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quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Estudantes ocupam universidades nos EUA pelo fim do massacre do povo palestino

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Estudantes de várias universidades dos EUA realizam, neste momento, atos, acampamentos e ocupações para denunciar o massacre do povo palestino. Eles cobram uma posição pública de suas instituições de ensino sobre o genocídio na Faixa de Gaza e o fim dos investimentos destas universidades em Israel. 

Redação


INTERNACIONAL – Estudantes de várias universidades dos EUA realizam, neste momento, atos, acampamentos e ocupações para denunciar o massacre do povo palestino. Eles cobram uma posição pública de suas instituições de ensino sobre o genocídio na Faixa de Gaza. O movimento estudantil já atinge mais de 50 universidades norte-americanas, incluindo algumas das mais renomadas mundialmente, como Harvard e Columbia.

Para impedir os protestos, as reitorias das universidades e os governadores acionaram tropas policiais, que agem com brutalidade e, em alguns casos, chegaram a usar balas de borracha e gás lacrimogênio. No total, até a presente data (05 de maio), mais de 2.300 jovens já foram presos.

As ações se iniciaram na Universidade de Columbia, em Nova York (maior cidade norte-americana). Após a detenção de mais de 100 estudantes por parte da polícia local, os protestos se espalharam por todo o país. O campus está ocupado desde o dia 17 de abril e bandeiras palestinas estão espalhadas pelos prédios e jardins. “Como palestino, é minha responsabilidade estar aqui e mostrar minha solidariedade ao povo de Gaza”, afirmou Yazen, um dos primeiros estudantes a ocupar o campus.

A principal reivindicação é que a universidade corte relações com o Governo de Israel e com empresas a ele ligadas ou que lucram com as mortes em Gaza.

Na região de Boston (norte do país), ações acontecem nas Universidades de Havard (a mais antiga e tradicional dos EUA) e de Northeastern, onde outros 100 estudantes também foram presos. Na Universidade George Washington, na capital federal, estudantes iniciaram um acampamento no dia 26 de abril e, já no dia 27, a direção da instituição decidiu suspender todos os manifestantes como “medida disciplinar”.

Nos Estados do Texas e da Califórnia os respectivos governadores enviaram tropas policiais para dissolver violentamente os acampamentos, gerando fortes confrontos. Na Universidade de Emery, em Atlanta, as agressões policiais foram muito fortes, resultando em estudantes feridos e cerca de 40 pessoas presas, entre elas, a presidente do Departamento de Filosofia, professora Noelle McAffee, que tentou impedir a prisão de seus alunos.

Na Universidade de Yale, Estado de Connecticut, estudantes judeus abriram uma faixa com os dizeres: “Mais um judeu por uma Palestina livre”. A comissão organizadora controla o acesso ao acampamento, onde não é permitido o uso de álcool e de drogas. A estudante mexicana Mimí Elías, uma das 60 pessoas detidas dentro do campus, afirmou: “Permaneceremos aqui até que falem conosco e ouçam as nossas demandas”.

As notícias diárias que chegam da Faixa de Gaza aumentam a revolta popular ao redor do mundo contra o sionismo e a intervenção imperialista. Assim como durante a Guerra do Vietnã, a juventude estadunidense se levanta mais uma vez contra a política imperialista de seu país no mundo. A resposta dos governos estaduais e do Governo Biden é a repressão policial, mas o exemplo de combatividade do movimento estudantil tem sido maior.

Já no dia 25 de abril, foi a vez de estudantes da Universidade Sciences Po, em Paris, armarem uma barricada na frente do prédio da instituição e acamparem na rua. “Vemos o que está acontecendo nos EUA e realmente esperamos que esse movimento se espalhe aqui na França”, afirmou Hicham, 22 anos, estudante de mestrado em Direitos Humanos. “Não cederemos até que o genocídio em Gaza termine”, afirmou Zoe, 20 anos, estudante de Administração Pública.

