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quarta-feira, 3 de julho de 2024

Israel usa programas de computador para assassinar em massa a população de Gaza

De acordo com os jornais israelenses +972 Magazine e Local Call, em reportagem traduzida pela Agência Pública, o Governo de Israel utiliza, desde o início dos bombardeios em Gaza, programas de computador e de Inteligência Artificial para orientar os bombardeios em Gaza. Os programas teriam como função criar listas de palestinos a serem assassinados na Faixa de Gaza.

Redação


INTERNACIONAL – De acordo com os jornais israelenses +972 Magazine e Local Call, em reportagem traduzida pela Agência Pública, o Governo de Israel utiliza, desde o início dos bombardeios em Gaza, programas de computador e de Inteligência Artificial para orientar os bombardeios em Gaza. Um deles é o chamado Lavender com a desculpa de “identificar pessoas envolvidas com alas militares do Hamas”. O programa teria como função criar uma escala de 1 a 100 para determinar o grau de envolvimento dos habitantes da Faixa de Gaza (2,5 milhões de pessoas) com o grupo da resistência palestina que governa o território desde 2006.

De acordo com a apuração desses veículos de imprensa israelenses, antes do massacre do povo de Gaza, o programa Lavender havia identificado 37 mil alvos potenciais de bombardeios. Para atingir esses alvos, o Exército sionista desenvolveu um segundo programa, chamado “Where’s daddy?” (“Onde está o papai?”). Este segundo programa tem como função identificar o momento em que cada um dos alvos estabelecidos estaria dentro de casa reunido com a família para determinar a hora do bombardeio. O propósito de Israel era, além de matar os alvos, também assassinar suas famílias.

Uma das provas de que Israel planejava, desde o início dos bombardeios, assassinar todas essas pessoas é o fato de que a mídia burguesa mundial sempre falou no número de 40 mil combatentes do Hamas dentro de Gaza, mesmo o grupo nunca divulgando o número real de efetivos militares que possui. Na realidade, os chamados “terroristas” eram servidores públicos civis que davam conta de atender a população local nas mais diversas áreas.

O governo do ditador Benjamin Netanyahu quer fazer como Hitler fez na Alemanha: levar a uma escala industrial o assassinato da população de Gaza. Se os drones e aviões de Israel usam programas de computador para matar 37 mil homens dentro de suas casas, somando suas esposas, filhos e vizinhos, veremos que ao menos um terço dos 2,5 milhões de habitantes são alvos potenciais dos programas israelenses.

Uma criança morta a cada dez minutos

O uso, por Israel, de inteligência artificial e programas de computador para realizar bombardeios indiscriminados explica também outros dados do genocídio do povo palestino. Segundo a Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), a cada dez minutos, uma criança palestina é morta. 

O dado foi anunciado por Adnan Abu Hasna, assessor de imprensa da agência da ONU, a um canal de TV árabe. “A cada dez minutos, uma criança é morta em Gaza. A cada dia, são 67 mulheres, dentre as quais, 37 mães. Estamos falando de milhares de órfãos – cerca de 18 mil órfãos que perderam tudo: família, amor e vida”, afirmou ele.

Os dados oficiais da ONU e a apuração sobre as táticas de Israel em Gaza explicam, em grande medida, a dimensão do genocídio do povo palestino. A realidade é que o plano verdadeiro de Israel é acabar com a população de Gaza, assassinar uma parte e expulsar os sobreviventes para o Egito. Isto tudo para que novos colonos sionistas ocupem o território conquistado na base da matança. Desta forma, Israel e os monopólios imperialistas poderão explorar como quiserem as ricas jazidas de gás e petróleo que existem na costa da Faixa de Gaza.

Resistência estudantil no mundo

Desde o início de abril, milhares de estudantes ocupam universidades nos EUA. Apesar de toda a repressão imposta pelo Governo Biden, por governadores estaduais e pelas reitorias das instituições, as mobilizações só aumentaram.

Já foram mais de duas mil pessoas presas. Assim, o imperialismo estadunidense mostra que a liberdade de expressão nos EUA só existe no papel. Na prática, os governantes só aceitam manifestações desde que elas não afetem seus interesses imperialistas ou os lucros dos monopólios. Mesmo com um amplo movimento estudantil para acabar com os investimentos em Israel, as universidades estadunidenses preferem chamar a polícia contra os estudantes do que abrir mão dos contratos bilionários que têm com a indústria bélica sionista.

