Eleições na Índia ampliam oposição ao fascista Modi

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Após série de greves gerais, trabalhadores impõem revés ao primeiro-ministro fascista nas eleições na Índia. O grupo governante não tem mais maioria no parlamento e terá que negociar com outros partidos para se manter no poder

Guilherme Arruda | Redação


INTERNACIONAL – Divulgado nesta terça-feira (4/6), o resultado das eleições na Índia indica que o primeiro-ministro Narendra Modi deverá seguir no cargo. Contudo, devido à grande rejeição do povo indiano a suas políticas neoliberais e fascistas, a bancada de seu partido no parlamento diminuiu em quase 20%.

Desde sua ascensão ao poder, em 2014, os trabalhadores da Índia vêm demonstrando sua insatisfação com Modi. No ano de 2020, mesmo com a pandemia, os camponeses indianos realizaram a maior greve geral de sua história, mobilizando centenas de milhões de pessoas em bloqueios de estradas e marchas ao redor do país. Com sua luta, revogaram três leis que prejudicariam os pequenos agricultores locais para beneficiar as multinacionais do agronegócio. Em 2015, outra paralisação nacional envolveu 150 milhões de operários.

A propaganda religiosa de Modi, que tenta atrair os indianos da religião hindu para ideias supremacistas, também é alvo de protesto dos setores democráticos e de minorias religiosas como os muçulmanos e os Sikh. O aumento do desemprego (hoje, na casa dos 8%) e o crescimento da inflação (em torno de 5% anuais) completaram o cenário de insatisfação dos trabalhadores, que puniram o primeiro-ministro e seu partido, conhecido pela sigla BJP, nas ruas e nas eleições.

Com a nova composição do Poder Legislativo imposta pelas lutas populares, o partido de Modi não tem maioria sozinho. O BJP terá 240 deputados, menos da metade de um total de 543 assentos em disputa. Os grupos de oposição, por sua vez, elegeram 234 parlamentares, o dobro de sua bancada anterior, mas ainda insuficiente para constituir governo.

Por conta do sistema parlamentarista indiano, em que os deputados eleitos escolhem o novo primeiro-ministro, Modi terá que negociar com partidos menores para ser indicado ao cargo mais uma vez.

Como Narendra Modi governa

O governo do BJP é marcada por um crescente autoritarismo contra a classe trabalhadora indiana. Há muitos relatos de que a polícia do país espiona secretamente opositores e o sistema de Justiça os prende sob falsas acusações. Há alguns meses, o serviço secreto da Índia assassinou um líder da minoria Sikh que estava exilado no Canadá. Além disso, a perseguição religiosa aos muçulmanos também se desdobra em uma campanha racista, que chega a dizer que esses cidadãos não seriam “tão verdadeiramente indiano” quantos os hindus.

No cenário internacional, a Índia tem se destacado pelo apoio ao genocídio perpetrado por Israel na Faixa de Gaza contra o povo palestino. Dezenas de fascistas indianos, apoiadores do atual governo, se voluntariam para lutar no exército sionista. Antes disso, Modi também já trabalhava para fortalecer os laços comerciais com o colonialismo israelense.

O primeiro-ministro também ampliou as relações de subordinação da Índia ao mando do imperialismo dos Estados Unidos. Em 2017, ele conduziu a participação do país na recriação da aliança militar conhecida como Quad, composta também por EUA, Japão e Austrália, com o objetivo de impor os interesses econômicos e políticos do Ocidente na região da Ásia-Pacífico.

Tarefas do povo e dos comunistas

Recentemente, o jornal indiano Revolutionary Democracy, que difunde uma visão de mundo marxista-leninista no país, fez uma avaliação do processo eleitoral. No artigo, denominado “As eleições gerais na Índia em 2024“, ele aponta que “a despeito de todos os esforços de Modi e seus amigos corporativos, a resistência a seu poder e suas políticas é generalizada e não descansa”.

Ao mesmo tempo, o periódico lembra que o maior partido da oposição burguesa, o Congresso Nacional Indiano, foi quem “deu início à reestruturação neoliberal da política e da economia da Índia”. Por isso, elegê-los também não resolveria os problemas da vida do povo.

Nesse cenário, as lutas para derrubar o governo fascista devem “se sustentar na mobilização em larga escala das massas”, e não apenas na participação nas eleições, defende o Revolutionary Democracy.

A tarefa dos trabalhadores agora “é organizar múltiplas lutas que vão por um fim às políticas de Modi”, concluem os revolucionários indianos.