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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

O exemplo do cursinho popular Ruth de Souza para o acesso de estudantes pobres aos cursos de artes

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Com a redução do investimento nas escolas públicas e a Reforma do Ensino Médio – que precariza o ensino – o vestibular atua como um funil para os estudantes pobres no acesso à universidade e faz com que os filhos dos ricos tenham mais chance de acessar o ensino superior, enquanto os filhos da classe trabalhadora precisam lutar entre si para conseguir as migalhas

Julia Urioste | São Paulo


EDUCAÇÃO – No vestibular, arte é coisa de rico. Muitos cursos de arte exigem provas de “habilidades especiais” para além das provas padrões do vestibular. No caso do curso de artes cênicas da Universidade de São Paulo (USP), o vestibulando precisa passar nas duas fases da FUVEST e ir bem nos quatro dias de prova de “habilidades especiais” para entrar na faculdade. Essa prova longa e específica inclui atividades de escrita, oralidade e prática de cena.

A verdade é que apesar das Casas de Cultura e CEUs (Centro Educacional Unificado) muitos jovens não têm a oportunidade de fazer teatro, seja por precisar trabalhar para ajudar a família, seja pela falta de incentivo à arte que há no Brasil.

Dessa forma, há uma evidente desvantagem no vestibular para os cursos de artes entre o jovem que recebe apoio financeiro da família e pode se dedicar a ambos os estudos e do jovem que não tem as mesmas oportunidades.

Enquanto houver vestibular, é necessário cursinho popular

Na busca de tornar a USP com a cara do povo, o Movimento Correnteza e estudantes do curso de artes cênicas criaram o Cursinho Popular Ruth de Souza (CPRS) – homenageando a gigantesca atriz negra que revolucionou o cinema brasileiro. O CPRS dá aulas semanais o ano inteiro, introduzindo os jovens aos princípios básicos do teatro e instigando a reflexão crítica da sociedade e da cultura popular.

Seu objetivo é fazer com que o aluno perceba que o fazer teatral vai além dos muros da faculdade e pode ocorrer em qualquer lugar e trabalha para tornar a prova menos pavorosa, provando que a ideia de “talento” é criação do capitalismo. Afinal, como diz o ditado popular: “ninguém nasce sabendo”.

Como relata a ex-aluna do cursinho, Gabrielly Leão: “Eu por vezes ainda não consigo acreditar que isso é real quando paro pra pensar e volto no tempo… Penso no Cursinho Ruth de Souza nesse movimento estudantil tão potente, sou grata por ter feito parte, ter o apoio de vocês foi conforto, cuidado e presença venho agradecer com todo meu carinho(…)”.

Os cursinhos populares são importantes instrumentos de resistência. Enquanto houver vestibular impedindo o ensino para todos, eles ajudarão a juventude periférica a entrar no ensino superior.

Enquanto isso, o Movimento Correnteza luta cotidianamente pelo fim do vestibular. Só esta luta coletiva conquistará o direito à educação para filhos e filhas da classe trabalhadora.

Por uma universidade acessível, pública, gratuita e para todas e todos!

Acesse o perfil do cursinho no Instagram: @cursinhoruthdesouza

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