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domingo, 22 de dezembro de 2024

Avanço da dengue mostra que saúde pública continua negligenciada

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Fernanda Cristina e Felipe Gomes | Brasília (DF)


As intensas ondas de calor que vêm atingindo o país ao longo das últimas semanas, aliadas às fortes e frequentes chuvas, reviveram a preocupação com a dengue no Brasil. A projeção da Secretaria de Vigilância em Saúde e da Fiocruz é alarmante: o Brasil pode chegar a cinco milhões de casos de dengue só neste ano. Até a primeira quinzena de fevereiro, foram mais de 400 mil casos e 62 mortes em todo o país.

Estados como Acre, Minas Gerais e Goiás enfrentam um crescente número de casos confirmados e óbitos. No Distrito Federal, o cenário é ainda mais preocupante, com um aumento de 1.120% nos casos prováveis de dengue em relação ao ano anterior, além de 11 óbitos confirmados até o último dia 05 de fevereiro.

A pandemia de Covid-19 revelou a verdade já conhecida de que, diante de uma crise com um vírus já conhecido, números alarmantes de contaminados e mortos são resultado direto da falta de planejamento e investimento público. A vice-governadora do DF, Celina Leão (Progressistas), disse que “a dengue tem estrangulado a saúde pública”. A pergunta é: por quê? Será que a “culpa” é da doença ou da negligência do Estado?

O Distrito Federal conta com uma média de dois agentes comunitários de saúde para a cada 4.000 pessoas, número bem abaixo do preconizado pelo Ministério da Saúde. A Política Nacional de Atenção Básica, do Ministério da Saúde, recomenda que cada equipe de saúde da família tenha até seis agentes comunitários de saúde para atender uma região entre 2.000 a 3.500 pessoas. Os agentes comunitários de saúde são responsáveis por visitas domiciliares a pacientes da rede e, durante os encontros, localizar possíveis focos do mosquito transmissor da dengue – o Aedes aegypti.

Segundo o levantamento “Demografia Médica no Brasil 2023”, a distribuição de médicos pelo país é bastante desigual. Enquanto a região Sudeste apresenta cerca de 3,62 médicos a cada 1.000 habitantes, na região Norte esse número cai para 1,65. Mas, mesmo nos locais onde há maior número de médicos, onde são os atendimentos? No caso do DF, houve um aumento no número destes profissionais nos últimos anos, porém, essa não é a realidade no serviço público. Há a priorização dos hospitais privados, reforçando a precariedade nos hospitais públicos.

Já o Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal (SindFermeiros-DF) afirma que faltam 1.600 enfermeiros e 5.000 técnicos de enfermagem nos três níveis de atenção à saúde. Questionado sobre as nomeações, o governador Ibaneis Rocha (MDB) justifica não fazê-las em nome da “Responsabilidade”.  É preciso perguntar ao governador do DF e demais defensores da austeridade. Enquanto o número de casos prováveis na Capital do país já ultrapassa os 400 mil, os representantes da burguesia lavam suas mãos diante do sofrimento do povo.

No capitalismo, o lucro vem em primeiro lugar, criando profundas distorções. Onde mais há carência de médicos é onde menos tem. Nos momentos em que o povo mais precisa que o Estado invista, respondem que não há dinheiro para políticas públicas. Mas a torneira dos cofres do estado nunca fecha para a burguesia. Superar esse sistema é fundamental para garantir saúde de qualidade ao povo.

Matéria publicada na edição nº 286 do Jornal A Verdade

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