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sábado, 23 de novembro de 2024

Monopólios bilionários de rádio e TV boicotam candidaturas da Unidade Popular

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Desde o início da campanha eleitoral todos os grandes monopólios de rádio e TV se recusaram a convidar candidaturas da Unidade Popular às prefeituras para debates eleitorais. Em muitas cidades, a cobertura diária da campanha é feita em condições desiguais com outros candidatos.

Redação


BRASIL – As capitais e principais cidades do país terão nas redes de TV e rádio debates entre os candidatos à prefeitura. No entanto, como a primeira rodada de debates da Rede Bandeirantes deixou evidente, há um claro boicote às candidaturas de partidos de esquerda, como a Unidade Popular.

A reportagem do Jornal A Verdade entrou em contato com as assessorias de imprensa de algumas candidaturas da Unidade Popular em algumas cidades do país. O que pudemos verificar é que só há uma regra para a cobertura eleitoral: criar “critérios” para impedir a participação de candidatos e candidatas da UP nos debates e na cobertura.

O caso que chama mais atenção é o das três principais emissoras: Globo, Record, Band. Cada uma delas criou um critério completamente diferente da outra para garantir a participação apenas dos candidatos da preferência delas. Pelos relatos da assessoria de imprensa das candidaturas da UP em Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Rio de Janeiro, essas emissoras se utilizam de critérios que vão desde a pesquisa eleitoral da escolha delas, caso da Globo, até o fato do partido ter ou não parlamentares, mesmo a eleição sendo para prefeitura.

A Band por exemplo determinou que apenas partidos com 5 parlamentares participariam dos seus debates, ocorridos no início de agosto. A Record estabeleceu que era preciso ter alguma representação parlamentar no Congresso Nacional. Ou seja, cada uma decidiu sozinha os tais critérios.

Monopólios privados de comunicação fazem o que querem nas eleições

O fato é que não existe qualquer igualdade de condições na cobertura midiática nas eleições municipais. Assim como a lei eleitoral proíbe a UP e outros partidos de esquerda de terem direito ao horário eleitoral gratuito e ao fundo partidário, as emissoras de rádio de TV tem completa liberdade para fazerem o que quiser na cobertura das eleições municipais.

Voltemos ao exemplo da Globo. Segundo a posição da emissora em pelo menos três cidades (Rio, BH e Recife), o critério para fazer a cobertura diária das candidaturas é o resultado obtido por cada candidato na última pesquisa Datafolha ou Quaest.

Na determinação da emissora, candidatos que não pontuarem só terão espaço nos jornais locais uma vez a cada 15 dias, enquanto aqueles que tiverem 1 ou 2% poderão aparecer uma vez a semana, que obtiver 3 ou 4%, terão espaço duas vezes na semana, quem tiver mais de 5% aparecerá todos os dias.

Por que só utilizar estas pesquisas? Por que estes percentuais, sendo que a margem de erro das pesquisas nunca é inferior a 2% para mais ou menos? Isso se ficarmos apenas na lógica da emissora.

Não para por aí, a Globo optou por dar mais destaque a outra eleição, a dos EUA, que neste ano elegem presidente e parlamentares. Na edição do Jornal Nacional de 21/08, mais de 10 minutos do programa (de 25 minutos de duração) foram dedicados à cobertura da Convenção Nacional do Partido Democrata. Ou seja, para a Globo é mais importante gastar tempo falando de uma eleição que o telespectador nem poderá votar do que apresentar os candidatos nas eleições municipais, ou falar dos partidos que a disputam.

Candidatos da burguesia tem espaço ilimitado

A situação piora quando essas emissoras dão muito mais destaque às candidaturas dos partidos de direita. O caso da Record chama atenção. Em São Paulo, numa reportagem de 5 minutos sobre o dia dos candidatos a prefeito de São Paulo exibida na TV, apenas 10 segundos foram dedicados a 3 candidatos, entre eles, Ricardo Senese da Unidade Popular, outros 6 candidatos tiveram 4 minutos e 50 segundos de reportagem.

A regra de usar pesquisas eleitorais da preferência da emissora serviu também para o Grupo Globo definir as sabatinas de candidatos. No Rio e em São Paulo, as candidaturas da UP tiveram direito a apenas 30 minutos de uma sabatina gravada, ao passo que os candidatos mais bem colocados nas pesquisas financiadas pela Globo tiveram 1 hora.

Cobertura da mídia mostra jogo de cartas marcadas

A situação imposta pelos meios de comunicação mostra como o sistema eleitoral no Brasil é feito para favorecer os candidatos ricos e de direita. Os argumentos são sempre de que as candidaturas da UP tem “menos representatividade” ou “menos expressão” que as outras.

Mas, afinal, se exige das candidaturas da Unidade Popular que sejam conhecidas quando o partido tem negado o acesso ao horário eleitoral de rádio e TV e ao fundo partidário, também sofre o boicote dos monopólios de mídia.

No fim das contas, o objetivo dos grandes monopólios privados de comunicação é garantir que os partidos de direita e fascistas mantenham suas bases de poder para continuar tendo maioria nas eleições de 2024 e, posteriormente, em 2026. Para a grande mídia é mais interessante garantir o controle da política institucional por políticos representantes dos partidos do chamado Centrão, ou mesmo candidatos fascistas, para assim continuar tendo espaço livre para defender e aprovar medidas de ataques aos direitos do povo, privatizações das riquezas do nosso país entre outras medidas.

Participação da UP expõe contradições dos candidatos ricos e fascistas

Uma das poucas exceções nessas eleições será a Rede Minas, emissora pública de Minas Gerais, que convidou todos os candidatos à prefeitura da capital mineira a um debate eleitoral, no próximo dia 3 de setembro. Indira Xavier, candidata da Unidade Popular na cidade terá o que será provavelmente a única oportunidade de debater na TV em Belo Horizonte.

No Rio, foi a organização Redes da Maré, que organiza o Jornal Maré de Notícias quem fará um debate com todos os candidatos a prefeitura. Num dos principais complexos de favelas da capital fluminense, Juliete Pantoja terá oportunidade de questionar os candidatos dos partidos ricos no encontro que ocorrerá também no dia 3 de setembro.

Em Teresina, o candidato da UP pode participar do debate da TV Cidade Verde. No encontro, Santiago Belizário pode questionar o atual prefeito, Dr. Pessoa, do partido fascista PRD, sobre o descaso com o transporte público da cidade. Além disso, Santiago teve espaço para defender que prefeito e vereadores sejam obrigados a usar o SUS e não planos privados, como forma de garantir o financiamento da saúde pública. A candidatura da UP também foi convidada a participar do debate da TV Meio Norte, mas o candidato de direita à reeleição não quis participar.

Se esta fosse a regra em todas as cidades, dificilmente os candidatos da direita estariam tão confortáveis como agora para defender pautas de ataques aos direitos do povo trabalhador. Hoje, os debates viraram espaço para candidatos fascistas e milionários.

Apesar disso, a militância da Unidade Popular e dos movimentos que apoiam o partido continuam nas ruas de todo o país apresentando o programa do partido e as candidaturas socialistas. Neste ano, a UP indicou que colocará o enfrentamento do fascismo e a consolidação do partido nas grandes cidades como as prioridades para este período eleitoral.

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1 COMENTÁRIO

  1. Fico indignado como o sistema e feito para perdermos, se tivéssemos um pouco mais de espaço poderíamos ganhar muita visibilidade, e assim virar mais votos. Infelizmente vivemos em um pais dominado pelo grande capital, a luta deve ser diária, e a mobilização vai ter que vir pela internet.

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