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quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Modo de produção capitalista é a causa dos desastres climáticos

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Enchentes, desabamentos, secas, tempestades e tantos outros problemas não podem ser encarados como naturais ou “vontade divina”, pois são frutos diretos do modo de produção capitalista.

Raul Bittencourt Pedreira | Rio de Janeiro

OPINIÃO – O alerta de fortes chuvas no Sudeste, dado pelos três níveis de governo, federal, estadual e municipal, acarretando a suspensão de atividades em órgãos públicos e empresas privadas, tem como pano de fundo uma situação muito grave e que não pode ser considerada secundária, mas sim um problema central para toda a classe trabalhadora: a crise climática.

Dias antes das chuvas deste final de semana, o Brasil passava por uma onda de calor, cuja sensação térmica alcançou, em vários pontos do Rio de Janeiro, por exemplo, atingiu absurdos 60ºC. Secas e alagamentos se alternam por todo o país, espalhando dor e sofrimento, especialmente para os mais pobres. A Região Serrana fluminense é submetida a alagamentos, quedas de barreiras, desabamentos e mortes a cada chuva forte. Dezenas de milhares ficam sem luz e isolados, enquanto o poder público é incapaz (ou sem vontade) de atuar nas causas do problema.

Ora, estas chuvas e ondas de calor são sintomas da crise climática, provocada pelo uso indiscriminado de recursos naturais e liberação descontrolada de gazes estufa, que a despeito de uma série de protocolos que visavam a controlar as emissões, seguem crescendo.

A região do semiárido está em acelerado processo de desertificação, como publicado em nota técnica conjunta do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, Cemaden, e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Inpe, indicando o índice de aridez em patamares inéditos, aumentando áreas em desertificação, sob aspectos climáticos e atmosféricos, atingindo áreas degradadas, que enfrentaram uma redução nas chuvas ao longo dos últimos ano e subsequente redução da oferta de água, degradando as condições de vida.

A crise climática não significa o fim do mundo ou da vida humana em um instante catastrófico bem definido, como nos filmes de Hollywood, mas é um processo gradual de destruição das condições ambientais propicias à vida, cruzando os “pontos de não retorno”, onde a degradação de um sistema se retroalimento em acelerada degeneração.

O descongelamento do “permafrost”, de solos permanentemente congelados no hemisfério norte do planeta, libera gases estufa pelo apodrecimento da matéria orgânica que nele estava aprisionada, além da redução da reflexão de raios solares aumentando a acumulação de calor, retroalimentando o degelo do solo.

No Brasil, as secas, queimadas e o desflorestamento reduzem a umidade da floresta Amazônica, reduzindo sua biomassa e capacidade de reciclar a água, o que acelera a redução da cobertura vegetal e ameaça substituir a floresta úmida por um clima de savana, conforme aponta recente estudo da UFSC.

Como se não bastasse, as temperaturas da superfície dos oceanos acendem alertas por tudo o mundo, com recordes diários de calor em meados de 2023, como alerta a NOAA. No ano de 2023 a temperatura média global dos oceanos foi 0,25° C maior do que ano anterior e as projeções são que isso se repita em 2024, acelerando a acidificação dos mares, potencializando eventos climáticos extremos como furacões e tufões, provocando a morte de corais e desequilibrando toda a cadeia alimentar global.

A sustentabilidade, no capitalismo, é apenas uma expressão de propaganda que visa a ampliar os lucros da grande burguesia, sem modificar as bases da acumulação de riqueza. Investem na venda de água mineral em lata, ao invés do uso de filtros. Plantam mudas de árvores que não irão crescer, como alívio de consciência, tal qual era o pagamento em ouro das indulgências à igreja, pela remissão dos pecados. Um perdão comprado e sem qualquer arrependimento.

Os muito ricos, que controlam os meios de produção, podem até sofrer eventuais desconfortos, dentro de suas mansões climatizadas, de seus “bunkers” de alta tecnologia, mas o impacto da crise climática é duramente sentido nas costas daqueles que produzem toda a riqueza e que terão suas casas, sonhos e vidas esmigalhados.

Imagine a sua casa, o lixo produzido é levado para fora… mas e se você não pudesse descartá-lo e ele se acumulasse na sala, na cozinha, no banheiro, no quarto, em todos os espaços, abarrotando-os um de cada vez e esmagando sua família! Bem, é isso que acontece com o nosso mundo, o lixo produzido em um cômodo é despejado no outro, mas ele não deixa de existir, ele segue contaminado o ar que respiramos, a água que bebemos e os solos dos quais dependemos para produzir alimentos.

A conscientização da classe trabalhadora, especialmente daqueles que residem nas gigantescas periferias, sem serviços públicos, saneamento, água potável e condições de habitação seguras, é uma tarefa urgente da militância comunista e a greve geral climática, cruzando os braços e parando a produção, é um processo de construção indispensável no combate a condições de trabalho e vida insalubres, pressionando os patrões e seus governos comprados a tomarem medidas efetivas contra a crise climática, além de elevar a consciência de classe dos trabalhadores.

Finalmente, o papel dos comunistas é o combate e derrota do modo de produção capitalista e da indústria de consumo de massa, com produtos cada vez mais descartáveis e cuja obsolescência é programada, consumindo energia e recursos finitos, enquanto polui o ambiente. A superação do capitalismo e a implementação do socialismo é condição essencial para a racionalização do uso de recursos naturais, a garantia de acesso à água e comida saudáveis, a sobrevivência da humanidade e da própria vida na Terra, como nós a conhecemos.

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