Enquanto alguns dizem que é o fim dos tempos e que não há o que se fazer, outros pregam a conciliação com aqueles que nos exploram. O nosso Partido reafirma que é o momento de renovar a perspectiva de construir uma revolução socialista
Jorge Ferreira | São Paulo
PARTIDO – Quem de nós viu e não se indignou naquela manhã de domingo chuvoso em que a polícia militar decidiu despejar mais de cem famílias que haviam perdido tudo nas enchentes do Rio Grande do Sul? Mulheres, crianças, trabalhadores que ocuparam um prédio abandonado há mais de 10 anos e foram levados para a delegacia por lutarem por um direito humano. O fato é que todos nós temos sentido na pele o aumento da violência do Estado contra o povo pobre.
Enquanto alguns dizem que é o fim dos tempos e que, portanto, não há o que se fazer, outros pregam a conciliação com aqueles que nos exploram. O nosso Partido reafirma que é o momento de renovar a nossa perspectiva de construir a revolução socialista e acabar, de uma vez por todas, com a violência e a miséria que a classe trabalhadora está submetida.
É possível que, diante de guerras imperialistas, de tragédias anunciadas, de aumento das perseguições aos movimentos sociais e das ameaças fascistas a gente se questione se, de fato, podemos transformar essa realidade. Isso porque aqueles que lucram com esse sistema fazem de tudo para nos paralisar, para impor o medo, o desânimo, a desesperança. Temem que a gente tome consciência justamente que o capitalismo está moribundo e que está nas nossas mãos organizar a sociedade de outra forma, sem classes sociais, sem exploradores e explorados.
Mas se essa é a conjuntura que vivemos, porque haveríamos de subestimar a ideologia propagada dia e noite pela burguesia em todos os meios de comunicação, por que haveríamos de achar que aqueles e aquelas que estão convencidos da necessidade de uma revolução estão imunes à luta ideológica da sociedade? É por isso que, assim como a luta de classes se intensifica, devemos aprofundar a assistência política a todos os nossos camaradas. Como dito no texto “Há que se cuidar do broto”, de Luiz Falcão, é preciso que tenhamos tempo para conversar cotidianamente com cada companheiro, orientar e fortalecer ideologicamente.
Precisamos reconhecer que todos nós estamos imersos na luta de classes e, por isso, podemos sofrer com os golpes da classe dominante. São vários os exemplos de companheiros e companheiras que, ainda que concordem com a linha política do Partido, veem-se esmagados pela conjuntura e, enfraquecidos, afastam-se da luta revolucionária. Por outro lado, quantos de nós nos sentimos fortes e capazes de dar mais do nosso tempo para a construção da revolução após uma conversa profunda com o assistente político?
É na conversa individual e, se possível, na visita à casa dos companheiros, que podemos conhecer mais, compreender melhor as contradições, esclarecer as dúvidas, refletir sobre os hábitos e o cuidado com a saúde, trabalhar para que cada militante se sinta desafiado a fazer mais e melhor suas tarefas e, assim, termos melhores condições de elevar nossa organização ao nível da nossa política.
Isso porque, se estamos convencidos de que, mais do que necessário, é de fato possível fazer uma revolução no nosso país, precisamos dedicar toda nossa energia para construir uma organização capaz de disputar a consciência de milhões de trabalhadores. Isso, sem dúvidas, passa pelo fortalecimento ideológico nas nossas fileiras, desde o militante recém-recrutado ao companheiro que tem anos de militância. Devemos despertar em todos os nossos camaradas o profundo sentimento de ter orgulho em ser membro do nosso Partido e, com isso, reafirmar a perspectiva revolucionária.
Matéria publicada na edição nº 295 do Jornal A Verdade.