No dia 06 de março, as forças antifascistas do Porto, em Portugal, conquistaram uma importante vitória sobre a crescente onda reacionária que o país enfrenta. Cerca de cinco mil manifestantes se reuniram para impedir uma marcha da extrema-direita, que ocorreria na cidade no mesmo dia.
Daniel Schiavoni | Porto, Portugal
INTERNACIONAL – No dia 06 de março, as forças antifascistas do Porto, em Portugal, conquistaram uma importante vitória sobre a crescente onda reacionária que o país enfrenta. Cerca de cinco mil manifestantes se reuniram para impedir uma marcha da extrema-direita, que ocorreria na cidade no mesmo dia. Em número massivamente superior, as forças progressistas acabaram por cercar os extremistas, que fugiram da praça que ocupavam sob proteção da polícia local.
Convocados pelo movimento “Habitação Hoje”, partidos e coletivos, entre eles o núcleo internacional da Unidade Popular, somaram forças para construir o ato. Foram semanas de mobilização, que envolveram muito planejamento, panfletagens e agitação de toda a militância. A cidade ficou tomada de cartazes convocando as pessoas para tomarem as ruas. Militantes viajaram de todos os cantos do país, mesmo sem contar com o apoio aberto da maioria dos partidos principais, para reforçar a manifestação. A vitória antifascista veio inteiramente da força e da organização dos trabalhadores, já que a Câmara Municipal do Porto e a Polícia permitiram a manifestação extremista.
Essa não é a primeira vez que o governo se mostra permissivo em relação à extrema-direita em Portugal. Em fevereiro deste ano, o mesmo grupo neonazista que estava por trás do ato no Porto, foi às ruas em Lisboa. O ato também contou com forte proteção das forças policiais, que entraram em confronto com antifascistas que tentavam impedir a marcha.
Sob o pretexto de defesa da “Liberdade de expressão”, as instituições permitem que grupos extremistas desfilem sob lemas racistas e xenófobos, como “Menos imigração e mais habitação” ou “Contra a Islamização da Europa”. Além disso, em pleno ano em que se comemoram os 50 anos da Revolução dos Cravos, fascistas gritam pelo nome do ditador António Salazar e fazem saudações nazistas sob proteção policial.
O crescimento da direita fascista em Portugal também pode ser traduzido no número de vítimas que ela deixa pelo caminho. Só no último ano, os casos de crime de ódio (como são agrupados os episódios de racismo, xenofobia, homofobia e discriminação religiosa) cresceu 38%, de acordo com a Guarda Nacional Republicana.
Simpatizantes desse tipo de pensamento também não estão distantes da Assembleia da República. Nas últimas eleições, o partido de extrema-direita Chega conseguiu eleger 50 dos 230 deputados, formando a terceira maior bancada. O líder do Chega, André Ventura, possui laços com grupos neonazistas de toda Europa, além do apoio declarado do fascista Jair Bolsonaro.
Entretanto, atos como o do dia 06 mostram que há muita luta a se construir em Portugal. A vitória, conquistada com o empenho dos movimentos sociais de base, ensina à esquerda institucional que, quando mobilizados, os trabalhadores estão dispostos a lutar por uma sociedade mais justa e reacendem as esperanças, mesmo em momentos de tantos reveses políticos para a classe trabalhadora.
Matéria publicada na edição nº290 do Jornal A Verdade.