Militantes do Olga Benario dão palestras sobre violência contra mulheres e exploração do trabalho. Essas atividades aproximam mães trabalhadoras para a luta contra o patriarcado e o capitalismo.
Denise de Paula e Juliana Nogueira | São Paulo
MULHERES – Dando continuidade à luta nacional pelas creches realizada pelo Movimento Olga Benário, o núcleo da Zona Sul de São Paulo vem conseguindo estreitar relações com a comunidade atendida pelo CEI Autódromo, localizado no bairro Vila da Paz, nas proximidades do Autódromo de Interlagos.
A comunidade tem como heroína a Irmã Agostina, uma missionária italiana que veio ao Brasil formar noviças. Ao chegar no país, foi morar em um barraco de madeira na comunidade próximo ao autódromo de Interlagos.
A Irmã foi responsável por articular com a comunidade e o poder público a construção de 40 casas, acabando com os barracos de madeira da região. Cobrou o Estado sobre o saneamento básico da favela e fundou a creche onde o Movimento Olga Benário hoje forma novas mulheres revolucionárias.
Após um primeiro contato com a instituição feito por militantes do núcleo foi possível realizar duas palestras durante as reuniões mensais da creche com as mães e pais das crianças.
A primeira apresentação, seguida de debate, ocorreu no primeiro semestre do ano e o tema foi o combate à violência contra mulheres e meninas. Foi uma excelente atividade para demonstrar a importância da conscientização e organização das mulheres na luta contra a violência machista, muitas vezes velada no ambiente familiar, no trabalho e nas escolas.
A segunda oportunidade versou sobre “A Mulher e o mundo do trabalho: sobrecarga e exploração”, tendo como subtema a tripla jornada de trabalho das mulheres. É um tema que trata de um problema grave e traz à tona a saúde mental das trabalhadoras por causa da extrema carga colocada sobre seus ombros.
O Jornal A Verdade foi apresentado às mães e professoras com o objetivo de criticar a realidade política e econômica do país, seguir com a luta não só pelo direito das mulheres, mas de toda a população proletária e super explorada. Com a venda do jornal conseguimos apresentar que é possível uma proposta de saída dessa realidade com organização e luta, assim como a Irmã Agostina mostrou na favela Vila da Paz,.
As formações têm surtido efeito e as mulheres estão com disposição para se organizarem. Todos os jornais foram vendidos e arrecadou-se uma boa quantia de contribuição para que a luta continue.
Considerando que as militantes têm sido muito bem recebidas na creche, existe a perspectiva de que essas palestras sejam uma atividade recorrente na instituição e, dessa forma, mais mulheres poderão se aproximar do movimento e se somar à luta contra o patriarcado e o capitalismo.