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sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Creches no Brasil: 2,5 milhões de crianças ainda não tem acesso às vagas 

Ana Carolina Martins | Coordenação Nacional do Movimento de Mulheres Olga Benario

Segundo o Censo 2022, a população total brasileira era de pouco mais 203 milhões de habitantes, sendo mais 18 milhões de crianças de 0 a 6 anos (9% da população). Apenas metade delas está matriculada em creches e pré-escolas conforme o relatório do portal Primeira Infância Primeiro (PIP), elaborado pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.

De acordo com a (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios sobre Educação (Pnad), ainda existem 2,5 milhões de crianças de 0 a 3 anos que não têm acesso a vagas em creche. 

Conforme o Censo Escolar de 2020, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o Brasil tinha uma carência expressiva de instituições de educação infantil. Muitas crianças ainda estavam fora da escola ou não tinham acesso a creches de qualidade. Além disso, a Pnad Contínua de 2019 indicou que a oferta insuficiente de creches afetava principalmente as famílias de baixa renda. 

Faltam investimentos

A falta de creches no Brasil é um desafio que impacta significativamente não apenas as famílias, mas também o desenvolvimento social e econômico do país. As creches desempenham um papel crucial na formação infantil, proporcionando um ambiente educativo e seguro para as crianças, além de promover segurança alimentar, ao mesmo tempo que dão à possibilidade de mães e pais poderem trabalhar.

No entanto, faltam investimentos adequados e políticas públicas. Os impactos desta carência são vastos e tocam vários aspectos da nossa sociedade. As mães – principalmente negras e pobres – enfrentam desafios ao tentar equilibrar suas vidas com os cuidados aos filhos.

Isso acontece devido à imposição do sistema capitalista e ao patriarcado, que condicionam socialmente as mulheres em todo o mundo a serem responsabilizadas pelas tarefas domésticas e de cuidado de crianças, enfermos e até idosos, enquanto os homens se dedicam apenas em seus trabalhos, ou seja, é um reforço de que os papéis de gênero naturalizam as mulheres como cuidadoras e desconsideram o valor de seu trabalho.

A falta de creches hoje também é um dos fatores que limita a participação das mulheres que são mães no mercado de trabalho, impactando negativamente na sua busca por uma qualificação e a independência financeira. Isso significa dizer que, desde a conclusão do ensino básico, entrada ou permanência na universidade/curso técnico, até a procura por emprego, é muito mais difícil nessa sociedade quando se é mãe, principalmente mãe solo.

Mudar essa realidade

Para mudar isso, o Movimento de Mulheres Olga Benario organiza, há vários anos, a luta por creche e, no dia 1º de fevereiro, realizará ações de luta para assegurar esse direito tão fundamental. São manifestações, ocupações de secretarias, palestras, rodas de conversa, panfletagens, construção de núcleos com as mães, visitas aos bairros para conversar com as famílias, denunciando a precariedade, a falta de instituições de tempo integral, dentre outras. 

Junte-se ao Movimento de Mulheres Olga Benario nesta luta!

Matéria publicada na edição nº 285 do Jornal A Verdade

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