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domingo, 28 de abril de 2024

Prédios da UFSC estão desmoronando e alunos são prejudicados

Prédios do Centro de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) estão com as estruturas comprometidas. No decorrer do últimos anos foram muitas as cobranças dos estudantes à reitoria, que retorna com promessas que não são cumpridas.

João Rio da Silva | Santa Catarina


EDUCAÇÃO – O Centro de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM) é um dos prédios mais antigos da Universidade Federal de Santa Catarina. Criado em 1975, abriga os cursos de Física, Química, Matemática, Oceanografia e Meteorologia. Com o passar dos anos, a falta de manutenção e infraestrutura tornaram o prédio antigo cada vez mais insalubre. Em todos os blocos do CFM encontram-se fiações expostas, vazamento de água, teto desabando, infiltração, fossas abertas e alagamentos em dias de chuva. A Reitoria havia prometido que a reforma seria prioridade, porém, na prática, não tem sido transparente com o plano de reforma. 

Mesmo com os problemas cada vez mais latentes, somente em 2022 iniciou-se um processo de evacuação dos centros modulares, onde ficavam as salas de aula, rumo à demolição, que está prometida para começar em 2024. Entretanto, a evacuação não solucionou os problemas. Um dos principais prédios para onde os estudantes foram realocados foi o EFI (Espaço Físico Integrado), prédio com arredores muito mal iluminados. Além disso, algumas disciplinas seguem sendo oferecidas em outros centros que, mesmo que no mesmo campus, por vezes são distantes uns dos outros. 

Além disso, os Centros Acadêmicos foram realocados a outro prédio, que por sinal também consta na área do plano de demolição, mas em fase superior. Até lá, os centros acadêmicos seguirão em área que além de estrutura precária, apresenta risco aos estudantes pois também estão em espaço mal iluminado. 

Faixada dos prédios são pintadas mas as reformas necessárias não acontecem há anos. Foto: Reprodução/ND+

Mobilização estudantil cobra respostas da Reitoria

Em junho deste ano, estudantes realizaram um ato, colocando suas reivindicações e cobranças à reitoria. Além disso, denunciaram a falta de participação e consulta dos estudantes durante o processo, tirando de quem vive a realidade do centro a possibilidade de opinar sobre a atual situação e os novos rumos. A resposta do reitor Irineu foi o discurso rotineiro da gestão: “se a universidade fosse uma empresa, ela estaria falida”. 

E então, mais uma vez, foi prometido que se buscariam os recursos ao governo federal, dando prioridade para o CFM, principalmente para conclusão da obra do prédio administrativo, obra que já se estende há 10 anos. Julia Neves do Centro Acadêmico de Química denuncia: “a demolição vem por vários motivos: da condição precária mas também da vontade da reitoria de aproveitar aquele espaço, porque os blocos modulares do CFM ocupam bastante espaço horizontal numa área que é central da UFSC”. A estudante também reafirma que os estudantes querem que as salas dos Centros Acadêmicos sejam integrados aos blocos de aula e não no prédio administrativo, como tem sido a prática de outros Centros, tornando o acesso mais distante.  

Embora seja compreensível que existam dificuldades devido aos diversos cortes orçamentários que as universidades públicas sofreram nos últimos anos, a instituição parece estar distante de um compromisso real com a gravidade da situação. 

Além disso, tem sido cada vez mais frequente casos de assaltos em torno da região e dentro da Universidade, como também casos de assédios e estupros. 

Reitoria defende aumento da militarização no Campus  

Em Outubro de 2023, um estudante de Medicina foi sequestrado saindo de um laboratório no Centro de Ciências Biológicas, centro próximo ao CFM. O sequestro foi noticiado pela mídia e em entrevista ao NSC, o Secretário de Segurança da UFSC defendeu a necessidade de mais profissionais de vigilância para a cobertura do campus. Além de ser acentuado um extenso trabalho da Polícia Militar no entorno da universidade, sendo para esta “um caso isolado”, foi colocado como demanda a “retomada das reuniões com o Comando da Polícia Militar visando alinhar necessidades com a ação dos agentes de segurança.” 

Não bastasse, a Prefeitura Universitária apresentou como medida a construção de cercas de concreto e mais guaritas ao redor do campus central. Medida absurda que contrasta com as respostas anteriores acerca da segurança dos estudantes. De que adiantará um muro ao redor da universidade se os centros seguirão mal iluminados? Além do mais, de onde saíra este orçamento? 

Durante 2023 as respostas da reitoria foram recheadas de promessas e consciências dos problemas da comunidade universitária. Entretanto, na prática, foram diversas as situações de descaso, má organização e transparência, de uma gestão que se elegeu com a promessa de um compromisso mais à esquerda.

No Conselho Universitário, Bia Assis, conselheira e militante do Movimento Correnteza pronunciou-se sobre a situação: “daqui pra frente queremos que os estudantes tenham acesso às deliberações do Conselho e das Câmaras de graduação, precisamos de mais acesso para discutir as deliberações da reitoria, falta transparência e diálogo real com a comunidade acadêmica”. 

Assim, para os próximos períodos, a única solução deve ser o enfrentamento combativo de cobrança das promessas feitas e a luta pela recomposição orçamentária das Universidades. 

 

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