Ontem (2), greve estudantil se iniciou na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). A pauta central dos estudantes é a recomposição orçamentária após quase 10 anos de cortes de verba nas universidades federais. Movimento dos estudantes se une às greves de técnicos e professores na universidade.
Matheus Travassos | Rio de Janeiro
JUVENTUDE – Estudantes da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) aprovaram greve a partir do dia 2 de maio. Após a assembleia geral, realizada no dia 30 de abril e que reuniu ao menos 600 alunos de todos os cursos, a greve estudantil na universidade se une às greves do técnicos administrativos e professores.
A Unirio segue com os técnicos administrativos em greve desde o dia 11 de março, parte do movimento paredista nacional da Fasubra, e sua movimentação vem ganhando cada vez mais força e inserção dentro da categoria. Não diferente desse cenário, agora rumam os professores que, no dia 28 de Abril, deflagraram greve a partir de ontem (2). Nesse estado de agitação constante, o DCE organizou, há 3 semanas, junto dos CAs e DAs no seu conselho de entidades de base, uma agenda de assembleias por curso, para encaminhar os debates centrais desse processo, visto que havia muitas dúvidas sobre o caráter da greve.
No Conselho de Centros Acadêmicos, o debate girou em torno dos motivos da greve. A defesa dos estudantes dos demais segmentos é a necessidade urgente da recomposição do orçamento das universidades públicas. A denúncia da política de austeridade fiscal, que permanece sendo aplicada no Brasil, está sendo largamente denunciada.
“Não tem como a gente ficar estudando e trabalhando o dia todo, enquanto 46% do PIB vai para pagar juros da dívida pública, indo pra fora do país pra banqueiros e empresários, enquanto menos de 1% fica com a educação”, denunciaram as falas revoltadas nas assembleias e passagens em sala. “O arcabouço fiscal é um nome bonito pro teto de gastos do Temer”.
Internamente, a universidade está se mantendo correndo atrás de emendas parlamentares. A obra do Casarão do Centro de Ciências Jurídicas e Políticas só continua em andamento por conta de emendas parlamentares, já que não existe dinheiro para terminar algo que já dura mais de 2 anos. Já a obra do novo Centro de Ciências Humanas e Sociais, que já dura mais de 10 anos, segue a mesma lógica das emendas.
Hoje, mais de 50 bilhões de reais do orçamento da União vão para deputados e senadores, em sua maioria do centrão e aliados dos fascistas que atacam desde sempre a universidade pública. Esta situação é tão precária que a antiga gestão golpista da reitoria recebeu emendas parlamentares de Chiquinho Brazão, mandante do assassinato de Marielle e Anderson. Até hoje a comunidade acadêmica da UNIRIO não sabe que fim tomou os recursos destas emendas.
A decisão do conselho de CAs foi fundamental para garantir uma enorme mobilização no dia da assembleia. De todos os cursos da Unirio, 14 entraram em estado de greve, somente 2 rejeitaram e 7 não conseguiram fazer suas assembleias de curso, mas se mobilizaram para a assembleia geral. Não se via mobilização assim, com a universidade lotada, desde o Tsunami da Educação, em 2019, para barrar os cortes do fascista Bolsonaro.
Na assembleia, apenas 11 dos mais de 600 estudantes foram contra a deflagração de greve na Universidade, que se iniciou também no dia 2 de maio. Foi tirado um comando geral de greve, que irá coordenar nossas atividades, e comandos locais de greve, para aprofundar as demandas de cada campus. O debate, para além da recomposição, está fazendo lutas importantes: reformas curriculares adaptadas à nossa realidade latino-americana, contratação de professores, mais acessibilidade nos campi, acesso de filhas e filhos das estudantes ao bandejão e a desprivatização do mesmo, aumento da frota de ônibus da universidade, reforma dos banheiros, fortalecimento da política de permanência e bolsas, entre várias outras demandas fundamentais para a nossa permanência na universidade.
Nesse sentido, estão sendo organizadas ocupações de mobilização nos campi, com arte e cultura, rodas de conversa, mutirões de limpeza e reparo nos prédios, seminários, universidade na praça e atos nas ruas. O DCE, sindicato dos professores e o sindicato dos técnicos buscam agora um comando unificado de greve para fortalecer a luta entre os 3 segmentos da universidade.
Os estudantes da UNIRIO se somam agora na mobilização para expandir o movimento grevista em outras universidades. Além disso, defendem uma maior pressão sobre o governo para garantir a recomposição orçamentária da rede federal. As greves de professores, técnicos e agora estudantes já mobilizam mais de 60 universidades em todas as regiões do país.