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quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Brigadas do jornal A Verdade levam operários do setor pesqueiro de Santa Catarina a realizarem greves

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Operários da empresa Gomes da Costa (Nauterra), em Itajaí/SC, fazem duas paralisações em menos de um mês. O Movimento Luta de Classes (MLC), a cada quinta-feira, fazendo brigadas do jornal A Verdade na frente da fábrica e recebendo denúncias dos trabalhadores, elaborando panfletos e conversando com os trabalhadores sobre sua situação, demonstrando a importância e a linha acertada do trabalho diário, contínuo e sistemático.

Jacson Santos | Itajaí – SC


TRABALHADOR UNIDO – Há pouco mais de dois meses, militantes do Movimento Luta de Classes (MLC) e da Unidade Popular (UP) começaram um trabalho de agitação e propagada comunista na frente da empresa Gomes da Costa, em Itajaí (SC). É a maior empresa enlatadora do ramo de pescados da América Latina e pertence ao Grupo Nauterra, de origem espanhola, com fábricas na América Latina, Caribe e Espanha. Seus produtos circulam em mais de 70 países e seu lucro líquido passou de R$ 305 milhões, em 2022.

Esse imenso lucro do Grupo Nauterra é resultado de toda a precarização e exploração da vida dos trabalhadores responsáveis pela produção das mercadorias. Isso ficou evidente com as brigadas do jornal A Verdade nas madrugadas das quintas-feiras.

Para efetivar esse trabalho, os brigadistas sempre estavam com duas “armas na mão”: o jornal e um panfleto denunciando as condições precárias da classe trabalhadora na empresa. A relação estreita com o movimento operário de massas é a questão mais acertada para a concretização de uma organização revolucionária que se propõe a ser vanguarda da Revolução Socialista.

Folhetos de denúncia

Desde a primeira semana, os brigadistas foram muito bem recebidos pelos operários da empresa, na sua maioria, mulheres. Trabalhadoras e trabalhadores oriundos de diversas regiões do país, principalmente de estados do Norte e do Nordeste.

A análise dos brigadistas se inicia pela compreensão dos horários de circulação dos trabalhadores, trocas de turnos e socialização após o fim da jornada. A empresa está localizada no Bairro Cordeiros, periferia de Itajaí, que costeia o rio Itajaí-Açu, por onde também partem os barcos pesqueiros com a produção de mais de 80% de todo o atum e sardinha em lata comercializados no Brasil. Na frente da empresa, do outro lado da rua, situa-se um estacionamento para bicicletas e motos, onde geralmente os brigadistas se concentravam.

Depois de avaliar o melhor horário para contato com os operários, os militantes começaram a frequentar o local todas as quintas-feiras, das 05h00 às 07h00. Já na segunda semana, 18 jornais foram vendidos e algumas denúncias foram recolhidas nas conversas. A primeira delas se referia à indignação contra o desconto no vale-alimentação. O panfleto criado e distribuído posteriormente trazia a seguinte denúncia: 

Além do salário de miséria, quando oferecem um benefício mínimo aos trabalhadores, como um vale-alimentação, já que o salário não paga nem as despesas básicas para sobreviver, os patrões fazem de tudo para que esse benefício não caia na conta do trabalhador. Uma das formas de isso acontecer é que se o trabalhador atrasar uma única vez no mês, por mais de 40 minutos, esse benefício será cortado, deixando o trabalhador e a sua família com fome. Os patrões não se preocupam se os trabalhadores e suas famílias vão comer ou não amanhã. Para o patrão, o que interessa é o lucro. Portanto, se esse vale-alimentação que coloca comida na mesa do trabalhador for cortado, é mais dinheiro no bolso do patrão.”

