Encabeçada pelo Movimento de Mulheres Olga Benario, a campanha “Eles Não” denuncia as posições políticas contrárias aos direitos das mulheres e dos trabalhadores e os comportamentos misóginos de André Fernandes (PL) e Capitão Wagner (UB), candidatos fascistas à prefeitura de Fortaleza
Andressa Oliveira* | Fortaleza (CE)
Nas últimas semanas, ganhou força nas ruas de Fortaleza (CE) a campanha “Eles Não”. Liderada por mulheres organizadas no Movimento de Mulheres Olga Benario, a campanha busca impedir que candidatos fascistas à prefeitura como André Fernandes (PL) e Capitão Wagner (União Brasil) cheguem ao segundo turno das eleições municipais, denunciando a ameaça de retrocesso que eles representam para os direitos fundamentais, especialmente das mulheres. Também participam da campanha as mulheres da Unidade Popular pelo Socialismo (UP) e de movimentos como MLB, MLC e UJR.
Historicamente, as mulheres têm sido uma importante barreira ao avanço da extrema-direita no Brasil e no mundo. Nas eleições presidenciais de 2022, as mulheres da classe trabalhadora foram a principal oposição a Jair Bolsonaro nas urnas e nas ruas, como nas mobilizações do “Ele Não”, maior protesto de mulheres da história do Brasil. No Ceará, 39 municípios organizaram atos naquele momento. Agora, a luta contra o bolsonarismo retorna e se intensifica em Fortaleza, que nunca elegeu a extrema-direita em eleições diretas, para impedir que a cidade caia na mão dos políticos fascistas.
A verdade sobre André Fernandes e Capitão Wagner
Capitão Wagner e André Fernandes simbolizam o que há de mais retrógrado na política brasileira. Um exemplo claro é seu apoio ao PL 1904, que criminaliza meninas vítimas de violência sexual por realizarem aborto com penas que podem superar a dos próprios abusadores. Dayany Bittencourt, esposa do Capitão Wagner, e André Fernandes são co-autores desse projeto de lei, que só não está avançando por conta da pressão oriunda de diversas mobilizações de mulheres por todo país. O “PL do Estupro” segue vivo em uma comissão do Congresso Nacional.
A campanha “Eles Não” denuncia também o alinhamento dos dois candidatos com o bolsonarismo. Wagner, embora hoje tente se distanciar da imagem de Bolsonaro, como deputado já votou a favor de pautas fascistas, como a liberação das armas e o “voto impresso”. Fernandes, por sua vez, foi ativo apoiador da tentativa de golpe em 8 de janeiro, que defendeu a intervenção militar e a volta da ditadura. Capitão Wagner e André Fernandes se promoveram ao longo de suas carreiras políticas em cima de centenas de fake news, mais um traço dos regimes fascistas que sempre utilizaram a mentira como ferramenta política.
O deputado André Fernandes acumula diversas declarações transfóbicas, machistas e misóginas na Câmara dos Deputados, que não apenas alimentam o ódio, mas legitimam a violência contra as mulheres. Ele também votou contra a prisão do mandante da morte de Marielle Franco, Chiquinho Brazão, e contra a igualdade salarial entre homens e mulheres. Além disso, embora André diga que “a mamata acabou”, na prática, ele usa seu cargo de deputado para beneficiar sua família, colocando vários parentes em cargos públicos. Mesmo sem histórico político, após sua eleição, sua mãe, irmã e outros familiares conseguiram posições na Câmara Municipal de Fortaleza, e até seu pai virou deputado estadual.
Suas campanhas eleitorais não apenas escondem a verdade, mas também enganam o povo com mentiras. Não há dúvidas de que André Fernandes e Capitão Wagner se aproveitam da inocência do povo para benefício próprio e manutenção das suas realidades de privilégios e riqueza que desfrutam. Não há dúvidas também de que que, mesmo que hoje eles se ataquem na disputa pela prefeitura, os dois seguirão no mesmo campo político da burguesia e do fascismo.
Mulheres são a maior força de oposição ao fascismo
O avanço da extrema direita, tanto no Brasil quanto no exterior, encontrou uma barreira poderosa no movimento de mulheres. Dados globais mostram que as mulheres têm se tornado cada vez mais progressistas, especialmente em reação ao conservadorismo e às políticas autoritárias que visam restringir seus direitos. A luta das mulheres, no entanto, não se limita a palavras ou protestos. Ela se materializa nas urnas, onde as mulheres rejeitam candidatos que promovem a violência, a desigualdade de gênero e a opressão. Pesquisas mostram que figuras como Pablo Marçal, candidato fascista nas eleições de São Paulo, enfrentam rejeição vertiginosa entre as mulheres, especialmente por conta de sua postura machista e misógina.
Por isso, a importância das mulheres na luta contra o fascismo não pode ser subestimada. As mulheres de Fortaleza, muitas vezes responsáveis pela renda familiar e pela defesa de seus lares contra a violência, entendem que eleger Wagner ou Fernandes seria um passo atrás na luta por justiça social e igualdade.
A organização das mulheres socialistas, agora mais do que nunca, é a força motriz que se opõe ao conservadorismo e ao autoritarismo. As mulheres rejeitam o machismo e a violência que esses políticos representam, e, em Fortaleza, se organizam para garantir que o fascismo não avance. Ao se unirem contra esses candidatos, elas defendem não apenas suas próprias vidas e direitos, mas o futuro de uma cidade que não pode se permitir retroceder.
Com a vanguarda das mulheres, a militância do Movimento de Mulheres Olga Benário e da Unidade Popular estão nas ruas, feiras, praças, escolas, terminais de ônibus e portas de fábricas e empresas dialogando com o povo, desmascarando os fascistas e divulgando nossas candidaturas que verdadeiramente representam os interesses da população.
“Eles Não”, contra o fascismo em Fortaleza!
Com a campanha “Eles Não”, a população de Fortaleza reafirma sua posição de luta contra a extrema-direita. A presença das mulheres da classe trabalhadora é fundamental para barrar o fascismo e garantir que a cidade continue avançando em direção a uma sociedade mais justa, democrática e igualitária.
No próximo sábado, dia 5 de outubro, às 9h, o Movimento de Mulheres Olga Benario, a Unidade Popular e os movimentos sociais vão se concentrar na Praça do Ferreira para realizar um ato no último dia de campanha no centro de Fortaleza, denunciando os fascistas, dialogando com o povo e unificando os trabalhadores mais conscientes na busca de impedir o avanço do bolsonarismo na prefeitura e na câmara municipal.
A população fortalezense vai barrar essa extrema direita descarada, autoritária e conservadora com muita luta e resistência popular. Os movimentos dizem: “Nem André, nem Capitão! Eles Não! Eles Nunca!”
*Andressa Oliveira é do Movimento de Mulheres Olga Benário no Ceará