O Sindicato dos Servidores Municipais de Uberlândia aprovou greve, reivindicando reajuste de pelo menos 37,5% do salário. Com ato histórico e mais de 5 mil pessoas nas ruas, a prefeitura amedrontada utilizou uma liminar inconstitucional para suspender a greve.
Rafael Fumero e Ana Sena | Uberlândia
TRABALHADOR UNIDO – Após tentativa de diálogo com a prefeitura de Uberlândia, iniciado em dezembro de 2023, para reivindicar reajuste salarial em 2024, o Sindicato dos Servidores Municipais de Uberlândia (SINTRASP), sem nenhuma proposta, convocou assembleia geral com indicativo de greve no dia 8 de março.
Houve ocupação do plenário da Câmara Municipal em dia ordinário e os servidores não permitiram que fosse votado ou debatido outro assunto além do reajuste. O ato contou com centenas de servidoras da áreas da educação que não se calaram no Dia Internacional da Mulher Trabalhadora.
O protagonismo das servidoras
A vice-presidenta do sindicato, Márcia Novikoff, denunciou as condições precárias das merendas escolares das escolas municipais, onde “uma banana tem que ser dividida em duas e uma maçã em quatro”, alertou que os assédios morais, sexuais e abuso de autoridade seguem acontecendo e que com a crescente falta de professores e piora na estrutura das escolas, a tendência é que a qualidade na prestação do serviço só diminua.
Em entrevista para o jornal, afirmou que a proposta de reajuste de 37,5% é o mínimo que os servidores precisam, além de que “a prefeitura não deu nenhuma proposta, nem sabem se vão conseguir um reajuste”.
Ronaldo Amélio, presidente do SINTRASP, afirmou que os servidores da cidade não irão continuar trabalhando com salário sem reajuste. “O plano de saúde foi reajustado em 24%, a água em 40% e os gastos só crescem, mas o salário não”, completou dizendo que “tenho orgulho de ser de uma categoria [educação] de maioria feminina, temos que saudar as mulheres de luta que vieram aqui lutar pelos seus direitos”.
A sessão contou com grande vaia às falas eleitoreiras dos vereadores Abatenio Marquez (PP) e Walquir Amaral (Solidariedade) da base fascista do prefeito. Depois dela ocorreu assembleia geral em frente ao gabinete do prefeito Odelmo Leão, que se negou a aparecer para dialogar com os trabalhadores. O ato terminou com a aprovação da greve após falas inspiradoras de professoras e inspetoras das escolas.
A mobilização continua
Desde os atos “Fora Bolsonaro”, em 2020, a cidade de Uberlândia não via mobilizações tão grandes. No dia 12 de março, após assembleia em frente a Câmara Municipal e mesa de negociação com o prefeito Odelmo Leão, os servidores realizaram uma passeata com mais de 5 mil pessoas presentes, reafirmando a indignação frente à falta de proposta.
Até o dia 15 de março, os trabalhadores seguiram incansavelmente nas ruas, lotando praças e avenidas para conquistar seus direitos. Entretanto, na quinta-feira, 14 de março, foi emitida uma liminar que suspendeu a greve. O comando unificado de greve denunciou a ilegalidade da determinação, clara demonstração do aparato de violência de classes que é o Estado Burguês e sua legislação.
Sem cumprimento das reivindicações e com ameaça de multa diária de R$200 mil para o sindicato, o dia 15 será lembrado como dia da covardia de Odelmo e dos inimigos do serviço público, que preferiram calar o povo arbitrariamente a entregar o reajuste digno para os servidores.
A Unidade Popular e A Verdade
A Unidade Popular de Uberlândia esteve presente em todas as últimas mobilizações da cidade, assim como na greve dos servidores municipais. Realizando agitação e propaganda com A Verdade e garantindo que a classe trabalhadora tome consciência e arranque das mãos dos patrões e políticos burgueses cada direito que eles tentam tirar de nós.
Nesses momentos de greve, como pensou Lenin, além da categoria paralisada, todo o conjunto da classe trabalhadora compreende sua força motriz, os burgueses e seus funcionários (gestores do Estado) se lembram da inevitável derrota perante o proletariado e, apesar de represálias e ataques, percebem que não há como parar o povo unido e organizado.
“As greves ensinam os operários a unirem-se, as greves fazem-nos ver que somente unidos podem aguentar a luta contra os capitalistas, as greves ensinam os operários a pensarem na luta de toda a classe operária contra toda a classe patronal e contra o governo autocrático e policial”. (LENIN, V.I. Sobre as Greves, 1899)