A notícia da partida de Sarah, símbolo de força, alegria e luta, abalou a todos nós. Fomos unidos por uma missão comum: homenagear e honrar sua luta
Bia Behling | São Paulo
SOCIEDADE – Sexta-feira, 26 de janeiro.
A notícia da partida de Sarah, símbolo de força, alegria e luta, abalou a todos nós. Fomos unidos por uma missão comum: homenagear e honrar sua luta. A jornada até Jundiai, cidade vizinha à de sua mãe, foi marcada pelo silêncio.
Fomos montando a decoração do espaço com as nossas bandeiras, quietinhos, éramos em quatro quando a família e os amigos começaram a chegar, e o som de nariz fungando ecoava no ar. A atmosfera era carregada de emoção e, enquanto trabalhávamos, era difícil impedir que as lágrimas não fossem testemunhas silenciosas do que sentíamos.
Conforme o tempo avançava, chegava um grupo, outro grupo, mais um carro e outro ali, cada um trajando camisetas com símbolos da luta de Sarah. Uma centena de jovens e trabalhadores se misturaram, alguns usando uniformes de militância, outros, uniformes de trabalho.
O choro foi gradualmente cedendo espaço às homenagens. Palavras de ordem ressoavam, punhos eram erguidos, e uma promessa ecoava no ar: a luta de Sarah não seria esquecida, ela seria continuada por todos nós.
Os relatos eram diversos, mas sempre representavam o impacto profundo que as palavras de ordem tinham causado.
“Eu cresci ouvindo horrores sobre os comunistas… mas o que vocês falaram aqui é muito certo: se você se indigna frente a qualquer injustiça, em qualquer parte do mundo, somos companheiros… isso é muito certo! A gente, que trabalha na rua, vê muita injustiça e coisa errada todo dia!”, disse Dona Francisca, trabalhadora vizinha que viu nossa companheira Sarah crescer.
Entre os emocionados, estava Robson, um trabalhador que expressou comovido: “Eu trabalho aqui há muitos anos, nunca vi nada parecido com o que vocês fizeram hoje. Muitos discordam do que vocês fazem, mas eu vi que é sério”.
A própria família de Sarah disse que compreendeu a importância que ela tinha para todos nós. Ficamos surpresos, pois ali éramos apenas uma centena, enquanto Sarah permanecia viva na mente e no coração de milhares de nós. O silêncio inicial havia sido quebrado, substituído pela voz coletiva que prometia manter viva a chama da luta que Sarah tão árdua e insistentemente alimentava.