Encontro de Negras e Negros da UP se reúne em Salvador para de bater a luta revolucionária contra a opressão racista no capitalismo.
Redação
LUTA POPULAR – Nos dias 24, 25 e 26 de novembro ocorreu, em Salvador, a primeira edição do Encontro de Negras e Negros da Unidade Popular (UP), que reuniu lideranças negras do partido de diversos estados para debater a política antirracista do partido.
A abertura do evento contou com saudações de Mãe Donana, líder do Quilombo Quingoma, primeiro quilombo do Brasil, localizado em Lauro de Freitas (BA) e Jurandir Wellington, filho da líder quilombola Mãe Bernadete Pacífico, que foi brutalmente assassinada há três meses em uma disputa pelo território do Quilombo Pitanga de Palmares.
Jurandir realizou uma fala sobre a luta de sua família pela terra e a importância de ter pessoas negras ocupando os espaços de poder. Além disso, Giovanna Almeida, do Movimento Perifa Zumbi, denunciou o genocídio da juventude negra e a necessidade de construir uma grande frente negra e socialista no Brasil e Indira Xavier, do Partido Comunista Revolucionário, trouxe a necessidade de organizar cada vez mais negros na luta revolucionária para aprofundar a luta de classe em nosso país.
Segundo Léo Péricles, presidente nacional da Unidade Popular, que candidato pelo partido à presidência da república em 2022, “esse encontro é um momento histórico para o partido, porque a luta contra o racismo no Brasil é parte inseparável da luta contra esse sistema de opressão e exploração baseado na propriedade privada dos meios de produção e na exploração promovida pelos donos das riquezas contra os trabalhadores que vivem na pobreza. Sobretudo porque a escravidão e o racismo foram fundamentais para acumulação do capital no brasil e a formação do capitalismo brasileiro”.
O encontro elaborou um documento que apresenta os principais pontos de um programa antirracista e socialista que seguirá de base para o coletivo que será criado pela UP. São eles:
a) A luta contra o racismo e o preconceito em todas as partes: locais de trabalho, bairros, lugares de ensino, campo e aprendizagem etc.;
b) Lutar contra o extermínio do povo negro, especialmente das periferias. Pela desmilitarização das polícias; Punição dos responsáveis; Fim do auto de resistência.
c) Fim do encarceramento em massa e os maus tratos nos presídios e locais de reeducação de jovens infratores. Apoio aos familiares de presos e denúncia das prisões injustas. Contra o racismo no judiciário, eleições de juízes e tribunais através do povo.
d) Apuração e reparação quanto aos genocídios promovidos pelos regimes autoritários. Direito à memória, verdade, justiça e reparação. Punição aos criminosos da ditadura militar implantada com o golpe de 1964. Implantação das recomendações da Comissão Nacional da Verdade;
e) Exigir a garantia de educação pública e de qualidade em todos os níveis, erradicando o analfabetismo, o cumprimento da lei 10.639/2003 (Ensino de história e cultura afro-brasileira) e a descriminalização e incentivo das expressões de cultura negra e popular;
f) Em defesa da igualdade e da liberdade das práticas religiosas. Combate aos ataques promovidos a locais de culto religioso e de natureza discriminatória contra os seus praticantes, especialmente quanto às religiões de matriz africana;
g) Defender condições adequadas de saúde e acesso a tratamento no sistema único de saúde;
h) Defender os direitos das mulheres contra todas as formas de violência e opressão, incluindo de gênero;
i) Defesa de moradia digna e da reforma urbana. Contra o racismo ambiental. Demarcação das áreas quilombolas e dos povos originários; e, Reforma agrária;
j) Defender a promoção, valorização e estímulo da cultura do nosso povo com o ensino da história afro-brasileira;
k) Proteção às crianças e adolescentes contra a violência e contra o trabalho infantil. Acesso à educação, esporte, lazer, saúde, alimentação e cultura.
l) Propagandear a história do povo e dos heróis negros do nosso país e do mundo.