A Unidade Popular está promovendo Encontros Estaduais de Negros e Negras por todo o país como uma forma de dar continuidade aos debates iniciados no Encontro Nacional. Em Pernambuco, o 1º Encontro Estadual aconteceu no último dia 24 de fevereiro e já rendeu frutos para o fortalecimento da luta antirracista e pelo socialismo no estado.
Clóvis Maia | Redação PE
No dia 24 de fevereiro, ocorreu o 1º Encontro Estadual de Negras e Negros da Unidade Popular (UP) em Pernambuco. O evento faz parte do ciclo de encontros estaduais que estão acontecendo em todo o país como uma forma de democratizar e dar continuidade aos debates realizados no 1º Encontro Nacional, promovido pelo Diretório Nacional da UP em novembro de 2023, em Salvador (BA).
A militância em Pernambuco realizou plenárias de preparação para o Encontro Nacional e organizou debates municipais nas quatro regiões do estado, estudando a obra A luta antirracista e pelo socialismo, para eleger as delegadas e os delegados para o Encontro Estadual.
O Encontro iniciou com um ato que percorreu as ruas do Recife, denunciando o massacre que ocorre na Faixa se Gaza e que já conta com mais de 30 mil mortos, sendo a maioria mulheres e crianças. Em seguida, a mesa de abertura – composta por representantes do jornal A Verdade, Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), Movimento de Mulheres Olga Benário, União da Juventude Rebelião (UJR), Movimento Luta de Classes (MLC) e Diretório Estadual da UP – deu início às atividades, que seguiram de estudo, debate de conjuntura, discussão e aprovação das propostas. À noite, os participantes foram para o evento em homenagem ao aniversário de 80 anos de Manoel Lisboa, herói do povo brasileiro.
Violência pública aumenta em Pernambuco
Pernambuco possui 5 das 50 cidades mais violentas do país, segundo o 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública: Cabo de Santo Agostinho (5°), Vitória de Santo Antão (27°), São Lourenço da Mata (30°), Garanhuns (39°) e Jaboatão dos Guararapes (42°). Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, das 66 mil pessoas assassinadas no Brasil em 2018, 78% delas eram negras. A situação fica ainda pior quando se trata de racismo institucional: todas as pessoas mortas pela Polícia Militar (PM) no Recife em 2021 e 2022 eram negras, segundo a Rede de Observatórios de Segurança.
Esse cenário é reflexo dos séculos de escravidão no Brasil que, mesmo após a abolição formal, não contou com políticas de reparação e inclusão social das pessoas escravizadas. Dessa forma, uma série de direitos fundamentais são negados até hoje à população negra, que fica sujeita à fome, ao desemprego e à violência. Assim, é evidente que o racismo estrutural é uma das bases de sustentação do capitalismo, independendo de governo para continuar existindo, visto que Pernambuco foi governado por partidos ditos de esquerda (PSB, PCdoB e PT) nos 15 anos anteriores a 2023, época de coleta dos dados apresentados.
Luta coletiva e antirracista é a solução
Como diz Leonardo Péricles, “a criação da Unidade Popular representa o reencontro dos movimentos sociais com as periferias”. É exatamente esse sentimento que temos ao ver nossa militância crescendo e se fortalecendo cada vez mais, a exemplo dos novos filiados que conheceram a UP a partir da mobilização para o Encontro Estadual.
Criada nas mobilizações de rua e com uma militância vinda das periferias de nosso país, a UP se prepara para criar seu movimento negro, resgatando as lutas de base, a formação ideológica e a luta concreta contra toda a forma de racismo e pelo socialismo. A palavra de ordem que diz que a UP avança é cada vez mais uma realidade.