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segunda-feira, 13 de maio de 2024

Movimento convoca encontro de Mulheres universitárias no RN

Nós, do Movimento de Mulheres Olga Benario, convocamos todas as mulheres da comunidade universitária – trabalhadoras e estudantes – para o 1° Encontro de Mulheres da Comunidade Universitária do Rio Grande do Norte (EMU-RN).

Coordenação do Movimento Olga Benario (RN) 


MULHERES – Desde 2008, pelo menos 556 mulheres, entre estudantes, professoras e funcionárias, foram vítimas de algum tipo de violência dentro das instalações de instituições de ensino superior do Rio Grande do Norte. São inúmeros os casos de assédio sexual, violência física, psicológica e estupros. Para organizar as mulheres e dizer um basta a tudo isso, o Movimento de Mulheres Olga Benario vai realizar, nos próximos dias 06 e 07 de outubro, o 1º Encontro de Mulheres da Comunidade Universitária (EMU-RN), inspirado no 3° Encontro de Mulheres da América Latina e Caribe, que definiu em sua agenda de lutas 11 objetivos para os próximos anos, dentre eles: lutar contra a precarização do trabalho; combater a violência contra a mulher; lutar pelo acesso à educação.

Quando analisamos a história da educação no Brasil, observamos que as universidades brasileiras não foram feitas para as mulheres. Com isso, além do árduo caminho para passar no vestibular – visto que as mulheres, muitas vezes, além de estudar, cuidam dos afazeres domésticos e familiares – as estudantes são obrigadas a conviver diariamente com assédios e violências praticados por aqueles que deveriam assegurar um ambiente de aprendizagem seguro.

A realidade é que muitas estudantes precisam renunciar a seus estágios, bolsas e até de disciplinas porque sofrem assédio sexual e moral, o que é extremamente normalizado no ambiente acadêmico. Reflexo disso é que apenas 6% das universidades federais brasileiras demitiram os professores acusados de assédio nos últimos dez anos.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) é uma das muitas universidades brasileiras que não possuem comitês de investigação ou grupos de trabalho de combate ao assédio, contribuindo para que muitos assediadores permaneçam dentro da universidade. Um exemplo disso é o caso de uma servidora da UFRN, que foi assediada por seu chefe, denunciou o ocorrido e foi afastada, enquanto o assediador continua trabalhando na instituição e, inclusive, foi promovido.

Também estudantes do curso de Geofísica relatam ter sofrido assédio sexual e moral por parte de um professor do departamento e, apesar das denúncias e provas apresentadas, nenhuma medida foi tomada pela universidade e o assediador continua em sala de aula. Outro caso grave e conhecido na comunidade é o de um professor que teve todos os seus casos de assédio abafados e que, recentemente, foi promovido a chefe do Departamento de Comunicação.

Na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN) – cujo campus central se localiza em Mossoró –, apesar de existir um grupo de trabalho contra o assédio, as mulheres relatam diversas dificuldades na permanência estudantil. No campus da UERN na cidade de Pau dos Ferros, as principais dificuldades relatadas por estudantes e trabalhadoras são a pobreza menstrual, o desamparo, a falta de auxílio-creche às mulheres que são mães, a dificuldade de conciliar os estudos com as jornadas de trabalho exaustivas e as dificuldades de locomoção, já que a maioria delas é de municípios do entorno e precisam se deslocar quilômetros todos os dias para a universidade. 

As mulheres de cidades do interior não podem ser esquecidas, pois já vivem em municípios onde as instituições de ensino e a educação são ainda mais negligenciadas e precarizadas em relação à capital. Isso só reforça o quanto precisamos de políticas que assegurem a permanência das mulheres nas universidades.

Além das estudantes, as trabalhadoras das universidades também passam por situações difíceis. Não bastasse o assédio, essas mulheres também sofrem com a precarização do ambiente de trabalho sob a figura da terceirização. As terceirizadas da UFRN relatam salários baixos e desiguais, que são pagos atrasados na maioria das vezes; desvio de função, sendo obrigadas a realizar funções de trabalhadores efetivos e concursados, que ganham maiores salários e benefícios; falta de auxílios ou baixos valores de auxílios, como o de alimentação; além de precisarem enfrentar o assédio moral e o autoritarismo das empresas terceirizadas.

Por isso, não nos resta alternativa senão a luta. Nós, do Movimento de Mulheres Olga Benario, convocamos todas as mulheres da comunidade universitária – trabalhadoras e estudantes – para o 1° Encontro de Mulheres da Comunidade Universitária do Rio Grande do Norte (EMU-RN). Marcharemos dentro da universidade exigindo respeito para as estudantes e trabalhadoras; realizaremos grupos de trabalho para abrir um espaço de debate e propostas para melhorar as condições de vida das mulheres no ambiente universitário; construiremos, juntas, uma agenda de lutas por mais permanência estudantil feminina, melhores condições de trabalho e igualdade salarial, pelo fim da violência dentro das instituições e pela emancipação da mulher.

Matéria publicada na edição nº279 do Jornal A Verdade.

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