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quarta-feira, 26 de junho de 2024

Rebele-se e UJR crescem e se destacam por combatividade no Congresso da UBES

Entre os dias 14 e 16 de junho, milhares de estudantes participaram do 45º Congresso da UBES, realizado no Ginásio do Mineirinho, em Belo Horizonte. Estudantes de todo o país estiveram presentes, e a bancada do Movimento Rebele-se se destacou por sua combatividade e pela defesa de uma jornada de lutas pela revogação do Novo Ensino Médio e por mais verbas para a educação.

Cadu Machado | Redação


JUVENTUDE – O 45º Congresso da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), realizado em Belo Horizonte (MG), teve seu início com uma homenagem a Edson Luís, estudante secundarista assassinado pela ditadura militar fascista, enquanto participava de uma manifestação estudantil no restaurante Calabouço, no centro do Rio de Janeiro. O assassinato de Edson Luís foi um marco na luta contra a ditadura, levando 100 mil estudantes às ruas em seu velório.

O ato político elegeu Edson como patrono da entidade e contou com a participação de ex-presos políticos e lutadores populares. Um dos convidados foi Edival Nunes Cajá, presidente do Centro Cultural Manoel Lisboa, que recebeu a medalha Edson Luís e falou com o jornal A Verdade: “Este evento e a homenagem a Edson Luís vêm na hora certa. Chegou a hora de a UBES assumir esta bandeira. Se queremos avançar a democracia, estabelecer uma sociedade livre de fato em nosso país, é necessário erguer esta bandeira por memória, verdade, justiça e democracia.”


Cajá fala sobre a luta pelo socialismo para centenas de estudantes. Foto: Arthur Rodrrigues/JAV

O primeiro dia ainda contou com mesas de debate que discutiram a conjuntura nacional, o massacre de Israel ao povo palestino, a revogação do Novo Ensino Médio, o genocídio da juventude negra e a questão ambiental. Quando perguntada sobre a expectativa para o congresso no fim do primeiro dia, Isabelle Vaz, diretora da UBES pelo Movimento Rebele-se, disse: “A gente está aqui com a expectativa de colocar a UBES no eixo da luta, porque os estudantes não se rendem! Essa é a tese que a gente está defendendo aqui no congresso.”

Apesar dos problemas de estrutura que impediram centenas de estudantes de participarem do primeiro dia do 45º CONUBES, os debates durante as mesas expressaram a disputa de ideias que existe dentro da entidade: de um lado, a direção majoritária da entidade (PCdoB/PT), defendendo a gestão da entidade em unidade com o Governo Federal; e de outro, a oposição, liderada pelo Movimento Rebele-se e pela UJR, defendendo que o caminho da UBES deveria ser o das lutas. Este embate permeou todo o congresso.

Solidariedade aos estudantes e ao povo do Rio Grande do Sul

O segundo dia de congresso seguiu com debates sobre a situação das escolas do Brasil pela manhã, e no período da tarde foi realizado um ato no Ginásio do Mineirinho em solidariedade aos estudantes e ao povo do Rio Grande do Sul, afetados por enchentes nos últimos meses.

Durante o ato, estudantes exibiram livros cobertos de lama que foram trazidos de escolas do estado. O jornal A Verdade conversou com Kaye, estudante do RS, que falou um pouco sobre as dificuldades de participar do congresso e sobre o espírito dela e de seus colegas de bancada: “Grande parte dos estudantes que vieram para o congresso com a nossa bancada nós conhecemos nos abrigos, na luta para não voltar às aulas enquanto as pessoas não tivessem lugar para ir. Muitos estudantes do Rio Grande do Sul não puderam vir, por isso nós estamos aqui para representá-los!”. Kaye ainda completou: “Nós viemos para denunciar que as enchentes não aconteceram simplesmente porque caiu chuva do céu, faz parte de um projeto. Viemos cobrar também ações do Governo Federal, como o fim do Arcabouço Fiscal e o cancelamento da Dívida Pública do estado.”