EUA mandam armas para assassinar palestinos

Apesar do repúdio a Israel e da solidariedade internacionalista ao povo palestino, os governos imperialistas continuam a fazer comércio normalmente com Israel. Nenhuma sanção, bloqueio ou embargo econômico foi imposto aos sionistas.

Ao contrário, o Congresso dos EUA aprovou, no dia 23 de abril, um pacote de US$ 23 bilhões (R$ 115 bilhões) de ajuda militar para Israel. O genocídio palestino significa mais dólares nos bolsos dos bilionários donos das empresas fabricantes de material militar dos EUA.

Diante disso, apenas a pressão dos povos do mundo e uma solidariedade ativa com o povo palestino pode pôr fim ao massacre e contribuir para a libertação da Palestina do jugo sionista.

Tática nazista das “valas comuns”

Em mais um capítulo da carnificina contra o povo palestino, ao menos 700 corpos foram encontrados em valas comuns nos hospitais Al-Shifa e Nasser, na Faixa de Gaza, após a saída das tropas de ocupação israelenses. Já passa de 35 mil o número de palestinos assassinados por Israel, sendo a metade, pelo menos, de crianças.

Com a possibilidade de uma guerra aberta contra o Irã e milícias do Iraque, Síria e Líbano, o Governo de Israel retirou, no último mês de abril, a maioria dos soldados da Faixa de Gaza. Ao mesmo tempo, intensificou a campanha de bombardeios com drones, aviões e mísseis e o cerco sobre a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, fronteira com o Egito, onde se encontram 1,5 milhão de palestinos refugiados de outras localidades.

Essa saída temporária das tropas possibilitou que fosse comprovado o tamanho da destruição deixada pelos sionistas nos hospitais, escolas e mesquitas onde a população tentou se refugiar nos últimos sete meses.

Segundo a ONU, apenas no Hospital Nasser, na cidade de Khan Younis (sul), quase 300 corpos de pessoas idosas, mulheres e crianças foram encontrados. Muitos com sinais claros de execução sumária. “As vítimas teriam sido enterradas profundamente no solo e cobertas com lixo. Entre os mortos, estavam supostamente idosos, mulheres e feridos, enquanto outros foram encontrados com as mãos amarradas e despidos”, afirmou Ravina Shamdasani, porta-voz do Escritório de Direitos Humanos da ONU.

Já no hospital Al-Shifa, a Organização Mundial da Saúde teve acesso ao local no início de abril. “Da mesma forma como a maior parte do norte, o Hospital Al-Shifa – antes o maior e mais importante hospital de referência em Gaza – é agora uma casca vazia depois do último cerco”, relata a OMS.

A missão também verificou a existência de valas comuns neste hospital, demonstrando ser uma das táticas do genocídio instaurado por Israel, junto com os bombardeios de casas e fuzilamentos de comboios humanitários. “Nossa equipe reportou um cheiro forte de corpos em decomposição em todo o entorno do hospital. Garantir a dignidade, mesmo na morte, é um ato indispensável de humanidade”, afirma a organização da ONU.

Todos estes relatos mostram a crueldade e o caráter genocida da ocupação israelense da Palestina. Apoiados pelo imperialismo estadunidense e europeu (e com a cumplicidade de Rússia e China), os sionistas se sentem à vontade para destruir da forma como quiserem a vida do povo palestino.

A descoberta das valas comuns nos dois hospitais de Gaza é uma atrocidade que em nada deixa a desejar da tática dos nazistas durante o holocausto, na Segunda Guerra Mundial. As valas comuns eram uma regra durante o extermínio de judeus, comunistas e outros povos durante a ocupação nazista. Para se ter uma ideia, durante a invasão à URSS, os nazistas executaram 33 mil judeus ucranianos na ravina de Babi Yar, perto de Kiev, em setembro de 1941. A tática usada pelos genocidas de então foi justamente executar a sangue frio e jogar os corpos em valas comuns.

Portanto, embora o Governo israelense acuse de antissemitismo ou nazismo qualquer um que critique seus crimes, é o Exército de Israel que pratica as piores práticas dos nazistas.

Matéria publicada na edição nº291 do Jornal A Verdade.

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