No dia 07/05, o novo Comitê Estadual da Verdade do Rio Grande do Norte (CEV-RN) tomou posse na Governadoria do Estado. O comitê conta com atores da sociedade civil e militantes organizados, comprometidos com a pauta da Memória, Verdade e Justiça na luta contra o fascismo.
Josué Nascimento e Redação RN | Natal (RN)
MEMÓRIA – No dia 07/05, tomou posse na sede da Governadoria do Estado o Comitê Estadual da Verdade do Rio Grande do Norte (CEV-RN), que conta com atores da sociedade civil e militantes da pauta da memória da ditadura. O Comitê funcionará por meio da Secretaria de Mulheres, Juventude, Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEMJIDH).
A pauta da Memória é muito cara a diversos setores não somente pelo teor político do debate, mas também pelo compromisso com a memória daqueles que tombaram na luta contra a ditadura e pelo socialismo.
De acordo com Ana Beatriz Sá, militante da União da Juventude Rebelião (UJR) e membro do CEV-RN, o Comitê representa um enfrentamento ao discurso dos que tentaram acabar com a democracia. “A gente tem que organizar nosso povo contra o fascismo e a nossa tarefa agora é continuar esse legado de luta, construindo o socialismo e lutando por uma sociedade melhor para todo mundo”, ela diz.
Ana Beatriz é neta do militante comunista Glênio Sá, que faleceu em 1990 em um acidente de carro cujas circunstâncias a família considera que não foram bem apuradas pela Justiça. Existe uma suspeita do envolvimento de militares em sua morte, mesmo após a redemocratização e a Lei de Anistia, e há uma reivindicação de que o acontecimento seja novamente investigado.
Sabemos que, a todo momento, os fascistas tentam inverter a história do regime militar de 1964-1985 para dizer que ele foi uma “revolução” e a “salvação” do comunismo. Isso não é novidade. A mesma retórica dos golpistas de ontem é a dos de hoje, como vimos em 8 de Janeiro de 2023: eram fascistas pedindo uma intervenção militar para impedir a posse do Presidente eleito.
A não punição dos que apoiaram a tentativa de golpe do 8 de janeiro fortalece a organização do fascismo em todo o país. Ele é apoiado pelos grandes ricos do agronegócio, empresários e banqueiros porque o interesse da classe dominante é intensificar a exploração do povo trabalhador a qualquer custo, sendo o fascismo a melhor ferramenta para isso.
Em sua história, o Brasil viveu mais períodos de ditadura que de democracia. Por isso o compromisso dos movimentos sociais, partidos e organizações ao lutar por Memória, Verdade e Justiça não é de remoer o passado, mas sim de tratá-lo da devida forma, para que exista de fato uma Justiça de Transição, instrumento fundamental para países que passaram por ditaduras.
Segundo Alex Feitosa, membro do Partido Comunista Revolucionário no RN, “a constituição de um Comitê Estadual da Verdade marca uma posição política importante na luta contra os fascistas de ontem e de hoje”. Feitosa também aponta que o CEV/RN “fortalece a campanha pela reinstalação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos ainda pendente no Governo Federal”.
“Devemos resgatar a memória de patriotas e revolucionários como Emmanuel Bezerra, Anatália de Souza Alves, Virgílio Gomes da Silva e exigir que os culpados pelos assassinatos, sequestros, torturas e perseguições sejam devidamente responsabilizados e punidos”, ele conclui.