Neste dia 21 de fevereiro de 2024, completam-se 80 anos do nascimento de Manoel Lisboa de Moura, fundador do Partido Comunista Revolucionário (PCR). Com este editorial, o jornal A Verdade presta-lhe uma homenagem para marcar a data.
Nascido em 1944, em Maceió, capital de Alagoas, Manoel iniciou sua militância ainda no movimento estudantil secundarista, formando grêmios nas escolas e participando das lutas na cidade. Em 1961, aos 17 anos, ingressou na Juventude Comunista. Em 1962, rompe com o revisionismo do PCB e atua na fundação do PCdoB.
O meu despertar para as questões sociais apareceu quando eu tinha a idade de 17 anos. [….] Paralelamente, tive a curiosidade despertada para o marxismo em virtude do alarde que sempre se fez em torno do socialismo, como sendo um perigo. […] Continuei meus estudos e, aos 19 anos, considerei-me marxista-leninista. Tomei conhecimento das divergências do campo socialista e do aparecimento do revisionismo. Em 1964, fui indiciado por vender livros e revistas em uma pequena livraria. Apresentei-me em janeiro deste ano [1965]; fui libertado após 15 dias de prisão. (“Declaro-me marxista-leninista”, depoimento quando de sua prisão)
Pouco depois, no início de 1966, Manoel Lisboa e Amaro Luiz de Carvalho denunciam também os vícios do partido fundado há poucos anos e encabeçam a fundação do PCR, uma organização cujo objetivo era se diferenciar das demais, sendo realmente consequente na luta combinada pela derrubada da ditadura militar (instalada desde 1º de abril de 1964) e pela deflagração do processo revolucionário socialista no Brasil.
Manoel foi assassinado em 04 de setembro de 1973, em Recife, após suportar heroicamente dias seguidos de torturas nos porões do regime fascista. Portanto, ainda muito jovem, com apenas 29 anos de idade. Teve pouquíssimo tempo de vida e, nos 12 anos em que desenvolveu sua militância comunista, dedicou o máximo de suas energias para a causa da Revolução Socialista.
Abriu mão do conforto familiar, do curso de Medicina na UFAL, de sua cidade natal, dos empregos formais no mercado de trabalho. Passou a viver clandestinamente, correndo os maiores perigos em meio ao cerco dos agentes da repressão, fosse para comandar uma ação de expropriação de armas dentro de um quartel, fosse para dar assistência individual a uma militante operária do Partido, circunstância em que foi sequestrado, torturado e assassinado.
Seus restos mortais, só em 2003, ou seja, 30 anos depois, foram trasladados de São Paulo para Maceió, onde sua mãe, já bastante idosa, e seus camaradas puderam prestar-lhe as homenagens fúnebres.
Mas a mais justa das homenagens que um dirigente revolucionário da dimensão de Manoel Lisboa pode receber é a continuidade de sua obra. E é por isso que, sem cessar, vemos nos muros das cidades brasileiras a mensagem “PCR vive, luta e avança!”.
Viva Manoel Lisboa! Viva o PCR!
Editorial publicado na edição nº 286 do Jornal A Verdade.