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quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Mesmo com o fim das escolas militares, prefeituras fascistas tentam deixá las ativas

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Educação cívico-militar nas escolas apenas atrasa o desenvolvimento da sociedade. Foto: Ana Amaral/Prefeitura de Parnamirim.

A prefeitura de Parnamirim continua escola cívico-militar atuando na cidade, indo contra decreto do Governo Federal. Professor da cidade relata o quão excludente o modelo é.

Lucas Fernandes De Moura | Natal (RN)


EDUCAÇÃO – Criado em setembro de 2019 por meio de decreto, o Programa Nacional de Escolas Cívico-Militares começou a ser executado em 2020. Porém, em 21 de Julho de 2023 o governo Lula encerrou este decreto feito pelo governo Genocida do Bolsonaro, mas algumas prefeituras como a de Parnamirim, município do Rio Grande Do Norte, não vão encerrar as atividades destas escolas.

A prefeitura de Parnamirim informou que 651 estudantes estão matriculados atualmente na Escola Municipal Senador Carlos Alberto de Souza, a única no modelo cívico-militar no município. Através da assessoria, a prefeitura disse que, por não ter sido oficialmente comunicado do encerramento do programa, a escola seguirá o modelo neste momento e não há preparação para transição para outra forma de gestão.

As escolas que seguem esse modelo que é excludente e fascista, segue o plano conservador e preconceituoso, em que se aprende a antiga e ultrapassada ideia de moral e cívica. Parnamirim onde é um reduto de militares é um exemplo, onde que no segundo turno das eleições de 2022 o candidato derrotado Bolsonaro teve a vitória nesses redutos.

Para uma sociedade justa, o primeiro passo é a educação gratuita e plural. Não podemos aceitar esse tipo de metodologia de ensino, com a continuidade dessas escolas vamos dar um passo atrás, e o que nos resta é pedir que as prefeituras acabem com essas escolas. Deixar os pedagogos trabalharem, os professores livres e os militares de volta aos quartéis.

Com o intuito de aprofundar mais sobre o debate, foi realizada uma entrevista com um professor que atua numa escola militar em Parnamirim (RN), para evitar represália e pela segurança do entrevistado, a escola não será divulgada, assim como o nome dele, que ficará no anonimato.

A Verdade: Professor, como é o ambiente de trabalho? Você sente liberdade de ministrar a aula?

Professor: “Na hora da aula é tudo tranquilo, consigo dar a minha aula, porém não me sinto livre em ministrar algumas matérias, como por exemplo da ditadura militar, pois a coordenação passa um crivo nos livros didáticos, e agente acaba não passando muito os assuntos pertinentes a esse tema” .

Você deixa algum tema da disciplina de fora por conta da coordenação ou direção?

Professor: ”como falei antes, sem liberdade de ministrar a aula como eu planejava antes, acabamos deixando alguns temas com pouco conteúdo, por exemplo o tema “ ditadura militar de 1964” e passo por cima de temas importantes que queria ministrar da “era vargas”, como exemplo”.

Qual é a principal diferença em dar aula em uma escola tradicional para um colégio cívico militar?

Professor: “Nas escolas Tradicionais sigo uma linha paulofreiriana de ensino, sem uma educação bancária, já nas cívico militar é muito diferente, começa pelos atos cívicos que são muito frequentes e acho muito desnecessário, e sem falar ao ódio pelo paulo freire”

Como é a interação com os alunos ? Existe algum tipo de protocolo para lidar com os alunos?

Professor: “a relação é muito tranquila, nós seguimos uma cartilha de como agir em determinadas situações, que acabam ficando uma relação muito burocrática entre estudante e professor”.

Quais dificuldades você encontra dentro da sala de aula, com esse modelo vigorando?

Professor: “ com certeza as dificuldades são na hora do planejamento da aula, pois temos que ter muito cuidado para abordar determinados temas, como falei antes, e a interação com os professores e coordenadores que de maneira geral é muito complicado”.

Você já sofreu algum tipo de assédio moral ou algum tipo de violência, atuando como professor nesta escola?

Professor: “não, porém os professores não têm a liberdade de dar aula como querem, acaba se igualando a qualquer tipo de assédio moral”.

Qual é a sua opinião sobre a medida do governo Lula de encerrar as atividades do modelo do colégio cívico militar em 2023?

Professor: “muito pertinente o encerramento, pois tinha muita coisa errada, começando pelos diretores, que são militares sem nenhuma experiência na área de educação, ganham supersalários, não temos total liberdade de expressão, a escola é rodeada de militares que ficam julgando até o modo de me vestir, enfim foi muito bom o presidente lula encerrar, porém deve existir um plano de readequar o mais rápido possível essas escolas, ou realocar nos professores”.

E por fim, você é contra ou a favor desse modelo?

Professor: “por todos esses anos de magistratura, nunca tinha me deparado com um modelo tão excludente como esse, claro que existe país a favor desse modelo, mas para nós educadores é muito complicado, eu sou totalmente contra justamente porque não temos a liberdade de dar aula como sempre desejamos dar, e segundo as ideias de paulo freire essa educação deixa o oprimido mais oprimido ainda, desejo que tudo isso acabe logo”.

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