíram um ato na última quarta-feira (18), no IFCS, e na quinta-feira (19), no Conselho Universitário, buscando cobrar diretamente a direção e a reitoria da universidade sobre a questão orçamentária e estrutural do prédio, tendo conquistado a garantia da reitoria de uma vistoria ao prédio na próxima semana.

A luta por uma reforma elétrica e estrutural do IFCS faz parte de uma ampla luta por condições dignas de estudo e por recomposição do orçamento da universidade. Mesmo estudando em uma das mais prestigiadas universidades da América Latina, milhares de estudantes correm risco diariamente no IFCS.

Estudantes sofrem risco de vida 

O prédio do IFCS possui uma rede elétrica extremamente antiga e precária. No atual período (2023.2), as aulas no quarto andar do prédio foram canceladas por uma semana, devido à falta de luz e um princípio de curto-circuito na rede elétrica. Ano passado, também, aconteceu um princípio de curto-circuito em uma sala do segundo andar que é destinada, principalmente, para as aulas dos alunos recém-ingressos na universidade.

O prédio possui diversas salas e banheiros interditados por conta de alagamentos, que são fruto de goteiras, além de histórico de salas que possuíam indícios de presença de vetores – fezes de ratos, pombos, insetos, etc. – como a sala do Laboratório de História Antiga (Lhia), que apenas após muita pressão conseguiu a dedetização do espaço.

 

Essa falta de estrutura no prédio impacta a segurança básica dos estudantes. Nos últimos dias, foram relatados episódios de um ventilador que despencou poucos centímetros a frente de um estudante e de um pedaço do teto que caiu em uma das salas durante uma aula.

 

O prédio também não conta com rotas de fuga para um possível incêndio, possuindo apenas uma saída que fica constantemente aberta e sinalização inexistente. Além disso, há uma falta de manutenção dos extintores e a ausência de qualquer treinamento ou instrução para os estudantes de como agir em situações como essa. Nisso, entre as atividades realizadas pelos CAs e pelo DCE, estava a realização de palestras e treinamentos práticos de combate ao incêndio, buscando maior conscientização da comunidade acadêmica.

Para além disso, a falta de estrutura no prédio também impacta na qualidade de estudo e de permanência dos estudantes na universidade. As salas não possuem ventilação adequada e os banheiros sofrem com más condições, muitos estando interditados.

Luísa, estudante de História, relatou que: “Aqui no IFCS a gente está com muita falta de estrutura, o banheiro está muito precário, a gente tem que desviar de buracos, de goteiras no teto, tem buraco no teto. É impossível usar o banheiro do primeiro e do segundo andar, o único banheiro realmente usável é o do terceiro andar. A estrutura do prédio em si está toda muito precária e, comparado a outros órgãos federais que recebem muito mais atenção com manutenção e estrutura, a gente como uma das maiores universidades do país não recebe o mínimo dessa atenção”.

A criminosa política de cortes na educação

Hoje, o orçamento da UFRJ possui um orçamento que é equivalente a menos da metade do que possuía em 2012. Essa diminuição do orçamento – agravada desde 2016 pela EC 95, chamada PEC do Teto de Gastos, pelas políticas neoliberais de desmonte da educação e pela política do Novo Arcabouço Fiscal – totaliza quase 400 milhões de reais, impacta diretamente na manutenção de diversos prédios da universidade.

Nesse contexto de ataques à educação pública e de sucateamento da universidade, a atual reitoria da UFRJ apoia uma política privatista para a universidade, defendendo a privatização do hospital universitário e a venda de parte do campus da Praia Vermelha para a iniciativa privada. Em uma universidade como a UFRJ, que sofre com diversos problemas estruturais em seus campi, mas também com assistência estudantil ainda insuficiente para todos os seus estudantes, essa posição da atual reitoria boicota a luta por recomposição orçamentária.

Além do IFCS, os estudantes da Escola de Belas Artes (EBA) e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) também sofrem com péssimas condições de estudo no edifício JMM, localizado no campus do Fundão. No Centro de Ciências da Saúde (CCS) e na Escola de Educação Física e Dança (EEFD), ocorreram também desabamentos de parte da estrutura decorrentes da falta de manutenção, que poderiam ter atingido diversos estudantes.

A mobilização dos estudantes continua

Pedro Barbosa, estudante de Ciências Sociais e diretor do DCE da UFRJ, alerta: “É fundamental a gente se mobilizar e pautar mais orçamento para nossa universidade, para que não aconteçam tragédias como a do Museu Nacional, que fez com que a gente perdesse um grande espaço de cultura e de ciência no nosso país”.

Os estudantes, professores, técnicos e trabalhadores terceirizados do IFCS-IH e de toda a UFRJ seguem na mobilização pela recomposição orçamentária, por melhores de condições de estudo e pela reforma elétrica e estrutural do prédio.

“Precisamos pautar isso para nossa universidade, mobilizando os estudantes para cobrar isso no Conselho Universitário e garantir da reitoria medidas mais efetivas para conseguir mais orçamento para o nosso prédio e evitar qualquer tragédia”, acrescenta Pedro.

 

 

*Estudante de História no IFCS-IH

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