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segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Evento na UFRJ debate genocídio palestino e violência policial no Brasil

Jornal A Verdade participa de mesa de debate promovida por estudantes de comunicação da UFRJ. Intitulada “Da Maré à Palestina: o papel da mídia hegemônica na legitimação da violência”, a mesa tratou sobre a cobertura da grande mídia em situações de conflito e o papel das denúncias da imprensa popular.

Igor Marques | Redação RJ 


EDUCAÇÃO – Na última quarta (22), o Centro Acadêmico de Comunicação da UFRJ (CAECO) realizou – com apoio do Jornal A Verdade, do DCE da UFRJ e do DCE da Unirio – uma mesa de debate a respeito do papel que a mídia hegemônica exerce na naturalização da violência em diferentes contextos: a Favela da Maré, no Rio de Janeiro, e na Palestina. O debate teve cerca de 50 pessoas presentes e contou com transmissão ao vivo nas redes do Jornal A Verdade.

Intitulada “Da Maré à Palestina: o papel da mídia hegemônica na legitimação da violência”, essa mesa de debate contribui para aprofundar as discussões sobre a forma com que a mídia atua na justificativa de políticas de morte no Brasil e na Palestina e o controle da mídia pelos grandes empresários na contemporaneidade. Além disso, realizado em um espaço de formação de futuros jornalistas e comunicadores, esse debate é fundamental para tratar sobre a importância da mídia popular e independente na sociedade.

Com a presença de Renata Souza (deputada estadual), Chico Alves (redator-chefe do ICL Notícias), Gabriel GB (Jornal A Verdade e Movimento Negro Perifa Zumbi), Marcos Feres (FEPAL) e Gizele Martins (Jornalista, Frente de Mobilização da Maré), a mesa contou com comunicadores populares, figuras políticas e membros de movimentos sociais e entidades da Maré e da comunidade Palestina no Brasil.

Iniciativas como esse debate são essenciais na atual conjuntura, em que os ataques sistemáticos ao povo Palestino e nas periferias do Brasil não têm repercussão na mídia burguesa. “Invisibilizar esses dramas, essas dores, essas mortes, principalmente, é o que a gente já vem vendo e assistindo a mídia fazer no nosso dia a dia. E agora a gente está vendo esse módulo operando ser replicado no caso do conflito que ocorre em Gaza, no massacre que Israel está infligindo à Gaza”, afirmou Chico Alves ao falar da relação na forma com que a mídia trata os dois conflitos.

Gaza é Aqui: as armas de Israel matam jovens na Palestina e no Brasil

Nas periferias do Rio de Janeiro, cada vez mais, há um avanço da política de morte perpetrada pelo Estado e defendida vigorosamente pelo governador Cláudio Castro. Um dos locais que mais sofrem com esse avanço da barbárie é o Complexo da Maré, que possui cerca de 140 mil habitantes, e viveu dias seguidos de operação no mês de outubro, causando mortes, impactando diretamente na vida de milhares de moradores, inclusive com relatos de violência policial.

No caso Palestino, a política de morte de Israel na Faixa de Gaza e na Cisjordânia causou, desde o início de outubro, cerca de 15 mil mortos, sendo 6 mil crianças, em um processo de ocupação colonial que dura mais de 70 anos.

Essa realidade é, frequentemente, legitimada pela grande mídia a partir de discursos reacionários de combate ao “crime” ou ao “terrorismo” e com profunda desumanização e criminalização dos moradores de favelas e do povo palestino em diversos programas diários de grande audiência na televisão aberta e fechada.

Renata Souza ainda afirmou que “Nessa perspectiva, quando a gente liga a Maré à Palestina, é entender, sim, que muitos das forças armadas e das polícias do Rio de Janeiro vão parar em Israel para treinar. Ou a gente não sabe disso? Que as alianças nos últimos 4 anos, de um governo fascista no Brasil, a principal aliança era com Israel. (…) E as trocas comerciais, inclusive com uma lógica armamentista e belicista. Então é importante que a gente observe isso porque genocídio da população é altamente lucrativo (…) porque todo mundo vende armas e lucra muito”.

Nesse sentido, Gabriel GB, do Jornal A Verdade, afirmou que “A grande mídia cumpre o papel de ser a porta-voz do Imperialismo”, de modo que defende e reproduz os interesses dos grandes proprietários a partir desses discursos de desumanização e invisibilização.

“Vocês não vão entrar”: Rede Globo censura representações da comunidade Palestina

Marcos Feres, representante da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL), afirmou durante o debate que desde o início do conflito, a Rede Globo – maior rede de comunicação do país – ao mesmo tempo que recebe diversos grupos sionistas para defender as posições de Israel, censura qualquer organização de apoio à causa Palestina no Brasil. “Eu conversei no telefone com editores da Globo News, abertamente, alguns deles me confessaram que é ordem superior.  (…) Vocês não vão entrar, não vamos dar espaço”, relatou Marcos.

Em um contexto em que, como disse Marcos, “É uma cobertura criminosa (…). A Globo não noticiou uma denúncia de organizações internacionais sobre o que acontece na Palestina. A Globo não dá as palavras Apartheid, Limpeza Étnica, Ocupação, todo o contexto da Palestina é omitido”, a empresa também amplia a desumanização e a criminalização da luta Palestina por autodeterminação.

Desde o início do conflito mais recente, há cerca de 50 dias, a Rede Globo tem recebido diversos representantes dos interesses do Sionismo e atua para defender os ataques do Estado fascista de Israel contra a população palestina, chegando ao ponto de “comentaristas” como Jorge Pontual e Renato Lo Prete, defenderem o bombardeio de ambulâncias e justificarem o absurdo número de mortes de crianças pela “alta taxa de natalidade” no país.

A própria estrutura da comunicação nos países capitalistas contribui para que existam grandes monopólios de mídia, como é o caso da Rede Globo, que atuam para defender os interesses dos grandes empresários que os financiam.

O Papel da Mídia Popular

Gizele Martins, da Frente de Mobilização da Maré, disse que “A gente ainda não teve a democratização da comunicação no país (…) Um país que se diz democrático sem democratizar um dos grandes poderes que é a comunicação. A comunicação não está separada dessa grande organização capitalista de sociedade ela é uma grande ferramenta e não é a ferramenta de informar, é a de manipular”.

Frente a todos os ataques perpetrados pela mídia hegemônica contra os povos oprimidos de todo o globo, a mídia popular ganha ainda mais importância. A mídia independente tem o papel fundamental de dar voz a todas essas populações oprimidas sistematicamente pelo capitalismo e o imperialismo.

“Nós [do Jornal A Verdade] consideramos que existem três aspectos nessa questão da Palestina. O primeiro é dar voz ao povo Palestino de fato, porque não existe hoje esse canal aberto para falarem, para exporem (…) O segundo é fazer a denúncia, denunciar esse genocídio, essa situação desumana. Em terceiro é travar uma disputa ideológica de fato, porque é uma disputa ideológica que acontece, com a pessoas, com a classe trabalhadora mesmo, entre nós”, disse Gabriel GB.

Nesse contexto, a construção das redes e mídias independentes e populares é essencial para amplificar as denúncias do genocídio do povo Palestino e da população preta, pobre e periférica no Brasil e lutar para denunciar a máquina de propaganda da grande mídia.

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