A luta do povo do Vale do Reginaldo na Maceió afundada pelo capitalismo

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Vale do Reginaldo sofre com esquecimento e abandono em meio ao crime ambiental da Braskem. MLB organiza famílias na periferia de Maceió, para lutarem por moradia digna e contra o descaso com o povo, em uma capital afundada pela mineração capitalista criminosa.

Raquel Lins e Liliane Silva | Maceió


LUTA POPULAR – O Vale do Reginaldo é uma comunidade carente, mal assistida pelos governos e fica adjacente ao centro de Maceió, a capital alagoana com cinco bairros afundados pela mineradora criminosa Braskem. No entanto, o Vale não é tratado como bairro, apesar de ser uma das maiores comunidades da cidade. Considerada área irregular, já foram prometidos vários projetos de urbanização, que por anos são feitos precariamente, sem conclusão e sem consultar os reais interessados, os moradores.

A necessidade de um abrigo próximo ao local de trabalho, leva muitas pessoas a encontrarem alternativas precárias para moradia, ainda mais numa cidade com preços de aluguéis caros. No caso do Vale do Reginaldo, a proximidade com o porto e o centro da cidade historicamente tornou este lugar atrativo para grande parcela da população de baixa ou nenhuma renda, principalmente para famílias que fugiram do desemprego, vindas do interior de Alagoas e até mesmo de outros Estados.

O desemprego no capitalismo e a falta de investimento público são elementos determinantes para a produção de favelas. A terra deveria pertencer a todos, mas com a propriedade privada das terras no capitalismo, aumenta-se a especulação imobiliária e, consequentemente, há o aumento dos aluguéis. Maceió concentra há anos, segundo censos do IBGE, mais de 121 mil pessoas morando em aglomerados, inclusive em áreas de risco e encostas, dados que a própria prefeitura disponibiliza há anos. 

Atualmente a prefeitura realiza uma obra que não reflete as necessidades dos moradores do vale, ao contrário, para atender a demanda de outros bairros, a unificação de canais pluviométricos que desaguam no Reginaldo, pode aumentar as enchentes e deslizamento no local. Para a comunidade a prefeitura é omissa, não atende os reais interesses da população como pavimentação, encostas, postos de saúde, creches, praças, iluminação, saneamento, segurança, etc…

Os moradores relatam que precisam se deslocar por longas distâncias para conseguirem pegar um transporte. Seu Brás, morador do bairro, relata as dificuldades que sofre para conseguir atendimento médico, “obrigado a buscar atendimento em unidades de saúde em outros bairros”. Dificuldades também, enfrentadas por Lua, mãe solo de três filhos que “já não aguenta mais ter suas corridas de aplicativos canceladas por morar na parte esquecida do Reginaldo”.

Só a luta muda a vida

Como vimos, no Vale do Reginaldo o suporte público é pouco e não atende a população, há um descaso e na democracia dos ricos, a população acaba manipulada pelos políticos das elites que, através das eleições, vendem os interesses do povo. Essa é a cara perversa do capitalismo que permite a mineradora Braskem afundar a cidade e piorar a vida da população em nome do seu lucro, enquanto a grande maioria do povo vive oprimido e sem perspectiva de vida.

É por isso que o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas – MLB vem organizando e construindo um trabalho de formação com as famílias do Vale, para que as mesmas busquem coletivamente enfrentar as dificuldades do dia-a-dia, lutem por suas casas e por uma sociedade realmente livre, onde todos trabalhem e tenham segurança, saúde, lazer, alimentação, educação e sejam tratados com dignidade. Isso tudo é possível numa sociedade socialista. Os desafios estão postos, cabe ao povo se apropriar dos seus direitos e reivindicá-los com muita luta.