Ceará realiza 1º Encontro Estadual de Negras e Negros da UP

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No dia 28 de Janeiro, foi realizado no Ceará o primeiro Encontro Estadual de Negras e Negros da UP. Assim como no Encontro Nacional, ocorrido em 2023, os militantes da Unidade Popular debateram acerca da necessidade de avançar a luta contra o racismo no nosso país, entendendo que a luta antirracista é inseparável da luta pelo socialismo.

Dandahra Cavalcante | Fortaleza


LUTA POPULAR – As taxas de violência, desemprego e analfabetismo da última década evidenciam que o problema do racismo não possui solução no capitalismo. No Ceará, em 2022, 80% dos mortos por intervenção policial no estado eram pessoas negras, conforme pesquisa da Rede de Observatórios, com base em dados divulgados pela Secretaria Estadual de Segurança Pública, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). Já para as taxas de analfabetismo, 7,4% dos negros com 15 anos ou mais de idade são analfabetos, mais que o dobro da taxa encontrada entre brancos, que é de 3,4%. Para as pessoas com 60 anos ou mais, a taxa de analfabetismo entre brancos foi de 9,3%, enquanto que entre a população negra a taxa chega a 23,3%.

Nacionalmente, a desigualdade também se reproduz: entre os desempregados, 65,1% são negros e quase metade (46%) dos negros que trabalham estão em trabalhos desprotegidos, com pouca ou nenhuma garantia de segurança nesses espaços.

Ceará, a terra da luz

Em 1884, 4 anos antes antes da Lei Áurea, a provincia Ceará foi a primeira a abolir a escravidão, fruto  de diversas mobilizações abolicionistas. Entre elas, tornou-se destaque a Greve dos Jangadeiros, encabeçada por Chico da Matilde, que acelerou o processo abolicionista no nosso estado e eternizou Chico da Matilde como Dragão do Mar, herói do povo cearense e brasileiro.

Próximos passos da luta antirracista

No Encontro Estadual de Negras e Negros, os militantes do estado definiram diversas tarefas para avançar a luta antirracista, como a luta pela erradicação do analfabetismo, a denúncia do caráter fascista da Polícia Militar e a reivindicação da desmilitarização desse aparato do Estado, que serve apenas para ceifar a vida de milhares de jovens da periferia.

Como foi o caso da chacina do Curió, ocorrida na madrugada de 11 de novembro de 2015, numa operação policial nos bairros da Grande Messejana, em Fortaleza, que causou a morte de 11 pessoas. Além disso, a luta contra a privatização dos presídios, medida reacionária que visa o genocídio do povo preto, também é uma das principais bandeiras para o avanço dessa luta.

Devemos, ainda, agitar nossas lutas em torno da revogação da reforma trabalhista, mostrando como essa medida representa um atraso e prejudica ainda mais a vida dos trabalhadores. Por fim, devemos lutar principalmente pela destruição desse sistema de exploração que oprime o povo preto, as mulheres, os jovens, as crianças e qualquer um que não faça parte da elite.

O Ceará carrega agora a responsabilidade de ser linha de frente na luta pelo fim do racismo e pelo avanço do socialismo.