Chapa vitoriosa composta pelo Movimento Correnteza, coletivo Juntos!, CA´s independentes e pelas três CEU UFG( Casa do estudante) vencem as eleições para o Diretório Central dos Estudantes da UFG buscando retomar a luta do DCE na universidade.
Vinícius Arantes| Redação Goiás
Fernanda Reis| Paraná
JUVENTUDE – Nos dias 25 e 26 de janeiro de 2024 aconteceram as eleições para o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Goiás. A votação ocorreu de forma presencial e o resultado foi divulgado na madrugada do dia 27 de janeiro, após a apuração houve a consagração da chapa 2 “ PRA VOLTAR A TER VITÓRIAS: DCE É PRA LUTAR” com 1575 votos (76,46%), enquanto a Chapa 1 “ O FUTURO É AGORA” encabeçada pela JPT, UJS, JSB e PDT teve 485 votos (23,54%).
Gestão anterior marcada pelo imobilismo
A antiga gestão do DCE que saiu vencedora do processo eleitoral em 2022 atrasou a entrega da gestão chegando a contabilizar 1 ano e 6 meses. Para a maior parte dos estudantes a gestão significou abandono e descaso com as pautas estudantis, ao mesmo passo em que apenas um CEB com os CAs/DAs da UFG foi feito durante todo o período.
A luta estudantil na UFG não ficou a reboque do imobilismo do DCE, no mesmo tempo uma onda de pressão dos estudantes ecoou na universidade através da luta pelas cotas trans, pela expulsão do MBL dos campus da universidade com um grandioso ato antifascista, pela avalanche de luta na Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) contra uma decisão da Justiça Federal que anulou a aplicação da lei de cotas em concurso para professor que conseguiu mobilizar toda a comunidade acadêmica e depois aumentou para outras demandas da faculdade como a própria falta de recursos. Essas são só alguns exemplos de diversas lutas que aconteceram na universidade sem o auxílio do DCE.
Formação da chapa e dificuldades do processo eleitoral
No final de dezembro, sem perspectivas da então convocação do CEB para a entrega da gestão e a convocatória da eleição, o Movimento Correnteza participou de um manifesto pedindo a entrega imediata da gestão, formação da comissão eleitoral e convocação do CEB. A carta-manifesto chegou a ser assinada por mais de 30 CAs e DAs da universidade e pressionou a então atual gestão a convocar um CEB às pressas.
O calendário eleitoral então foi montado e definido os dias das eleições para 25 e 26 de janeiro, além de uma curtíssima e apertada campanha entendendo que a universidade se encontrava esvaziada por estar no fim do período e alguns alunos já terem feito as provas ou estarem na semana das provas.
Durante esse processo juntamos forças com o movimento juntos! e também com as três casas dos estudantes da UFG que também debatiam suas próprias demandas, como o abandono do DCE em agarrar a luta da CEU contra a falta de recursos de higiene básica, por exemplo.
No período da campanha a chapa 2 participou da plenária e festa na CEU, além de ter participado do ato político na cidade de Goiás e ter realizado a festa da chapa na praça universitária junto com a famosa batalha de rima da PU. Por outro lado, o período eleitoral também contou com uma grande despolitização como a não participação da Chapa 1 no debate eleitoral que aconteceria no dia 23 de janeiro nas vésperas da eleição mostrando descaso com os eleitores e estudantes.
Nos dias da eleição as urnas demoraram bastante para abrir e de certa maneira ajudaram a contribuir para o maior esvaziamento da eleição e a irresponsabilidade das forças políticas até então dirigentes do DCE com o processo eleitoral, após tanto desgaste as urnas foram abertas às 10:30 no primeiro dia e 10:00 horas no segundo dia, mesmo que a comissão eleitoral tivesse definido que às urnas abriram às 08 horas da manhã em ambos os dias.
Plenária final e homenagens à Sarah e Norberto
“Sim chapa descendemos desses sonhos
E nunca morremos
Nos mantivemos
Em cada assembleia, cada célula
Cada rincão, viela
Em cada pregação, cada cela
Cada missão contando cédulas
Comprando as bélicas
Voltamos pra ficar e bó nessa
É a volta da vitória”
Don L. Volta da vitória/citação: us mano e as minas (part. Xis)
Chegada o período de votações, presenciamos uma sequência de tentativas de boicote às eleições: atraso na abertura das urnas, repercussão de mentiras sobre a segunda chapa, desmoralizações, tensionamentos, bloqueamento de urnas, entre outras atitudes desmobilizantes realizadas pela primeira chapa que impediam os alunos de votar.
Mesmo depois de tudo isso, a apuração dos votos mostrou o que os estudantes almejam para a sua universidade. Foram 2.075 votos ao total, sendo 485 para a Chapa 1, 1575 para a Chapa 2 e 15 votos brancos e nulos. A diferença expressiva de 1.090 votos demonstra a insatisfação dos discentes com a gestão do DCE. Realmente um espetáculo, se Dan Aykroyd estivesse na UFG durante esse período, com certeza teria escrito um novo “Caça-Fantasmas”.
Na madrugada do dia 27 de janeiro, o campus Samambaia foi tomado por alegria, abraços, sorrisos e a esperança de um futuro de luta. Finalmente essa entidade voltará a ser uma referência do movimento estudantil no estado de Goiás e no Brasil. Há muito trabalho para retomar as engrenagens do DCE, mas determinação não falta para a nova gestão.
Ao final do processo eleitoral durante a plenária final do correnteza essa vitória foi dedicada ao companheiro Norberto Tseredawa, estudante indígena da chapa que faleceu de mal súbito durante as eleições, e à companheira Sarah Domingues militante e dirigente da União da Juventude Rebelião (UJR), organização a qual dedicou seus melhores anos e toda sua alegria de vida, tornando-se uma das principais lideranças estudantis de Porto Alegre. Estudante de Arquitetura, foi coordenadora do Movimento Correnteza, diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE), do Diretório Central dos Estudantes da UFRGS, do Diretório Acadêmico da Arquitetura e membro do Conselho Universitário da UFRGS assassinada brutalmente pelo sistema que tanto lutava. Nunca serão esquecidos.
Norberto presente, agora e sempre!
Sarah presente, agora e sempre!