“E para a UBES ser de ação, tem que ter Rebelião”

Estudantes a caminho da plenária final. Foto: Arthur Rodrigues/JAV

Logo após o ato de solidariedade, foi iniciada a plenária final. Neste momento, ficou ainda mais evidente o crescimento da bancada do Movimento Rebele-se, que ocupou um dos setores do anel superior do ginásio em clima de muita agitação com palavras de ordem defendendo uma UBES de luta.

Na tarde de sábado foi o momento da defesa de teses sobre conjuntura, educação e movimento estudantil. Em sua defesa sobre educação, Isa Gandolfi, vice-diretora da entidade, convidou os estudantes para a luta: “Cada um aqui nesse plenário tem uma tarefa fundamental, que é fortalecer o Movimento Estudantil em cada canto do país. Mas isso só será possível se for construído junto com os grêmios, que ensinam para a juventude que é possível mudar a realidade do nosso país”. Gandolfi ainda denunciou a falta de democracia e de reuniões durante a última gestão (2021-2024).

Além das defesas de tese, também se destacaram bandeiras da Palestina por todo o ginásio, expressando o apoio dos estudantes ao povo palestino. Na bancada do Movimento Rebele-se havia um bandeirão com a palavra de ordem “Israel assassina crianças! Fora Israel de Gaza!”

Oposição cresce o número de diretorias na entidade

Rebelião na UBES. Foto: Wildally Souza/JAV

No domingo, terceiro dia do congresso, o dia se iniciou com uma solenidade que contou com a presença de convidados internacionais. A atividade relembrou o histórico de lutas da América Latina, da Revolução Cubana e a visita de Fidel ao 38º CONUBES, que completou 25 anos em 2024.

Logo após a solenidade, teve início a defesa da diretoria que representará a entidade na próxima gestão. Três chapas foram inscritas para a disputa: o chamado “Campo Popular”, formado pelo Levante Popular da Juventude e Juventude Sem Medo (chapa 1); a Oposição, com a tese “OPOSIÇÃO: Estudantes na luta para revogar o NEM e as privatizações”, formada por estudantes organizados pela UJR com o Movimento Rebele-se, UJC, Juntos! e o coletivo Vamos à Luta (chapa 2); e a chapa 3, formada pelo campo majoritário, encabeçada pela juventude do PCdoB (UJS), aliada às diferentes correntes de juventude do PT.

A votação foi marcada por um clima bastante hostil, principalmente nas urnas destinadas aos estudantes que foram ao congresso com a UJS. Nestas urnas, a Comissão Eleitoral e fiscais foram impedidos de verificar a documentação dos delegados que estavam votando, e estudantes que queriam votar na chapa da oposição foram impedidos de depositar seus votos na urna ou coagidos.

Agitação e propaganda marcaram a bancada da Rebele-se no congresso. Foto: Ignis Medina/JAV

Apesar da falta de democracia, o crescimento do Movimento Rebele-se e da UJR no congresso foi evidente e se refletiu nas urnas. A bancada da oposição, que tinha 9 diretores na entidade durante a última gestão, com o crescimento da bancada, elegeu 12 diretores para a próxima gestão, um salto importante para a retomada da entidade para a luta.

Segundo Millene Barbosa, estudante do RN e coordenadora da União da Juventude Rebelião, esse resultado expressou o crescimento da UJR e de sua defesa do socialismo: “O crescimento do Movimento Rebele-se mostra que os estudantes querem lutar contra o desmonte e a privatização da educação. Durante o congresso, fizemos muita agitação sobre os problemas da juventude e apresentamos o socialismo como solução, e os estudantes concordaram com a gente. Saímos do congresso maiores e com muitos recrutamentos. Agora é hora de voltar para as nossas escolas e aumentar ainda mais nosso trabalho e nossas lutas para barrar o Novo Ensino Médio e ampliar o orçamento da educação.”


O jornal A Verdade realizou uma cobertura completa do evento. Para saber tudo o que aconteceu no 45º Congresso da UBES, confira o canal no YouTube, Flickr e as redes digitais de A Verdade

 

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