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terça-feira, 16 de julho de 2024

Incêndio na Comunidade do Limite destrói moradias

Na noite de 11 de novembro, um incêndio destruiu mais de quinze barracos na Comunidade do Limite, no bairro Jardim Santa Maria em Osasco. Cinco meses atrás, outro incêndio havia atingido o mesmo local. 

Ayla Merli | Osasco


SOCIEDADE| Os recorrentes incêndios poderiam ter sido evitados se houvesse eletrificação, saneamento básico e um projeto urbano que atendesse aos interesses do povo trabalhador. Mas o prefeito Rogério Lins só se importa em enriquecer os muito ricos enquanto posta vídeos nas redes digitais fingindo que se importa com o povo: um marketeiro de primeira!

Em depoimento para o jornal A Verdade, Valter, que perdeu tudo no desastre, relatou o caso: “Eu estava dormindo, estava desde o começo, quase que eu morri queimado. Foi um sufoco danado para nós, perdemos tudo, não tenho mais nada, nada. Saí só com a roupa do corpo.” 

Outra moradora, que trabalha até às dez horas da noite, perdeu o seu cachorro. Valter nos conta: “não tinha quem salvasse, o filho dela tentou salvar e queimou as pernas”. E continua: “o pior é que quando nós ‘arrumar’ as coisas devagarinho na luta, eles vão falar que eles que arrumaram”. 

Os moradores se organizaram para reconstruir a moradia, mas o local está cheio de entulho e cinzas e nenhum órgão do Estado enviou sequer um caminhão para retirar. Além do descaso depois da destruição é importante lembrar que esses incêndios são consequências da falta de políticas públicas que atendam a necessidade da população.

A luta pela reforma urbana é urgente

Raimundo, pastor na comunidade e que também perdeu sua moradia nas chamas, disse que a igreja foi quem mais doou material para a reconstrução. A prefeitura não fez nada, apenas disponibilizou um auxílio aluguel – por um ano e meio – de míseros R$400,00, o que é insuficiente para pagar um aluguel na região.

Segundo o pastor: “é só um ano e meio e corta, aí o senhor não tem direito à moradia. Quer dizer, e o que perdeu aqui? Podia ao menos mandar telha pro pessoa. Isso é ajudar; não chegar aqui e falar ‘vai morar aonde?’, um ano e meio depois você vai pra rua. É só pra baixar a poeira?”.

A cidade de Osasco é refém da busca por lucro das empreiteiras e construtoras como a Dubai, a ZAFIR e outras que enriquecem com a falta de moradia digna para a população. Para ilustrar, no último trimestre de 2023, a construtora EzTec teve lucro líquido de R$31,5 milhões, mas nada dessa quantia voltou para habitação popular.

Fica claro que o prefeito só se preocupa em agradar as construtoras. Para as trabalhadoras de Osasco e região resta morar em condições precárias, com risco de saúde e de vida, passando pelo perigo de sofrer mais um incêndio e perder o pouco que tem. Por isso, a luta pela Reforma Urbana é urgente!

Reforma Urbana vai muito além de exigir moradia digna. Segundo o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). também significa: garantia de emprego, alimentação, transporte público, educação, cultura e lazer, eletricidade nas casas, saneamento básico, acesso à creche e morar perto do trabalho são também bandeiras de luta.

Mas em uma sociedade em que o poder de comprar do salário é cada vez menor, em que milhões de brasileiros vivem de “bicos” sem contrato de trabalho, que a polícia cultua a propriedade privada dos ricos mas assassina a juventude, como alcançaremos moradia digna?

Somente com a luta pela reforma urbana – que não tem um fim nela mesma, mas é um meio para alcançarmos uma sociedade livre de exploração em que o Estado não seja um instrumento dos grandes ricos e das construtoras, mas esteja nas mãos dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Para construir essa sociedade é importante que a gente se organize em movimentos sociais, em associações de moradores e partidos políticos de esquerda. Só o povo salva o povo, e nessa luta revolucionária a organização é a nossa maior arma.

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