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sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Estudantes da UNIRIO entram em greve contra cortes de verba na educação

Ontem (2), greve estudantil se iniciou na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). A pauta central dos estudantes é a recomposição orçamentária após quase 10 anos de cortes de verba nas universidades federais. Movimento dos estudantes se une às greves de técnicos e professores na universidade. 

Matheus Travassos | Rio de Janeiro


JUVENTUDE – Estudantes da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) aprovaram greve a partir do dia 2 de maio. Após a assembleia geral, realizada no dia 30 de abril e que reuniu ao menos 600 alunos de todos os cursos, a greve estudantil na universidade se une às greves do técnicos administrativos e professores.

A Unirio segue com os técnicos administrativos em greve desde o dia 11 de março, parte do movimento paredista nacional da Fasubra, e sua movimentação vem ganhando cada vez mais força e inserção dentro da categoria. Não diferente desse cenário, agora rumam os professores que, no dia 28 de Abril, deflagraram greve a partir de ontem (2). Nesse estado de agitação constante, o DCE organizou, há 3 semanas, junto dos CAs e DAs no seu conselho de entidades de base, uma agenda de assembleias por curso, para encaminhar os debates centrais desse processo, visto que havia muitas dúvidas sobre o caráter da greve.

No Conselho de Centros Acadêmicos, o debate girou em torno dos motivos da greve. A defesa dos estudantes dos demais segmentos é a necessidade urgente da recomposição do orçamento das universidades públicas. A denúncia da política de austeridade fiscal, que permanece sendo aplicada no Brasil, está sendo largamente denunciada. 

“Não tem como a gente ficar estudando e trabalhando o dia todo, enquanto 46% do PIB vai para pagar juros da dívida pública, indo pra fora do país pra banqueiros e empresários, enquanto menos de 1% fica com a educação”, denunciaram as falas revoltadas nas assembleias e passagens em sala. “O arcabouço fiscal é um nome bonito pro teto de gastos do Temer”.

Internamente, a universidade está se mantendo correndo atrás de emendas parlamentares. A obra do Casarão do Centro de Ciências Jurídicas e Políticas só continua em andamento por conta de emendas parlamentares, já que não existe dinheiro para terminar algo que já dura mais de 2 anos. Já a obra do novo Centro de Ciências Humanas e Sociais, que já dura mais de 10 anos, segue a mesma lógica das emendas.

Hoje, mais de 50 bilhões de reais do orçamento da União vão para deputados e senadores, em sua maioria do centrão e aliados dos fascistas que atacam desde sempre a universidade pública. Esta situação é tão precária que a antiga gestão golpista da reitoria recebeu emendas parlamentares de Chiquinho Brazão, mandante do assassinato de Marielle e Anderson. Até hoje a comunidade acadêmica da UNIRIO não sabe que fim tomou os recursos destas emendas. 

A decisão do conselho de CAs foi fundamental para garantir uma enorme mobilização no dia da assembleia. De todos os cursos da Unirio, 14 entraram em estado de greve, somente 2 rejeitaram e 7 não conseguiram fazer suas assembleias de curso, mas se mobilizaram para a assembleia geral. Não se via mobilização assim, com a universidade lotada, desde o Tsunami da Educação, em 2019, para barrar os cortes do fascista Bolsonaro.

Na assembleia, apenas 11 dos mais de 600 estudantes foram contra a deflagração de greve na Universidade, que se iniciou também no dia 2 de maio. Foi tirado um comando geral de greve, que irá coordenar nossas atividades, e comandos locais de greve, para aprofundar as demandas de cada campus. O debate, para além da recomposição, está fazendo lutas importantes: reformas curriculares adaptadas à nossa realidade latino-americana, contratação de professores, mais acessibilidade nos campi, acesso de filhas e filhos das estudantes ao bandejão e a desprivatização do mesmo, aumento da frota de ônibus da universidade, reforma dos banheiros, fortalecimento da política de permanência e bolsas, entre várias outras demandas fundamentais para a nossa permanência na universidade.

Nesse sentido, estão sendo organizadas ocupações de mobilização nos campi, com arte e cultura, rodas de conversa, mutirões de limpeza e reparo nos prédios, seminários, universidade na praça e atos nas ruas. O DCE, sindicato dos professores e o sindicato dos técnicos buscam agora um comando unificado de greve para fortalecer a luta entre os 3 segmentos da universidade.

Os estudantes da UNIRIO se somam agora na mobilização para expandir o movimento grevista em outras universidades. Além disso, defendem uma maior pressão sobre o governo para garantir a recomposição orçamentária da rede federal. As greves de professores, técnicos e agora estudantes já mobilizam mais de 60 universidades em todas as regiões do país.

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