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domingo, 22 de dezembro de 2024

“Nossas ocupações têm que ser trincheiras de luta”

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Entre os dias 30 de maio e 02 de junho, aconteceu o I Encontro das Ocupações de Mulheres do Movimento Olga Benario, que realizou 23 ocupações ao longo dos últimos oito anos, em todas as regiões do país. Com representações de mais de 20 estados, o evento foi um espaço para reafirmar a importância de organizar as mulheres para lutar.

Larissa Mayumi (SP) e Monique Zuma (RJ)


MULHERES – Entre os dias 30 de maio e 02 de junho, aconteceu o I Encontro das Ocupações de Mulheres do Movimento Olga Benario, que realizou 23 ocupações ao longo dos últimos oito anos, em todas as regiões do país. Mais de 100 mulheres se reuniram com o objetivo de avançar a luta pelo fim da violência contra as mulheres e pelo socialismo.

Com representações de mais de 20 estados, o evento foi um espaço para reafirmar a importância de organizar as mulheres para lutar. “Onde não tem organização revolucionária, o fascismo avança. Nossas ocupações têm que ser trincheiras de luta!”, afirmou Carol Vigliar, da Coordenação Nacional do Movimento, na mesa de abertura.

Diante das violências que acometem as mulheres do Brasil e do mundo, as ocupações são um farol de esperança, como relatou Luana Miranda, advogada da Ocupação Rose Nunes, do Paraná: “Pela primeira vez, me senti valorizada no meu trabalho, porque consegui atuar em prol da vida das mulheres”. 

O desenvolvimento dos núcleos é fundamental para promover as lutas. Andressa Ribeiro, da Ocupação Mulheres Mirabal, foi uma das 580 mil pessoas que perderam tudo com as enchentes no Rio Grande do Sul: “No meio de tudo, começaram a vir relatos de abusos de mulheres e crianças dentro de abrigos, então decidimos construir um abrigo só com crianças e mulheres, e lá fizemos uma primeira reunião do Olga com 30 participantes”.

Para apontar os próximos passos da luta, as delegadas se dividiram em grupos de debate. Um dos grupos afirmaram a necessidade de mapear os serviços de acolhimento às mulheres e a importância de visitar os equipamentos existentes para aproximar as servidoras, já que as políticas para as mulheres são sempre as primeiras a serem atacadas.

Outro grupo debateu sobre o papel das ocupações, que, além de espaços de atendimento, são também de denúncia do aumento da violência de gênero e de organização das mulheres. “A gente não pode parar isso em nós, temos que voltar para as nossas cidades e organizar mais e mais trabalhadoras”, afirmou Lais Siqueira, da Ocupação Maria Lúcia Petit Vive, Campinas (SP).

Todas as ocupações do Movimento são autossustentadas, ou seja, não há financiamento de empresas ou do governo. Nesse sentido, “precisamos aumentar as finanças para dar conta do crescimento das lutas para enfrentar o avanço do fascismo e das guerras”, concluiu Gabriela Gonçalves, da Coordenação Nacional.

Para ampliar a atuação para além dos muros das ocupações, alguns estados que ainda não têm ocupação relataram que constroem redes de profissionais e atuam com casas itinerantes, seguindo o exemplo da Casa Ieda, ocupação do Distrito Federal, que, depois de despejada, passou a realizar os atendimentos onde as mulheres estavam.

Também foi realizada uma mesa de debates histórica, composta por Guita Marli, fundadora do Movimento e membro da Redação do jornal A Verdade, e Amelinha Teles, ex-presa política, integrante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos e diretora da União de Mulheres de São Paulo.

Replicando o cotidiano das ocupações, com atividades culturais, creche para as crianças, e muita agitação, o Encontro encerrou com a fala de Samara Martins, vice-presidenta da Unidade Popular: “Onde há opressões, a gente hasteia a bandeira da rebelião. Sem nós, mulheres, não teremos a revolução, porque somos as mais massacradas por esse sistema. Estamos organizadas para dizer que vamos ser poder nesse país!”.

Matéria publicada na edição nº 293 do Jornal A Verdade

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