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quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

MLB organiza famílias vítimas das enchentes no RS

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Enchentes no RS deixaram milhares de gaúchos sem casa. Muitas das famílias estão encontrando no Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) um instrumento de organização para lutar por uma moradia

Claudiane Lopes | Porto Alegre (RS)


O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e a Unidade Popular (UP), com as Brigadas de Solidariedade, iniciaram a organização das famílias atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Seis cidades foram diretamente mobilizadas: Porto Alegre, Canoas, Eldorado do Sul, Passo Fundo, São Leopoldo e Novo Hamburgo. Essas brigadas atuam com entrega de marmitas, cestas básicas, material de limpeza, água, roupas e também na limpeza das casas das pessoas.

Por orientação da Coordenação Nacional do MLB, as famílias de vários estados organizadas no Movimento doaram mil cestas básicas para os atingidos do Rio Grande do Sul. Essas cestas foram conquistadas na Jornada Natal Sem Fome, em dezembro de 2023, quando grandes redes de supermercados foram ocupadas em várias capitais brasileiras para denunciar a falta de comida na mesa para o povo pobre.

Na capital gaúcha, o trabalho está sendo desenvolvido em sete bairros, com o cadastro de famílias para organizá-las nos núcleos do MLB, preparando-as para a batalha do presente e para as futuras lutas. No Bairro Santa Rosa, o Movimento fez porta a porta para ouvir as demandas e foi criada, em parceria com a Associação Profeta Daniel, a cozinha solidária, que produz mais de 300 marmitas diariamente.

Nesta comunidade, o MLB tem realizado reuniões com mais de 100 famílias. A leitura coletiva do jornal A Verdade é um dos momentos mais importantes, pois coloca na pauta o debate sobre o papel da classe trabalhadora e analisa a situação no Rio Grande do Sul apontando os governos dos ricos como os principais responsáveis pela catástrofe socioambiental.

“Nesse momento em que o sistema capitalista só oferece desamparo, estar ao lado do povo é lutar pela vida. Hoje, estamos fazendo atividades emergenciais para garantir os direitos básicos do ser humano, a comida, o teto. Mas a forma que fazemos, organizando nosso povo, essa sim é a verdadeira potência. Estar junto do povo significa lutar pela mudança, para que todos tenham tranquilidade e segurança nos dias de chuva, para que nenhum pedreiro fique sem casa e nenhum padeiro fique sem pão”, afirma Helena Andrade, militante do MLB.

Outra iniciativa importante ocorre na Vila Cruzeirinho, na Zona Leste, que não foi atingida, mas onde as famílias vivem em situação precária e, mesmo assim, estão abrigando pessoas afetadas pelas enchentes. O MLB está fazendo doações de marmitas junto com a Associação de Reciclagem Força e Coragem, além de fraldas, leite e cestas básicas. Um novo núcleo de luta já se organizou na região.

Nas cidades da Região Metropolitana de Porto Alegre, como Canoas, militantes se organizam para limpeza das casas e realizam reuniões com as pessoas afetadas. Em Novo Hamburgo, um ponto de coleta de doações foi organizado e, todos os dias, são realizadas entregas de cestas básicas, roupas e água. Em São Leopoldo, o MLB atendeu comunidades indígenas.

As brigadas de Solidariedade tiveram apoio de militantes da UP e do MLB dos Estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, que participaram das equipes de doações e também da limpeza da Ocupação Sepé Tiaraju e da Casa Mulheres Mirabal.

Eldorado do Sul

O Município de Eldorado do Sul teve 81% de sua área urbana atingida pelas enchentes. Mais de 40 mil pessoas perderam tudo que tinham dentro de casa e a cidade teve que ser evacuada. No dia 24 de maio, moradores revoltados foram até a Prefeitura para cobrar agilidade no cadastramento das famílias para receberem auxílio-moradia, além de ações concretas para limpar as ruas, já cheias de entulho e móveis completamente danificados que foram deixados nas calçadas. “Muita gente perdeu tudo. Eu perdi tudo. Os secretários fugiram pelos fundos do prédio, mas vamos continuar cobrando esses governos burgueses, que estão nos matando afogados”, denunciou Gustavo Ramos, da Coordenação do MLB e morador da cidade, durante o ato.

“Eles não nos enxergam. Só vêm aqui em tempo de eleição pra pedir voto. Só porque somos pessoas humildes, acham que não temos valor, que podem nos bater, nos surrar. Mas não somos lixo. Lixo é isso aqui que está acumulado na rua”, desabafa Santilha Brasil do Nascimento, idosa, moradora de um barraco no bairro Costaneira.

Em Eldorado do Sul, o MLB tem um núcleo de luta bastante ativo que agora terá o enorme desafio de desenvolver a reivindicação por moradia digna para o conjunto da população.

Matéria publicada na edição nº 293 do jornal A Verdade

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