No dia 9 de julho, um desabamento no Recife Expo Center feriu seis trabalhadores. É explícita a precariedade das condições de trabalho no estado de Pernambuco, provocada pela falta de investimento do poder público.
Jesse Lisboa | Redação PE
BRASIL – Na manhã do dia 9 de julho, parte da estrutura utilizada na construção do Recife Expo Center, localizado no Cais de Santa Rita, Centro do Recife, desabou, deixando sete trabalhadores feridos. O acidente ocorreu por volta das 11h, e, segundo o Sindicato dos Trabalhadores de Construção Civil de Pernambuco, seis trabalhadores estavam na estrutura no momento do desabamento.
Antes do desabamento, um trabalhador de 63 anos já havia se acidentado ao cair em um poço d’água na mesma obra. Ele foi encaminhado ao Hospital da Restauração, no bairro do Derby. Dos trabalhadores feridos no desabamento, dois foram levados para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira, enquanto outros quatro foram liberados pela empresa.
A construtora Tecla, responsável pela obra, afirmou que o desabamento foi causado pelo escoramento de um andaime que cedeu durante o trabalho de concretagem de um detalhe na fachada, e que a estrutura civil do prédio não foi comprometida. Segundo a empresa, três destes trabalhadores sofreram escoriações leves e receberam atendimento médico.
A realidade da insegurança no trabalho
A obra do Recife Expo Center, que conta com um investimento de R$ 65 milhões, começou em dezembro, com previsão de abertura para agosto. Enquanto isso, Pernambuco tem 1,5 mil obras inacabadas e a cidade do Recife é líder de gastos com construções paralisadas.
Um levantamento realizado pela Vigilância de Saúde do Trabalhador (VISAT) de Pernambuco mostrou o seguinte: entre janeiro e setembro de 2023, foram registrados 8.331 casos de doenças e agravos de notificação compulsória. 99,4% dos casos correspondem a acidentes de trabalho envolvendo exposição a material biológico, intoxicação exógena relacionada ao trabalho e Lesões por Esforço Repetitivo/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT).
Durante os quatro anos do Governo Bolsonaro, o orçamento autorizado para a “Fiscalização de Obrigações Trabalhistas e Inspeção em Segurança e Saúde no Trabalho” foi reduzido de R$ 68,2 milhões para R$ 30,4 milhões, uma queda de 55%. Um orçamento que já era pequeno, foi reduzido pela metade. O resultado disso: só em 2022, último ano do governo do fascista, ocorreram 612 mil acidentes de trabalho.
Responsabilidades terceirizadas
Segundo a empresa Tecla, responsável pela obra, o escoramento foi feito por empresa terceirizada, e que passou pelos seus parâmetros de segurança. A mesma empresa ainda colocou que o desabamento não deve atrapalhar construção do Recife Expo Center.
Mesmo após o desabamento, e seis trabalhadores ficarem feridos, a empresa quer continuar o projeto. O Sindicato dos Trabalhadores de Construção Civil de Pernambuco solicitou o embargo da construção.
A reforma trabalhista de 2016, que modificou mais de 100 cláusulas da CLT, resultou na diminuição de empregos formais, redução de salários médios, aumento da carga de trabalho e dos acidentes de trabalho, especialmente devido à terceirização sem restrições. O resultado é o conflito de interesses: as empresas com a ganância pelo lucro do capital, e os trabalhadores que precisam vender sua força de trabalho para sobreviver.