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sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Combate ao câncer de mama deve ser campanha por mais investimentos em saúde

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Apesar da importância da conscientização em torno do combate ao câncer de mama, a falta de investimento na saúde pública compromete o diagnóstico e o tratamento, deixando milhares de mulheres desassistidas, como mostram relatos de dificuldades no SUS e na gestão de saúde como no Distrito Federal.

Movimento de Mulheres Olga Benario


MULHERES – O mês de outubro é conhecido também pela campanha de combate ao câncer de mama, chamada de Outubro Rosa. A campanha visa a promover o debate sobre esta doença, realização de exames de prevenção, adoção de hábitos saudáveis e também divulgação de informações sobre o câncer de colo do útero.

Um a cada três casos de câncer pode ser curado se for descoberto logo no início, e a melhor forma de rastreamento do câncer de mama é a mamografia, que é recomendada nos exames de rotina para mulheres de 50 a 69 anos a cada dois anos.

Luiza Wollf, de Florianópolis (SC) relata a descoberta do câncer de mama em sua família: “Minha mãe já tinha mais de 50 anos e foi fazer o exame de rotina. Acharam um nódulo, e ela fez uma biópsia pra ver se era cancerígeno. A gente fica com muito medo”.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de mama é o tipo mais comum, depois do câncer de pele. Em 2023, estima-se que foram descobertos mais de 73 mil novos casos e, em 2021, foi responsável pela morte de 18 mil pessoas no Brasil. 

Mas somente instituir o mês de campanha contra o câncer de mama não resolve! São necessários mais investimentos em saúde. Porém, com o novo Arcabouço Fiscal, que impõe um teto de gastos para o orçamento do país, o Ministério da Saúde teve o congelamento de R$ 4,4 bilhões só neste ano. Enquanto isso, quase metade do orçamento vai para pagar juros e dividendos da dívida pública, que, apesar de pagarmos cerca de R$ 2 trilhões anualmente, nunca diminui.

A falta de investimento em saúde é sentida na pele das mulheres, conforme continua Luiza a respeito do tratamento de sua mãe: “Demorou uns dois meses pra ela conseguir fazer os exames. O resto do tratamento teve que pagar porque foi durante a pandemia. Não deu para fazer o tratamento pelo SUS”.

Outro relato é de Raissa Studart, moradora do Distrito Federal, onde foram realizados grandes atos denunciando o caos na saúde pública, fruto do desmonte praticado por essa política de corte de verbas na saúde. “No Distrito Federal vivemos um verdadeiro caos na saúde, fruto de uma política implementada no governo do milionário Ibaneis Rocha, que privatiza o sistema de saúde e corta investimentos. Para se ter uma ideia, hoje temos uma fila de espera 932.821 pessoas para se fazer um simples exame. A espera é de, em média, dois anos, independente do diagnóstico. Os postos de saúde estão sempre cheios, as ambulâncias não dão conta das emergências e faltam 25 mil profissionais de saúde na rede. A gente passa horas na fila e não temos garantia alguma de atendimento emergencial, mesmo a saúde sendo um dever do estado. O IGES-DF é um instituto privado contratado para gerir a saúde e a qualidade do serviço só piorou desde então, simplesmente não funciona”.

Portanto, a luta pelo fim do câncer de mama é a luta por mais investimentos em saúde e pela suspensão imediata do pagamento da dívida pública! Pelo fim da contratação de Organizações de Saúde para gerir postinhos, por mais contratação de profissionais de saúde, pela garantia do piso salarial de profissionais da enfermagem e outras medidas que assegurem que as Unidades de Saúde e os Hospitais Clínicos possam atuar, de verdade, no combate ao câncer de mama e outras doenças.

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