Universidades já foram ocupadas também na França, Suíça, México, Alemanha, Holanda, Espanha e aqui no Brasil. Estudantes da Universidade de São Paulo (USP) realizaram um acampamento contra o genocídio palestino no dia 07 de maio. A ocupação durou três dias e reuniu centenas de estudantes na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Além do cessar-fogo e do fim do genocídio, os estudantes pediram o fim dos convênios da USP com universidades israelenses e o rompimento de relações comerciais e diplomáticas do Brasil com Israel.

Pela independência da Palestina

Em outra frente, mais países também se juntam à pressão mundial pelo fim do genocídio e a libertação da Palestina. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou diante de milhares de trabalhadores, num ato do 1º de Maio, o rompimento das relações diplomáticas com Israel. Na Turquia, após centenas de manifestações populares, o presidente autoritário Recep Erdogan se viu obrigado a romper todos os laços comerciais com Israel.

Ainda na diplomacia, mais países se somam no processo de reconhecimento do Estado da Palestina (passo importante para fortalecer a luta pela independência do país). No Caribe, Jamaica e Barbados declararam que reconhecem o Estado Palestino. Já na Europa, Irlanda, Noruega, Espanha, Bélgica e Eslovênia estão com projetos de decreto para o reconhecimento. 

No último dia 10 de maio, a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução que pede o reconhecimento do Estado da Palestina e sua independência e uma ampliação dos direitos da representação diplomática dos palestinos no organismo. Até hoje, os palestinos não têm seu Estado reconhecido pelas Nações Unidas por conta do veto dos EUA, principal aliado de Israel.

Com a resolução recebendo apoio de 143 países, com apenas nove votos contrários (entre eles, os EUA) e 25 abstenções (incluindo Reino Unido e Alemanha), Israel viu seu isolamento diplomático aumentar. Revoltado com a solidariedade mundial ao povo palestino, o embaixador israelense na ONU Gilad Erdan rasgou, no púlpito da Assembleia Geral, a Carta das Nações Unidas.

A representação palestina, por sua vez, comemorou o resultado. “Colonização e ocupação não são nosso destino, nos foram impostas. Votar pela existência da Palestina é um investimento na paz”, afirmou Riyad Mansour, representante da Palestina na ONU.

Mesmo com toda a pressão, a Casa Branca continua a mandar armas para Israel bombardear a Faixa de Gaza. Apesar de Joe Biden ter afirmado que suspenderá o envio de bombas e munição para Israel se eles invadirem a cidade de Rafah, fronteira da Faixa de Gaza com o Egito, ele manterá o apoio militar e logístico a Israel nas outras cidades do enclave palestino.

Nesse cenário, a única alternativa dos povos do mundo é continuar e ampliar a pressão para que os imperialistas e sionistas parem o genocídio e para que os palestinos conquistem sua libertação nacional. Assim como os povos colonizados da África, Ásia e América Latina, os palestinos sofrem hoje com o resultado da política colonial, imperialista e racista. A alternativa, portanto, é a luta por todos os meios para derrotar o Exército sionista de Israel.

Palestinos lembram 76 anos da Nakba, o êxodo palestino

Em meio aos bombardeios e ao apartheid, o povo palestino lembrou, no dia 15 de maio, os 76 anos da Nakba, nome em árabe para “catástrofe”. A Nakba ocorreu em 1948, quando Israel, após a declaração de sua fundação em 14 de maio de 1948, expulsou 800 mil palestinos de suas terras e destruiu mais de 500 vilas por todo o território que hoje é conhecido como Israel.

Ao contrário do que se conta na grande mídia, o território israelense era, antes de 1948, ocupado por uma grande maioria palestina. Antes do movimento sionista, palestinos muçulmanos e cristãos conviviam com o povo judeu sem nenhum tipo de discriminação. Com a criação de Israel pelos sionistas, o povo palestino foi forçado a sair de suas terras e os que decidiram ficar foram submetidos a um regime de exploração e discriminação racial.

Hoje, os palestinos continuam a perder e a serem expulsos de seus territórios. Se em Gaza vemos bombardeios a toda hora, na Cisjordânia, colonos sionistas expulsam palestinos de suas casas, destroem suas colheitas e roubam seu patrimônio. A Nakba é lembrada hoje como a catástrofe de 1948, mas, a cada dia, fica mais claro que o projeto de Israel é impor uma nova Nakba ao povo palestino, anexando completamente seu território.

Matéria publicada na edição nº 292 do Jornal A Verdade.

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