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domingo, 24 de novembro de 2024

Após pressão popular, Turquia anuncia rompimento de relações comerciais com Israel

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Em anúncio realizado no dia 2 de maio, a Turquia rompeu as relações comerciais com Israel. Rompimento é resultado de dezenas de manifestações populares que vêm ocorrendo no país para uma posição mais dura contra os sionistas.

Redação


INTERNACIONAL – Com várias bases da OTAN e dos EUA, além de uma forte relação com países imperialistas, o governo do presidente autoritário Recep Erdogan estava sob intensa pressão popular pela sua postura prática em relação ao genocídio do povo palestino. Apesar de discursos pomposos em comícios e em fóruns internacionais, a Turquia não havia tomado nenhuma medida prática para isolar o Estado de Israel.

A declaração da Turquia vem um dia após o presidente Gustavo Petro, da Colômbia, romper todas as relações diplomáticas com Israel. O país latino-americano já havia rompido acordos militares com os sionistas desde o fim do ano passado.

Erdogan vinha aumentando o tom contra Israel nos últimos meses, chegando inclusive a receber representantes da resistência palestina em abril. No entanto, até agora, a Turquia não havia alterado suas relações econômicas com Israel. 

Em 2023, o país havia comercializado mais de 6 bilhões de dólares em produtos importados e exportados com Israel. A maior parte das exportações para o Estado sionista foi de ferro e aço, produtos fundamentais na produção da indústria bélica israelense. 

No mês passado, o governo turco havia anunciado restrições a este comércio. No entanto, segundo apuração do diário turco Evrensel, a Turquia exportou, em abril, 315 milhões de dólares (5% do total de 2023). Ou seja, Erdogan continuava na sua política de falar contra Israel, mas não fazer nada de efetivo em defesa do povo palestino.

Dúvidas continuam diante da nova decisão do governo. Um dos principais gasodutos que abastece Israel de óleo e gás passa pela Turquia. O exército genocida israelense é extremamente dependente do óleo e gás produzidos no Azerbaijão e Cazaquistão, que exportam estes produtos através de um oleoduto que atravessa a região de Ceyhan, no sudeste da Turquia.

Por ser um país de maioria islâmica e também por ter fortes relações históricas, a Turquia tem uma forte relação com a luta pela causa do povo palestino e esta é uma demanda forte no conjunto do povo. No entanto, desde a década de 1950, quando a Turquia ingressou na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), os sucessivos governos se subordinam aos interesses do imperialismo estadunidense na região. Fruto desta relação se inclui décadas de cumplicidade com os crimes de Israel contra o povo palestino.

Mas os povos da Turquia vem demonstrando que não aceitam mais a posição hipócrita do atual governo. Querem ações efetivas para impedir que Israel continue a matar o povo palestino. 

Já em novembro de 2023 manifestantes cercaram a base da OTAN de Incirlik, no sul do país. A pressão contra Erdogan aumentou ainda mais após as eleições municipais de 31 de março, onde os candidatos de oposição venceram as eleições nas maiores cidades do país e em várias regiões do interior. No último Primeiro de Maio, centenas de pessoas foram presas em Istambul e outras cidades por protestarem, sendo que uma das pautas era a luta do povo palestino.

A declaração de rompimento de relações comerciais do último dia 2, feita pelo Ministério do Comércio, portanto, é uma forma do governo pressionado de Erdogan dar alguma resposta à população. 

Recep Erdogan, apesar de se apresentar como aliado do povo palestino, faz muito pouco para ajudar na libertação da Palestina, mesmo sendo presidente de uma das maiores potências regionais do Oriente Médio, ao contrário, continua a se colocar como testa de ferro dos interesses do imperialismo.

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