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domingo, 22 de dezembro de 2024

Governo do RS despeja famílias sem-teto e prende coordenador do MLB em Porto Alegre

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Mais de 100 famílias sem-teto ocupam prédio abandonado do governo do RS em Porto Alegre. Ocupação Sarah Domingues foi despejada brutalmente pela Brigada Militar que prendeu Guilherme Brasil, um dos coordenadores nacionais do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) presentes na ocupação.

Claudiane Lopes | Redação


LUTA POPULAR – Na madrugada do dia 15 de junho, mais de 100 famílias sem-teto de diversos bairros da periferia das cidades de Porto Alegre e Eldorado, organizadas pelo Movimento de Lutas nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) ocuparam o antigo prédio da Fundação Estadual de proteção ambiental fechado há mais de 10 anos no centro da cidade sem cumprir nenhuma sua função social, demonstrando, assim, a falta de política habitacional dos Governos para com os desabrigados das enchentes.

A nova moradia foi batizada de “Sarah Domingues”, em homenagem à estudante de Arquitetura e Urbanismo da UFRGS que foi assassinada em janeiro deste ano quando fazia seu trabalho TCC sobre as enchentes na Ilha das Flores.

A situação é grave no Rio Grande do Sul após enchentes. São milhares de pessoas que deixaram os abrigos e não têm para onde ir.

O último boletim da Defesa Civil do RS revela que 2.392.686 foram impactadas pelas enchentes em todo o estado, 572.781 estão desalojadas e 30.442 estão em abrigos. Os dados demonstram a questão da moradia digna como tema central para a discussão das ações de reconstrução.

Após o início da ocupação, centenas de policiais da Brigada Militar entraram e despejaram as famílias do prédio. O despejo ocorreu por volta das 14 horas de hoje (16/06) e a PM prendeu Guilherme Brasil, um dos coordenadores nacionais do MLB que acompanhava o processo de ocupação na capital gaúcha.
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“O MLB ocupou para mostrar para sociedade que existem milhares de imóveis públicos que
não tem nenhuma função social e devem ser destinados para moradia popular. A ocupação
é uma forma de organização coletiva fundamental para as famílias que perderam tudo nas
enchentes. Lutamos pelo mesmo sonho que Sarah lutou na vida, uma sociedade sem
desigualdades sociais, onde todas as pessoas têm teto para morar e viver dignamente,
afirmou a coordenadora do MLB Helena Andrade Ew.

Card do Instagram anunciando a Ocupação Sarah Domingues.
Imagem: reprodução redes digitais MLB

A luta de Sarah Domingues

O nome escolhido para a ocupação resgata o legado da estudante Sarah Domingues. Ela
era militante e dirigente da União da Juventude Rebelião (UJR), organização a qual dedicou
seus melhores anos e toda sua alegria de vida, tornando-se uma das principais lideranças
estudantis de Porto Alegre. Estudante de Arquitetura, foi coordenadora do Movimento
Correnteza, diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE), do Diretório Central dos
Estudantes da UFRGS, do Diretório Acadêmico da Arquitetura e membro do Conselho
Universitário da UFRGS.

Apesar de recente, a ocupação já estabeleceu, no prédio, uma cozinha coletiva e espaços
como creche e dormitórios. Foi eleita uma Coordenação da Ocupação composta por diversos companheiros.

“A gente faz uma ocupação porque tem muitos prédios aqui em Porto Alegre totalmente
abandonados, jogado às traças, sabendo que tem pessoas morando na rua, morando
embaixo da ponte, sem ter casa depois das enchentes e não dá para ser assim. Chega de
descasos dos governantes, as pessoas têm o direito de ter uma casa, só conseguiremos se a gente se organizar”, Luciano Schafer – Coordenador Estadual do MLB.

A ocupação desde do seu surgimento tem um importante apoio dos militantes da Unidade
Popular, União da Juventude Rebelião, Movimento Correnteza, Movimento de Mulheres
Olga Benario, da Comunidade dos indígena e do Movimento Luta de Classes.

[MATÉRIA EM ATUALIZAÇÃO]

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