O salário-base dos trabalhadores, definido na Convenção Coletiva de Trabalho 2024/2025, foi estipulado em R$ 1.612,26. Na prática, um salário de miséria. Segundo o Dieese, o salário-mínimo nominal e necessário no Brasil deveria ser, em junho de 2024, de R$ 6.995,44. Muito distante da realidade da maioria da classe trabalhadora brasileira. Levando em consideração o alto custo de vida na região, o baixo salário dificulta e precariza ainda mais a situação dos trabalhadores, levando-os à indignação produzida pela escravidão assalariada.

A falsificação ideológica da mídia burguesa perante a realidade das condições da classe trabalhadora na região do Vale do Itajaí provocou, durante os últimos anos, uma grande migração para essa região. A região possui um dos metros quadrados mais caros do Brasil, sendo a cidade de Itajaí quinta no ranking nacional. Resultado da especulação imobiliária, essa prática encarece os preços dos aluguéis, levando a população periférica a ter quase 70% do seu salário comprometido com esse gasto.

Os baixos salários; o alto custo de vida; a incapacidade de proporcionar uma boa condição de vida aos filhos com acesso a saúde e educação de qualidade; a exploração contínua da força de trabalho; e a absurda exploração pela burguesia podem encorajar a classe trabalhadora a se organizar e a lutar pelos seus direitos e pelo socialismo, desde que orientada por um partido revolucionário.

Insatisfação gera paralisação

Nesse processo das brigadas na Gomes da Costa, outro grande absurdo foi imposto aos operários. No dia 23 de maio, dias antes do pagamento dos funcionários, a empresa avisou que tinha feito “melhorias” nas condições de trabalho e que, por isso, cortaria a insalubridade, um adicional de 20% no salário. No mesmo dia, alguns operários paralisaram suas funções pela insatisfação com o corte no salário. No dia 03 de junho, uma segunda paralisação ocorreu, agora com a paralisação de 200 funcionários, divulgação na mídia e nenhuma participação do sindicato da categoria.

Outro panfleto foi criado a partir daí, considerando os ensinamentos de Lênin que, quando estalava uma greve em qualquer fábrica, os comunistas devem denunciar os abusos dos patrões e apresentar as reinvindicações do operariado, além dos horrores produzidos pelo capitalismo. Nesta linha, um segundo panfleto foi produzido:

“Os burgueses fazem de tudo para lucrar mais e piorar a situação da classe trabalhadora e isso fica evidente para quem está cotidianamente no chão de fábrica, produzindo, sendo cobrado, pressionado, mas não tendo a possibilidade mínima de acessar essas riquezas que produz. Para piorar a situação, os trabalhadores ainda têm seus salários reduzidos, quando a empresa decide, sem nenhum tipo de comunicação com o trabalhador, retirar o adicional de insalubridade, que dava um respiro para os trabalhadores, que, além de receber um salário de miséria, que gira em torno de R$ 1,700,00, a maioria tem que pagar um valor exorbitante no aluguel do município que é o 5º metro quadrado mais caro do Brasil. Os patrões não estão preocupados se os trabalhadores moram ou comem, se preocupam somente com o lucro. Os trabalhadores sempre são prejudicados e, na sua maioria, por não terem outro meio de renda, ficam sujeitados a essas medidas, já que o sindicato que deveria representar a categoria nem aparece na empresa para compreender a situação dos trabalhadores, demonstrando sua relação de conciliação de classe com o patronato e desconsiderando a luta histórica dos sindicatos pelos direitos trabalhistas.”

Organizar a classe trabalhadora

O Movimento Luta de Classes se propôs a auxiliar os operários da empresa Gomes da Costa, orientando sobre o direito de greve, os procedimentos legais para a sua realização e a necessidade de organização da classe trabalhadora pela conquista de direitos e pelo socialismo. A partir desse trabalho diário, sistemático e contínuo, formou-se na fábrica um do MLC, e os trabalhadores estão se organizando para a concretização de conquistas maiores, como a preparação de uma greve, a disputa sindical e o convite de mais trabalhadores para se juntar ao na luta revolucionária pelo poder popular e pelo socialismo.

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